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A poderosa imensidão do arquipélago de Revillagigedo, no México

Por Tatiane Lamarca Dias

Quando ouvi falar pela primeira vez sobre a Ilha de Socorro, como é popularmente conhecido o arquipélago de Revillagigedo no México, fiquei imediatamente interessada.

Falavam sobre a Galápagos mexicana, um lugar remoto, de natureza bruta e paisagens cênicas, onde era possível mergulhar com tubarões, raias manta, golfinhos e até jubartes.

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Embarcamos para o México no dia primeiro de janeiro. Ano bom é aquele que já começa com aventura!

Na programação tínhamos a subida a dois vulcões e na sequência iríamos para Baja California Sur, de onde sairia o nosso barco. No total, passaríamos 10 dias isolados nas ilhas, sem nem sinal de celular. E lá fomos nós!

Arquipélago de Revillagigedo é composto por quatro ilhas vulcânicas. Foto: Arquivo Pessoal.

O arquipélago é composto por quatro ilhas, San Benedicto, a mais próxima da costa e a terceira em tamanho; Ilha de Socorro, que é a maior; Roca Partida, a menor delas, e a ilha de Clarión, que não visitamos por conta da distância.

Os mergulhos no arquipélago só são possíveis através de liveaboard, porque as ilhas estão a quase 400 km da costa do México, levamos quase 30 horas só pra chegar lá.

O balanço do barco, a poderosa imensidão azul que nos rodeava e o isolamento, nos fez penetrar num metaverso, saímos do mundo real e entramos num mundo selvagem, de ilhas vulcânicas, aves pelágicas e emocionantes encontros com os animais mais incríveis dos oceanos.

Na manhã do terceiro dia, após dois dias de navegação, ao invés de oceano infinito, fomos surpreendidos por uma ilha vulcânica em que se destacava uma caldeira majestosa.

Desse dia em diante, foi um entornar contínuo de emoções. Foram seis dias, cada um com três a quatro mergulhos. A rotina do barco era uma delícia à parte. Acordar com as cores do sol nascente, tomar um café delicioso feito pela equipe do barco e em seguida ir mergulhar. Depois de um pouco de descanso, mais um mergulho, seguido pelo almoço. A tarde mais um ou dois mergulhos e a ansiedade pelo jantar. Conversa relaxada à mesa, comida local feita com muita diversão e um sono longo e revigorante.

Nossos mergulhos foram em cinco pontos nas três ilhas. No El Boiler, um dos pontos de mergulho da ilha de San Benedicto, tivemos a sorte de um grupo de golfinhos-nariz-de-garrafa se interessar por nós. Cerca de 15 golfinhos chegaram perto, nos rodeando rapidamente, brincando com nossas bolhas, e nos fazendo descer além dos 30 metros de profundidade, que deveria ser nosso limite. O poder hipnotizante de um animal selvagem tão inteligente como o golfinho, que te olha no olho, brinca e interage, provoca uma emoção de trazer lágrimas aos olhos. Além disso, como trilha sonora pra esse sonho, as jubartes cantavam ao longe.

No outro ponto da ilha de San Benedicto, El Canon, fizemos cinco mergulhos. Logo no início de um deles, encontramos não um, mas três tubarões tigres enormes! A excitação se misturava com respeito. Quando o tubarão de quase três metros nada em sua direção, o medo sucumbe à admiração. A beleza e a força daquele animal também faz a emoção transbordar.

Os cardumes de tubarão martelo, que estavam presentes em quase todos os mergulhos mas de forma tímida, sem deixar nos aproximarmos muito, no penúltimo dia simplesmente nos envolveu. Eles ficaram por todos os lados, em todas as direções. Ficamos em absoluto êxtase.

Esse ponto de mergulho tão incrível, é uma grande estação de limpeza, um ponto onde os tubarões e raias frequentam para serem limpos de parasitas por peixes limpadores que habitam por lá. Além dos tubarões tigre e tubarões martelo, nesse ponto vemos uma enorme quantidade de tubarões-de-galápagos, tubarões-negros, galha-branca-de-recife, tubarão-de-pontas-prateadas, tubarão-galha-preta, além de algumas mantas que também vem para o spa. Isso sem contar a infinidade de peixes. Difícil mesmo é ir embora quando o ar chega ao limite.

Além da ilha de San Benedicto, também mergulhamos na Ilha de Socorro, onde fica uma base da marinha mexicana. Essa ilha também tem origem vulcânica, com visual submerso de dedos de lava, também com a possibilidade de encontros com os pelágicos da região.

Por último, o icônico mergulho em Roca Partida. Por lá, o mais impressionante são as plataformas no paredão, onde os galha-branca-de-recife se amontoam para descansar da forte corrente. Além deles, um atum imenso ficou patrulhando a região durante todo o nosso mergulho, passando em meio a uma infinidade de peixes. Os tubarões-martelo, mantas e outros pelágicos também aparecem frequentemente por lá.

Nessa viagem levei comigo um livro que conta a biografia de um naturalista alemão, Alexander von Humboldt, um profundo apaixonado por lugares remotos e selvagens. Ele tinha uma paixão que o movia a buscar regiões inexploradas, de difícil acesso, onde fazia todos os tipos de medições e coletas de flora e fauna. Produziu livros descritivos que provocaram interesse em muitas pessoas na época. Foi um grande defensor da preservação e estímulo para grandes cientistas e conservacionistas da época. Charles Darwin, por exemplo, tinha uma grande admiração por ele. O tempo todo pensava que Humboldt adoraria fazer aquela viagem com a gente, e talvez eu o tenha levado um pouco comigo.

Voltei dessa viagem com mais vontade de explorar e me aventurar. Nosso planeta é cheio de lugares incríveis, remotos, com todo tipo de visuais: mar, neve, montanhas, florestas, desertos… Animais de formas e cores inimagináveis, com comportamentos surpreendentes. Estar perto da natureza é o que me faz feliz e me completa. Já estou aqui ansiosa pela próxima aventura!

Para acompanhar as aventuras de Tatiane Lamarca Dias, siga o perfil @tbtravelers_ no Instagram.







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