A ciclista brasileira Paôla Reis deixou a concentração da equipe de BMX, que se prepara para a Copa do Mundo, em Portugal para participar de outra competição na Itália. Com isso, a atleta foi punida pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) sendo expulsa de competições classificatórias, correndo o risco de ficar fora das Olimpíadas de Tóquio.
A equipe estava em Portugal fazendo uma quarentena de 14 dias — exigida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) — para seguir para a primeira etapa da Copa do Mundo em Verona na próxima semana. Paôla estava com receio de disputar essa prova direto por estar sem competir há mais de um ano. Por isso, ela queria chegar na Itália a tempo de disputar a Copa Europeia, que acontece também em Verona neste fim de semana.
Paôla argumentou ter informado sobre a viagem às autoridades sanitárias da região de Algarve e que a Itália tem autorizado a entrada de atletas que participam de algumas competições indicadas pelo Comitê Olímpico Italiano (CONI), sem a necessidade de quarentena. Outros atletas da seleção brasileira fizeram o mesmo, porque foram liberados da quarentena em Portugal por terem chegaram antes à Europa.
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A decisão de Paôla foi considerada indisciplina pelos dirigentes brasileiros, por ela ter abandonado a seleção, enquanto os outros atletas seguiam em quarentena, e o treinador francês Thomas Alier, que vinha se dedicando a ela nos últimos meses.
A punição da confederação foi não inscrever a ciclista na competição europeia, como ela pleiteava, e nem na Copa do Mundo de Verona, na semana que vem.
Falta de recursos financeiros
Os dirigentes da equipe brasileira também consideraram que Paôla foi influenciada por Leonardo Gonçalves, seu antigo técnico que a formou em Salvador e que agora treina o português Renato Silva. Leonardo se hospedou no mesmo hotel da delegação brasileira em Portugal e a ciclista anunciou que iria viajar de carro com o técnico, Renato e o pai do ciclista português até Verona.
Para sair de Portugal, Paôla assinou um termo informando que abria mão de fazer parte da delegação brasileira.
Leonardo Gonçalves negou ao blog Olhar Olímpico que tenha sido responsável pelo episódio, afirmando que a atleta pediu ajuda à família de Renato para chegar até Verona depois de escutar do superintendente da CBC, Fernando Fermino, que ela poderia antecipar a viagem, mas teria que pagar pelo cancelamento da passagem — o que seria impossível financeiramente para ela. Por isso, a ciclista aproveitou a ‘carona’ do português. “Ela achou uma janela, não saiu fugida nem escondida. Comunicou e pediu autorização”, disse Leonardo.
A CBC disse que o episódio será julgado. “O caso foi encaminhado ao Comitê de Ética e Integridade da CBC que deverá deliberar sobre o caso até a próxima semana, quando deve ouvir a atleta dentre outras providências”, afirmou a confederação. Mas se Paôla for suspensa por no mínimo um mês, ela estará fora da Olimpíada — sem ir a Verona e à Copa do Mundo da Colômbia, ela não conseguirá ultrapassar Priscilla Stevaux e Julia Alves no ranking mundial.
Problema antigo
Não é a primeira vez que Paôla tem problemas com a CBC. A confederação disse em agosto de 2020 que dá oportunidades para a ciclista, mas que ela não aproveita porque não se compromete com os treinamentos. Mas ela alega que às vezes desiste do esporte porque não recebe mais oportunidades.
Sobre o caso atual, Paola desabafou em seu Instagram: “A CBC está tirando minha oportunidade de classificar para os Jogos de Tóquio. Estou fora do Europeu e fora das etapas da Copa do Mundo, mesmo pagando por conta própria. A confederação se recusou a enviar uma autorização para eu competir esse evento”.
Ela ainda disse que fará uma live em seu Instagram hoje (30) esclarecendo todos os acontecimentos.