Após a repercussão negativa ao veto do uso da touca afro para natação durante as Olimpíadas de Tóquio, a FINA (Federação Internacional de Natação) anunciou que está revisando a decisão e se desculpou, dizendo que, após as críticas, “entendeu a importância da inclusão e da representatividade”.
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A touca foi desenvolvida pela empresa Soul Cap especialmente para nadadores negros, e inicialmente considerada inadequada pelo órgão por “não seguir a forma natural da cabeça”.
Quando um produto não é certificado pela autoridade que rege determinada modalidade, ele é proibido de ser utilizado em competições internacionais, como é o caso dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Muitos atletas se posicionaram, argumentando principalmente que o ato desencoraja a atuação de negros no esporte, já considerada proporcionalmente pequena.
Alice Dearing, que se tornou garota-propaganda da Soul Cap, será a primeira mulher negra a representar a Grã-Bretanha em uma competição olímpica de natação, por exemplo. Para ela, o uso da touca afro de natação durante as Olimpíadas é, também, um “posicionamento”.
Segundo o relatório Sport England de janeiro de 2020, na Inglaterra, cerca de 29,3% das crianças brancas praticam a natação, enquanto este número é de 21,9% entre as crianças asiáticas e 20,1% entre as negras, segundo a BBC.
“A Fina está empenhada em garantir que todos os atletas de esportes aquáticos tenham acesso a trajes de banho adequados para a competição, garantindo que estes itens não configurem uma vantagem competitiva”, afirmou a federação em nota.
A Soul Cap produz toucas de natação desenvolvidas considerando características especificas, para proteger do ressecamento excessivo dos cabelos pela ação do cloro e também para manter dreadlocks, afros, tramas, extensões, tranças e cachos.
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Os fundadores da empresa, Michael Chapman e Toks Ahmed-Salawudeen, agradeceram ao apoio e contaram que decidiram criar a Soul Cap após conhecerem uma mulher, durante uma aula de natação, que reclamava do tamanho de sua touca.
“Crescemos sem saber nadar porque não era uma coisa comum entre nossos amigos e não era incentivada pela escola ou pelos pais”, contaram.