O que começou como uma viagem de estilo ‘carpe diem’ pelos parques nacionais, se tornou uma das poucas representações LGBT no mundo outdoor

Por Grace Perry, da Outside USA

Apenas algumas pessoas já foram em todas as áreas protegidas pelo National Park Service dos Estados Unidos. Mas apenas uma delas visitou cada um dos 419 parques nacionais do NPS consecutivamente: Mikah MeyerO homem de 33 anos terminou sua jornada de três anos em todos os 50 estados e cinco territórios dos Estados Unidos no final de mês de abril, no Lincoln Memorial em Washington, DC.

Durante a maior parte da viagem ele estava vivendo na van adaptada e sem janelas que ele apelidou de Vanny McVanface. Infelizmente, a McVanface não conseguiu chegar a ilha de Guam, ao Havaí ou a qualquer outra ilha. Mas por outro lado, McVanface e Meyer viajaram de uma ponta a outra do país, do Acadia National Park, na costa do Maine, até Rosie, o Riveter/World War II Homefront National Historic Park em Richmond, na Califórnia.

Meyer começou sua jornada de três anos em 29 de abril de 2016, o 11º aniversário da morte de seu pai. Meyer, que é de Lincoln, em Nebraska, começou a fazer viagens por todo o mês de abril para lembrar de seu pai, um pastor luterano que adorava uma longa viagem. Em 2011, ele e um amigo foram ao Grand Canyon, o que provocou em Meyer a vontade de visitar todos os locais do NPS. Para Meyer, a morte prematura de seu pai – ele morreu repentinamente, aos 58 anos de câncer – também foi um alerta.

“Eu queria fazer algo que inspirasse outras pessoas e compartilhasse essa lição que aprendi da maneira mais difícil”, diz Meyer. “Aqui estou com 30 anos, sem saber quando vou morrer, e vou aproveitar esse tempo para completar um dos meus objetivos de vida, porque posso morrer mais jovem do que espero.”

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Foi assim que tudo começou. O pai de Meyer ainda é a inspiração para a viagem, mas ao longo dos três anos, o próprio Meyer se tornou uma figura famosa no Instagram como um homem gay que vive um estilo outdoor.

Mikah não esperava que ele se tornasse conhecido por isso, porque ele não imaginava que ser um homem gay adepto à atividades outdoor fosse algo tão único. Sua busca por patrocínio o destacou como uma das raras figuras públicas LGBT que estão no mundo outdoor, mesmo em 2016.

 

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Meyer estava economizando desde a primeira viagem ao Grand Canyon em 2011. Mas mesmo com isso, os especialistas em parques nacionais estimaram que ele havia economizado apenas um quinto do que seria necessário para completar a viagem. Mas Meyer se arriscou e começou a viagem de qualquer maneira. Ou, como ele caracterizou, um salto de ingenuidade. Meyer assumiu que não teria nenhum problema em conseguir patrocínio baseado no conceito de sua viagem, já que 2016 era o 100º aniversário do NPS e ele estaria quebrando um recorde mundial.

Apesar desse fato, no ano que antecedeu a viagem, Meyer teve várias reuniões com os diretores de marketing e CEOs de marcas outdoor e organizações sem fins lucrativos em busca de patrocinadores. Ele descobriu que, depois de conversas promissoras, as empresas de repente paravam de falar com ele. Meyer especula que isso se deve ao que ele chama de “gay no Google”: uma rápida busca na internet de seu nome gerou resultados que indicam que ele era gay.

Ele conseguiu o apoio financeiro parcial de uma instituição outdoor sem fins lucrativos. Mas após 11 meses de patrocínio, ele recebeu uma ligação informando que seu contrato seria rescindido imediatamente porque ele estava postando muito conteúdo LGBT em seu blog e nas redes sociais. (Meyer não tem permissão legal para dizer o nome dessa organização.) “Meus piores temores aconteceram”, diz Meyer. Depois de ser dispensado, Mikah fez o melhor que pôde para mascarar sua sexualidade em sua rede social – sem bandeira de arco-íris, sem menção de sexualidade, apenas um cara apreciando a natureza – na esperança de que tal discrição atrairia patrocinadores. Mas ainda assim ninguém ligou.

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Então Meyer foi criativo. Antes da viagem, ele estava trabalhando como cantor profissional na Catedral Nacional de Washington – ele tem um mestrado em música e performance de voz – então ele começou a se apresentar em igrejas na estrada. Ele já cantou em mais de 150 igrejas nos estados norte-americanos. “Eu tenho um show inteiro agora onde mostro fotos dos parques e minhas viagens e conto histórias da estrada e canto no meio”, diz Meyer. “É como um show de Dolly Parton”. E funcionou – cerca de 90% do financiamento de Meyer vem de pessoas que ouvem suas histórias. Os shows mantiveram a expedição de Meyer viva.

Cerca de oito meses em sua viagem, Meyer começou a receber mensagens de entusiastas de atividades outdoor, guardas florestais ou outros funcionários da NPS dizendo coisas como: “Sou gay e amo a natureza e nunca vi ninguém como você”. Em 2017, Meyer recebeu uma mensagem de um adolescente gay no Instagram, agradecendo-lhe por sua visibilidade e por inspirá-lo a ser extraordinário. Este foi um momento decisivo para Meyer.

“Limpei as lágrimas do meu smartphone e, nesse ponto, eu disse: ‘Chega! As empresas outdoor não estão me patrocinando de qualquer maneira. Esse garoto precisa de mim, essas outras pessoas precisam de mim”. Então ele começou a posar com a bandeira do arco-íris com frequência e com orgulho. Ele começou defendendo a representação LGBT em marcas outdoor. A mensagem da viagem se transformou de um simples ‘carpe diem’ para uma tentativa de criar o modelo de comportamento outdor que ele não conseguiu encontrar antes.

 

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Meyer vai revelar em breve um ranking completo de todos os parques do NPS em seu blog. Mas ele disse que seus locais favoritos eram os mais exclusivos: “Você pode ver montanhas cobertas de neve em muitos lugares da América. Mas você não pode experimentar algo como o Badlands National Park em qualquer outro lugar”. Meyer particularmente adorava áreas que não eram superlotadas, então ele frequentemente prefere monumentos nacionais aos parques nacionais mais badalados.

Mesmo após essa longa expedição, Meyer quer continuar viajando, explorando e inspirando jovens LGBT a fazer o mesmo. “Eu quero continuar fazendo viagens que quebram estereótipos, e mostrar às pessoas esse homem abertamente gay que eles achavam que provavelmente não existia”. Meyer diz que nesta jornada ele encontrou o que é chamado na igreja luterana, sua vocação: aquela carreira onde ele os maiores talentos atendem às maiores necessidades do mundo. Seu pai pastor provavelmente teria gostado disso.







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