Remarcadas para 2021, as Olimpíadas de Tóquio entraram para a história pelo adiamento causado pela pandemia de coronavírus. Mas já eram notáveis pela modernização proposta: seria a estreia de surf, escalada, bike BMX e skate nas Olimpíadas.
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No surf, os atletas Gabriel Medina e Italo Ferreira já estavam com vagas garantidas. O skate brasileiro, em ótima fase, tinha grandes chances de mandar vários atletas para o Japão, como Letícia Bufoni, Fadinha e Pamela Rosa. Primeiro lugar no ranking de street, Pam, 21 anos, é uma das favoritas brasileiras e contou à Go Outside como está lidando com o adiamento dos Jogos Olímpicos.
“Não estava com vaga garantida porque tinha competição até junho para definir os atletas pelo ranking”, conta a atleta. O calendário do esporte já tinha sofrido o cancelamento de provas na Austrália no começo do ano, durante a onda de incêndios que devastou o país. “Agora veio o coronavírus”, diz a skatista, que já estava com passagem comprada para Las Vegas, onde iria competir o WS SLS 2020 World Tour, com peso de qualificatória para o skate nas Olimpíadas.
Skate nas Olimpíadas: “A hora é de pensar no coletivo”
Apesar de tudo, Pamela não lamenta o adiamento das Olimpíadas. “Foi a melhor decisão que eles poderiam ter tomado. O Covid-19 não é uma doença fácil de lidar e a hora é de pensar no coletivo”, diz Pamela. “Sabemos como andar de skate é difícil. Um tombo pode tirar uma vaga de alguém que precisa daquele lugar nos hospitais”, diz, destacando que aprova a decisão das seleções do mundo todo que optaram por se preservar.
A estratégia agora é adaptar os treinos para fazer em casa as rotinas possíveis e não perder o ritmo. “Para ser sincera, não mudou muito o psicológico. Eu já estava muito focada nas competições, não deixei de treinar em nenhum momento, só fui adaptando. Mesmo sem saber o que seria das Olimpíadas”, diz Pamela.
Os treinos de condicionamento foram transferidos para casa; a fisioterapia em clínica e foi pausada por enquanto, assim como os treinos técnicos na pista de skate em São José dos Campos. “Por conta do exemplo, eu achei importante dar essa pausa agora. Agora a gente tem que se guardar. Por nós e por quem pode precisar muito daquela vaga.”
Ela vê um lado bom no adiamento, apesar do enorme impacto no planejamento de todos os atletas do skate nas Olimpíadas. “Quem está começando vai ter mais oportunidade. Vai ser muito bom para o skate, vai crescer e vai ser demais”, diz.
Como os atletas de outras modalidades, Pamela espera os próximos passos serem decididos pelo Comitê Olímpico. “É uma tragédia, estou pedindo a Deus para que isso tudo passe rápido. Mas a verdade é que sabemos que não vai passar rápido como queremos. Só não me abalei mais porque estou focada em ajudar o próximo.”