No início de 2021, turistas de diversas partes da América e do mundo buscavam alternativas para retomar as viagens paralisadas pela pandemia. O México estava de portas abertas, e uma massa alucinada partiu para Cancún, Cidade do México, Puerto Vallarta e Los Cabos. Mas por que seguir a manada quando se pode explorar cantos selvagens e pouco visitados do país? Reunimos 13 maneiras de fazer exatamente isso e, de quebra, apoiar as economias locais.
Mergulho: Parque Nacional Marinho de Cabo Pulmo
Na década de 1990, Cabo Pulmo, um recife de 5 x 15 km ao largo do Cabo Leste da Baja California, foi tão danificado pela pesca excessiva que a comunidade local pediu proteção ao governo federal. Em 1995, o Parque Nacional Marinho de Cabo Pulmo foi criado, contando com uma patrulha de moradores locais dedicados a fazer cumprir a rigorosa política de proibição da pesca. Essa parceria marcou o início do projeto de regeneração de recifes mais bem-sucedido do mundo.
Em 1999, a biomassa de peixes no local havia aumentado em 463%, e todas as espécies anteriormente ameaçadas de extinção, como a garoupa-do-golfo, se recuperaram. Hoje o recife é um espetáculo incrível de corais e gorgônias. O programa de uso público do parque exige que qualquer pessoa que trabalhe lá passe por um teste e siga as melhores práticas. O resultado é o objetivo comum de manter a saúde da reserva marinha, permitindo ao mesmo tempo que os turistas visitem colônias de leões-marinhos, nadem com tubarões-baleia, raias da espécie Mobula munkiana e baleias-jubarte, mergulhem entre donzelinhas gigantes, garoupas, tartarugas e cardumes de xaréus-reais.
Casas e hotéis de luxo, como o novo Amanvari, com conclusão prevista para 2024, estão surgindo na região. Mas os viajantes interessados na área não precisam de um orçamento milionário para aproveitar o parque. Na vila de Cabo Pulmo, o Cabo Pulmo Beach Resort oferece um pacote “comer, dormir e mergulhar” para duas noites e duas pessoas a partir de US$ 549. Os chalés do resort ficam a três minutos a pé da praia.
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Caminhada: Sierra de la Laguna
Enquanto a península de Baja é predominantemente desértica, a ponta mais ao sul conta com uma floresta subtropical seca que contém a maioria das espécies endêmicas da região, desde o beija-flor de Xantus até a coruja-pigmeu de Baja. Não há melhor maneira de experimentar a densidade da vida selvagem e a variedade de paisagens do que no Cañon San Dionisio, uma caminhada de 22 km pela Reserva da Biosfera Sierra de la Laguna.
Da cidade de Santiago, pegue 22 km de estrada de areia até o Rancho San Dionisio, onde começa sua caminhada, passando entre paredes altas de cânions e pedras gigantes, até chegar às cachoeiras e piscinas de água doce. Depois de ganhar 1.830 metros de altitude, você chegará ao ponto final, com vista para a confluência do Oceano Pacífico com o Golfo da Califórnia. Embora seja possível se aventurar por conta própria, faça um favor a si mesmo e contrate o guia Edgardo Cortes Nares, da Baja Sierra Adventures, para um passeio de um dia inteiro (a partir de US$ 60) ou um acampamento de cinco dias (a partir de US$ 460), com refeições inclusas.
48 horas em uma cidade emergente de aventura: Querétaro
Você não verá muitos estrangeiros ou grandes resorts em Querétaro. O que você vai descobrir é que este hub de 1 milhão de habitantes nas terras altas é uma das cidades mais seguras e sofisticadas do país, cercada por um playground montanhoso para caminhantes, ciclistas e escaladores. Afinal, Querétaro é derivado da palavra tarasca querendaro, ou “lugar dos penhascos”.
Comece sua aventura no coração da cidade, uma grade geométrica construída pelos espanhóis no século 16, onde viviam membros dos Otomí, Tarasco e Chichimeca. Aqui você encontrará 1.400 monumentos do Patrimônio Mundial da Unesco em 203 quarteirões. Os aficionados por história são fascinados por Querétaro porque é o berço da Revolução Mexicana, a rebelião do início do século 19 contra a Espanha.
Faça seu check-in no hotel-boutique Criol (a partir de US$ 90), localizado a uma quadra da Plaza de Armas, com piscina, paredes decoradas com arte mexicana moderna e um pátio no último andar com vista para a cidade velha. Passeie pelas ruas até a cervejaria Jardín de Cerveza Hércules, situada num bairro ribeirinho divertido que serve um brunch generoso (tipo chilaquiles, sopes, huaraches, tetelas, feijão-mexicano e linguiça da casa) nos fins de semana. Combine sua refeição com uma lager refrescante e cítrica.
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Faça a digestão visitando o Museo del Calendario, o primeiro museu do mundo dedicado exclusivamente a calendários, desde os antigos astecas até as pin-ups da década de 1950. De volta ao hotel, dê um mergulho e depois vá ao Tikua Sur-Este, restaurante que serve uma fusão de pratos maias, olmecas, zapotecas e mixtecas.
De manhã, pare no centro de escalada Sector V, que oferece guias, cursos e dicas para as falésias próximas, como Peña del Bernal, o terceiro maior monólito do mundo, localizado a 65 km a nordeste, com escaladas longas e curtas em suas paredes de granito. El Doctor, duas horas e meia ao norte da cidade, é uma falésia de calcário recém-desenvolvida,
dividida em três áreas principais, com 150 vias diferentes que variam de 5o grau a 10b brasileiro (5.9a 5.14a norte-americano).
Turistas e mountain bikers seguem para a Reserva da Biosfera de Sierra Gorda, uma área protegida de 3.100 km2, que fica a 100 km a nordeste de Querétaro, com cânions incríveis, cachoeiras e sítios arqueológicos, além de ocasionais avistamentos de onça-pintada.
Mirador de Cuatro Pelos, uma trilha com pouco mais de 2 km de ida e volta, é um investimento modesto para as incríveis vistas de 360 graus de grandes cânions. O guia Rodrigo Gonzalez Reyes pode levar os visitantes para trilhas menos conhecidas. Para os mountain bikers, La Gotera, um pedal emocionante de 11 km de ida e volta, que sobe e desce por penhascos escarpados, é uma ótima pedida. É difícil encontrar bicicletas de MTB para alugar, então traga a sua! A Casa de los Cuatro Vientos (a partir de US$ 109), um chalé moderno com um toque rústico na Sierra Gorda, oferece vistas incríveis das montanhas enevoadas.
Tour Guiado: Pinturas rupestres da Sierra de San Francisco
Uma das coleções de arte pré-histórica mais impressionantes e menos visitadas do planeta é a variedade de pinturas rupestres de Sierra de San Francisco de Baja California Sur. Os murais gigantes, que datam do Holoceno, retratam figuras humanas e animais selvagens e foram pintados com pigmentos minerais naturais em vermelho, amarelo, ocre e preto. Devido ao clima árido da região, inacessibilidade e restrições, os 400 sítios arqueológicos estão incrivelmente bem preservados. Os visitantes devem se cadastrar e ser acompanhados por um guia certificado.
Reserve com o operador local Kuyima, que emprega fazendeiros familiarizados com a história da região. Você começará em San Ignacio, a quatro horas de carro de Loreto, e passará alguns dias desfrutando da caminhada de ida e volta de 16 a 23 km, dando continuidade à tradição secular de fazer as malas e montar em mulas pelas montanhas escarpadas e cânions. Durante o dia, você pode parar em locais de descobertas importantes dentro do Cânion de Santa Teresa, incluindo La Pintada, uma caverna de 198 metros de comprimento decorada com 300 figuras, muitas delas em tamanho natural. À noite, monte acampamento e se delicie com um jantar preparado na fogueira. A partir de US$ 1.136 para duas pessoas.
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Remo: La Purísima
No centro de Baja California Sur, três paisagens drasticamente diferentes convergem. À sombra de um vulcão adormecido de 1.445 metros e cercado pelo deserto está a comunidade de La Purísima, um oásis marcado por piscinas e riachos de água doce, vegetação exuberante e palmeiras. Reserve um passeio de caiaque ou SUP – ou apenas alugue o equipamento (a partir de US$ 12) – com o guia local Cristian Arce, do Eco Turismo La Purísima, e passe uma manhã explorando a flora e a fauna endêmicas. Depois de remar, caminhe 6,5 km pela Trilha Interpretativa La Purísima até o mirante para uma vista dos vales florescentes e do vulcão El Pilón – de tirar o fôlego. Termine o dia com uma refeição de frutos do mar e vinho no Las Cabanas, um eco-hotel familiar nos arredores da cidade.
Ostentação: Casa Silencio
Vicente Cisneros e Fausta Zapata, fundadores da bebida mezcal El Silencio, trouxeram o conceito de terroir das garrafas de vinho para hotel-boutique. A estrutura sustentável de seis quartos foi construída em torno de uma destilaria em funcionamento na vila de Xaaga, a 70 km da cidade de Oaxaca. Madeira recuperada, terracota e paredes de taipa feitas do solo da propriedade entraram na estrutura, que está situada entre os campos de agave.
Apareça para um tour, uma degustação e uma refeição de cinco pratos inspirada nos zapotecas, combinada com raras safras El Silencio (preço fixo de US$ 250). Mas você vai se arrepender se não passar a noite lá. Os hóspedes podem arregaçar as mangas e ajudar os mescaleros a colher agave, assar as piñas (o coração desses cactos) e atirá-las no tahona (rebolo de pedra de uma tonelada, movido a energia solar) para serem moídas antes
da fermentação. Tacos de bife carbonizado e doses ilimitadas das bebidas da casa ajudam qualquer um a sucumbir a um dia preguiçoso de sol à beira da piscina, porém tente sair e explorar a área.
O sítio arqueológico de Mitlán, juntamente com um dos sistemas de cavernas mais profundos do mundo, Sótano de San Agustín, são passeios fáceis de um dia, saindo do hotel. A partir de US$ 1.000 por noite, incluindo refeições e mezcal ilimitado.
Expedição: Parque Nacional Marinho da Baía de Loreto
Você não visita Loreto por causa de hotéis badalados, restaurantes de chefs famosos ou multidões de banhistas. Você vai porque eles ainda não chegaram por lá. Nesta pacata cidade de Pueblo Mágico, no norte da Baja California Sur, que contrasta com os destinos populares do sul da península, você encontrará trechos vazios de areia no Mar de Cortez, a Sierra de la Giganta aparecendo a oeste e uma vibração que lembra Cabo San Lucas, que cativou Hemingway na década de 1930. Há um resort all-inclusive com comodidades, Villa del Palmar (a partir de US$ 236), mas também dá para se planejar e ficar em acampamentos acessíveis, como o Rivera. Neste caso, conte com barracas de praia baratas que vendem lagosta em molho de mezcal e as carnudas amêijoas-chocolate (um vôngole enorme), ambas iguarias típicas locais.
A cidade também serve como porta de entrada para o Parque Nacional Marinho da Baía de Loreto, tão deslumbrante quanto as águas biodiversas da costa de La Paz. O apelido do parque, Galápagos do México, é uma homenagem às suas mais de 800 espécies aquáticas, incluindo baleias-azuis, lulas-de-humboldt e leões-marinhos. Alugue um barco na Sea Kayak Baja Mexico – ou, melhor ainda, reserve uma das expedições noturnas guiadas da equipe e acampe sob as estrelas em playas desertas, mergulhe com snorkel em recifes imaculados e reme por colônias de atobás-de-patas-azuis (viagens de três noites a partir de US$ 1.192). Outra operadora local, a Blue Nation, oferece passeios de mergulho
livre e snorkeling pelos dramáticos penhascos de lava e colônias de leões-marinhos de Isla Coronado e a remota Isla Monserrate, conhecida por seus cardumes de raias-mobula (a partir de US$ 75). Com voos diretos de Los Angeles, Phoenix e Dallas, todas nos EUA,
é mais fácil do que nunca chegar a Loreto. Vá agora, antes que o segredo seja revelado.
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Acampamento na selva: Floresta tropical de Lacandón
Quando os conquistadores chegaram em 1500, o povo Lacandón fugiu para os confins da selva, perto do que hoje é a fronteira com a Guatemala, e ficou lá, isolado, por séculos. Em 1988, uma estrada asfaltada da cidade de Palenque mudou isso, e logo depois o governo federal despejou dinheiro na região para apoiar projetos de ecoturismo.
A partir de 2010, as famílias Lacandón construíram mais de vinte pousadas, que agora hospedam aventureiros que procuram explorar a biodiversidade e a história da região, acompanhados por guias de cabelos compridos e vestidos brancos que conhecem todos os seus segredos (a partir de US$ 15). Espere quartos básicos em casas de palha e trilhas que levam a lagoas incríveis, cachoeiras e sítios arqueológicos, como Bonampak, uma ruína maia clássica tardia famosa por seus murais vívidos.
48 horas em uma cidade emergente de aventura: San Cristóbal de las Casas
Em 2013, o nativo da Cidade do México e chef Victor Zenteno retornou ao México depois de morar no exterior a fim de se estabelecer por lá. Em uma viagem de carro à península de Yucatán, parou em San Cristóbal de las Casas.
“Fiquei tão apaixonado pela cidade que nunca mais saí daqui”, diz ele. Victor agora é dono do Espiral Biocafetería, restaurante focado em comidas e sabores indígenas e espanhóis, bem como El Cochito Enchilado, taqueria especializada em lombo de porco marinado em seu molho adobo de sete pimentas.
Sabores de dar água na boca não são a única razão para visitar o lugar; sua beleza e história também atraem os viajantes. Rodeada pelos picos de Chiapas, estado mais ao sul do México, a cidade do século 16 fica em um vale a 2.200 metros. Os rebeldes zapatistas tomaram San Cristóbal em 1994, declarando guerra ao governo pela assinatura do Nafta, um acordo que eles acreditavam que empobreceria ainda mais as comunidades indígenas. Embora a ideologia zapatista ainda esteja viva, o conflito armado já terminou há anos, liberando os arredores da cidade para exploração.
Acomode-se no Hotel Bo (a partir de US$ 180), oásis tranquilo com um espelho d’água a cinco minutos da fachada barroca do templo de Santo Domingo, do século 17. Passeie pelas ruas de paralelepípedos até museus como o Centro Têxtil do Mundo Maia, que contém milhares de peças lindamente tecidas. Se tiver sorte, conseguirá uma mesa no Kokonó. Peça as tostadas de cogumelos em molho mole e outros pratos de Chiapan. A chef-proprietária Claudia Sántiz vem da comunidade vizinha de San Juan Chamula, onde o povo tzotzil local continua falando seu próprio idioma.
Enquanto estiver tão ao sul, não deixe de ver Palenque, Bonampak e Yaxchilán, três ruínas maias distintas. No caminho para Palenque, cerca de 190 km a nordeste da cidade, pare em Água Azul, uma série de enormes cachoeiras no rio Xanil, de onde os melhores canoístas uma vez se lançaram durante o extinto Campeonato Mundial de Cachoeiras Rey del Rio. Dê um mergulho na piscina abaixo ou suba o caminho ao longo das margens.
De lá, dê uma de Indiana Jones e dirija 140 km a sudeste até a Selva de Lacandón, passando primeiro por Bonampak para admirar seus murais maias bem preservados, depois seguindo até Frontera Corozal, um assentamento fluvial onde é possível pegar um panga com o operador local Nuevo Alianza para subir o Usumacinta até o que já foi a poderosa cidade maia de Yaxchilán. A 110 km seguindo a sudoeste está Las Guacamayas, um centro dedicado à proteção de araras-vermelhas (a partir de US$ 47 a entrada). Caminhe com guias nativos pela Reserva da Biosfera Montes Azules, de 3.300 km2, uma das maiores florestas tropicais do México. Passe a noite em seus quartos com telhado de palha (a partir de US$ 23). Na manhã seguinte, faça o caminho de 300 km de volta a San Cristóbal de las Casas.
48 horas em uma cidade emergente de aventura: Huasteca Potosina
Onde você pode fazer rafting, rapel para dentro de uma piscina natural e mergulhar em pequenas cachoeiras, tudo no mesmo dia? Na região de Huasteca, no Estado de San Luis Potosí, onde os deslumbrantes rios e lagos azuis parecem um parque aquático natural.
Quase todas as atividades ficam a uma hora ou menos de Ciudad Valles, o que torna esta cidade de 180 mil habitantes a base perfeita. Reserve tudo com a operadora Huaxteca, cujos guias falam inglês. E planeje uma visita durante a estação seca (novembro a maio), quando as águas estão mais claras. O Hotel Valles, com seus 100 quartos (a partir de US$ 90) e jardins exuberantes no centro da cidade, fica a uma hora de carro da cidade de Tanchachín, onde você pode curtir uma manhã de rafting.
O rio Tampaon, com corredeiras classe III, ideais para iniciantes, corta um cânion estreito cheio de papagaios e borboletas azuis. Depois volte para a cidade para uma experiência única e favorita entre os moradores locais: coloque um colete salva-vidas e capacete para flutuar ao longo de um trecho de 9,5 km do rio Micos e suas corredeiras de classe II. O rio conta com uma série de sete cachoeiras rasas, que ficam progressivamente maiores, sendo a maior delas com 12 metros. Termine sua aventura com um mergulho numa piscina natural de cor azul-clara.
No dia seguinte, visite um dos lugares mais bizarros do México: Las Pozas. O surrealista inglês Edward James se mudou para a região no fim da década de 1940 e passou os
39 anos seguintes construindo fantásticas estruturas de concreto na selva perto da cidade de Xilitla, 88 km ao sul de Ciudad Valles. Amigo de Salvador Dalí e René Magritte, James fez dos 80.000 km2 de floresta uma coleção de 36 enormes escadas, portais e colunas que adicionam capricho à flora circundante. O resultado é um inesquecível jardim de esculturas.
No caminho de volta para Ciudad Valles, faça um desvio para a Caverna das Andorinhas, um abismo de 511 metros, favorito dos base jumpers e rapeleiros. Ou um pouco mais longe ao longo da estrada, caminhe por uma trilha de 800 metros até a Caverna do Periquito, menos movimentada. Perto do pôr do sol, muitas vezes é possível avistar andorinhões e pássaros tropicais voltando para casa, mergulhando na caverna gigante aos milhares.
O Eco-guerreiro: Ta Náayta
A 160 km sentido sudoeste de Cancún, no interior da península de Yucatán, fica a aldeia maia de Yalcóba, comunidade de cerca de 3.000 habitantes, em sua maioria indígenas, muitos dos quais voltaram para suas famílias depois de terem vivido e trabalhado em resorts da costa. Para diminuir a emigração, a ONG francesa Ta Náayta tem ensinado formas de turismo sustentável aos jovens de Yalcóba.
Para isso, construiu uma pousada ecológica rústica linda, com quartos ao ar livre na floresta da comunidade, que ainda possui um cenote privativo. Uma estada de duas noites no lodge (a partir de US$ 230) inclui visitar uma fazenda maia tradicional, ou milpa, onde os moradores cultivam alimentos básicos como feijão e abóbora, conhecer colmeias que são cultivadas da mesma forma há séculos e explorar cenotes e cavernas secretas. O objetivo do projeto é proporcionar diversificação econômica para os moradores locais, para que eles não precisem mais sair de casa para buscar sustento e oferecer uma autêntica experiência maia iucatecana para os viajantes, dando um vislumbre da rica cultura que prosperou aqui há 3.000 anos.
Escalada: Barrancas del Cobre de Chihuahua
Quando o escalador Abraham Martinez se mudou para a cidade de Divisadero, na vasta região de Barrancas del Cobre, 217 km ao sul da cidade de Chihuahua, conseguiu um emprego com vista: trabalhar de guia na via ferrata no Parque Nacional Barrancas del Cobre. Como técnico de acesso por corda certificado, ele viu muito potencial nas enormes falésias que formam alguns dos cânions mais profundos das Américas, particularmente aqueles em Urique, com 1.870 metros de profundidade, um dos seis cânions do sistema.
Abraham começou a explorar a região por conta própria e entrou em contato com as comunidades indígenas locais, ensinando as crianças a escalar. Isso levou a um projeto, em parceria com a Fundación Mexico Vertical da Cidade do México, ONG de desenvolvimento e conservação de escalada, que visa desenvolver o esporte localmente, com permissão dessas comunidades. A escalada em rocha da região ainda está engatinhando, mas cheia de possibilidades.
“Temos uma via de quase 1.900 metros”, conta Abraham. As duas áreas de escalada estabelecidas estão perto da aldeia de Mogótabo e variam de 5o a 10o grau (5.8 a 5.13 norte- americano). Em uma região que se estende por mais de 65.000 km2, existem inúmeras paredes virgens para se explorar – chegar até elas é o desafio. Mas os parceiros estão trabalhando em infraestrutura. Por enquanto, fique no Cabañas Darely (a partir de US$ 39) ou no Cabañas Margarito (a partir de US$ 42), perto de Divisadero, a três horas de carro a sudoeste de Mogótabo.
A cavalgada do vaquero: Marcelo Osuña
Não faltam maneiras de mergulhar na tradição dos vaqueiros e cavaleiros que habitam essas terras há séculos. Mas para uma experiência única, ligue para Marcelo Osuña, proprietário do Paseos a Caballo de Mulegé. O vaquero de terceira geração, morador da cidade de Heroica Mulegé, é o único operador na península de Baja a oferecer um passeio de três horas que começa nas montanhas, segue as margens do rio Rosalía, atravessa dunas de areia, depois corta o mar para uma pequena ilha e volta. Basta pensar: em um momento você está se esquivando de fileiras de grandes cactos e no próximo se vê flutuando sem sela em cima de um cavalo nadando em ondas suaves (US$ 60). Depois da excursão, retorne à cidade e pernoite no histórico Las Casitas, de oito quartos (a partir de US$ 40).
Matéria originalmente publicada na Go Outside 174.