#365para42: erros comuns de corredores

Por Cacá Filippini

Cacá Filippini. Foto: Arquivo Pessoal.

Em nosso último encontro, falamos sobre as fases que precisamos superar para nos prepararmos para uma maratona, ou seja, quanto tempo é necessário para correr 42,195 km.

Mas, o que muitas vezes não contamos, é que assim como algumas coisas nos ajudam a progredir, existem coisas que afetam negativamente nossa evolução – e muitas vezes, erros que poderiam ter sido evitados.

Leia mais

+ Para começar a correr, é preciso estar preparado

+ Dia Mundial da Corrida: 8 iniciativas para celebrar a data

+ Afinal, música e corrida combinam?

Eu mesma comecei a correr em meados de 2002 e confesso que foi uma sucessão de acertos e erros até chegar aos dias atuais. Já calcei os tênis e saí correndo. Já tentei correr com grupo de amigos. Já treinei sem supervisão. Já me enganei achando que poderia ir mais longe e me machuquei. Até que em 2017, o cenário mudou para a melhor.

Mas erros e enganos não são exclusivos da pessoa que vos fala… Muitos corredores, independente de suas distâncias e experiências, confessam que também pagaram caro por algum erro cometido ao longo da jornada.

Todos os profissionais da área são unânimes em dizer que o maior erro de quem quer correr é achar que corrida se limita a correr. Já falei isso aqui, mas sem um trabalho de fortalecimento muscular, você até consegue correr, mas desgasta muito mais seu corpo e aumenta a chance de lesões que podem inclusive te afastar para sempre dessa atividade.

Antonio Dib Cardeal. Foto: Arquivo Pessoal.

Meu marido, Antonio Dib Cardeal, 49 anos, é maratonista e confessa que a falta de treinos físicos, faz com que seu rendimento despenque e atribuí sua má performance nas maratonas de 2017 e 2018, por cometer esse erro. Tão logo começou a levar mais à sério as idas à academia, melhorou seu tempo, reduzindo em 1h10min o tempo de prova e ainda, terminando e se recuperando bem.

Meu treinador Marcos Paulo Reis me ajudou a entender e aceitar minha “nova” condição física pós Covid quando me disse: “É preciso entender a sua individualidade e seu momento”. Me nivelar na régua do outro, não traria bons resultados e fatalmente, será prejudicial para minha evolução.

Zilma Rodrigues. Foto: Arquivo Pessoal.

Algo simples, que parece super óbvio até que, embalados pela performance e resistência dos outros durante uma prova, não respeitamos os nossos limites e não ouvimos os sinais do nosso corpo. A publicitária e ultramaratonista Zilma Rodrigues, de 49 anos, corre há 18 anos e sentiu na própria pele a dor de um erro de estratégia em outubro de 2021 em Toledo, Espanha.

Eram 170 km a serem percorridos em 24 horas. Veterana de provas longas, tinha tudo planejado. Foram 102 km em apenas 12 horas, até que a chuva e os fortes ventos vieram, e a levaram à mudar sua postura. Zilma passou a correr com o corpo inclinado para vencer a tormenta. E após quase 10 horas nessa batalha, Zilma sentia fortes dores em seu trapézio e na lombar, mas decidiu seguir adiante. Com dificuldades até mesmo para andar, seus últimos 15 km foram castigantes.

“Chegou um momento que nem andando eu rendia. Fazia em 18 minutos uma volta de 1,330km!”, conta ela. “Fui campeã feminina, com 169,700 km, mas deixei de atingir o meu objetivo por 300 metros. Tomei uma decisão errada ao seguir, ao invés de parar e fazer a soltura tão logo a dor começou. Se eu tivesse escolhido parar naquela hora, teria feito a marca dos 170 km e não teria sofrido um pós prova tão dolorido”, completa Zilma.

Na mesma linha de não ouvir seu corpo, o erro em achar que pode ir além e começar a aumentar o volume de treino de forma abrupta, pode ser ainda pior. Marcos Paulo, sócio fundador da assessoria esportiva MPR, garante que é melhor corrermos durante alguns meses o mesmo volume, fazendo fortalecimento muscular, para aí sim, aos poucos, aumentar a intensidade. “É preciso ter objetivos atingíveis!”.

Cado Santos. Foto: Diogo Brum.

O publicitário Cado Santos, 48 anos, diz que as metas são o que o motiva. Em 2005 ganhou de presente um treinamento de corrida e viu sua vida pessoal e profissional mudar completamente. Com algumas idas e vindas desde então, chegou a correr inclusive a Maratona de Porto Alegre em 2008, momento de sua primeira pausa nos treinos.

“Já tinha ouvido falar da ‘depressão pós-maratona’, mas não levei a sério. Acredito que foi pelo fato de ter atingido meu objetivo e não saber o que fazer depois”, relata Cado, que complementa: “A corrida é meu esporte preferido. Acho que às vezes que parei foram ou por falta de objetivos, como provas, ou por estar num momento em que o trabalho demandou mais tempo. O que nesse caso é sempre um autoengano. Visto que quando treino minha disposição é no mínimo o dobro do que quando não treino”, afirma.

Não diferente de Cado, eu Cacá, até quando começo o treino cansada, pareço ter mais disposição ao final. E o cansaço que a atividade física me traz, é sem dúvida diferente e mais prazeroso.

Erros são importantes para nosso crescimento em qualquer área da vida, mas se pudermos aprender com os erros dos outros, é ainda melhor, por isso, em sua próxima corrida, observe se há algo que ao invés de ajudar, pode estar te atrapalhando.

Eu, Cacá Filippini, estou mirando na Meia Maratona em Porto Alegre, no dia 12 de junho, enquanto Antonio vai para correr a Maratona. Cado, vem se preparando para sua segunda maratona, dessa vez em São Paulo, no dia 31 de julho. Zilma tem como objetivo correr 24h sem parar.

Independente do seu objetivo, lembre-se: quando algo sair errado, analise o que aconteceu e busque identificar o erro para não repeti-lo.

E assim, o #365para42 chega a sua metade!







Acompanhe o Rocky Mountain Games Pedra Grande 2024 ao vivo