The Extra Mile: a maior missão de todas

Por Redação

Bernardo Fonseca se prepara para o grande desafio do projeto The Extra Mile. Foto: Gabriel Tarso.

No projeto The Extra Mile: Every action counts (Um Passo a Mais: Cada ação conta), o brasileiro Bernardo Fonseca desembarcou no Nepal rumo ao topo do Everest (8.848 metros).

Além da maior montanha do mundo, o esportista e empreendedor de 45 anos também pretende subir o Lhotse (8.516 metros), no mesmo país, em um intervalo de 24 horas para chamar a atenção sobre o lixo deixado nas montanhas.

O feito, conhecido como “double-head”, seria uma conquista inédita para alpinistas brasileiros. Confira abaixo o relato de Bernardo sobre o primeiro mês do projeto.

No último dia 11 de maio completamos um mês de expedição. Quando estamos em movimento, o tempo passa mais rápido e, quando estamos parados, mais devagar. Os últimos dias aqui no Base Camp (5.364 metros de altitude) pareciam não ter fim, mesmo sendo bem mais curtos. Isso não só pela espera pelo ciclo de cume, mas também porque eu e Gabriel adoecemos. Na última e mais desafiadora etapa de todo esse percurso, pegamos uma espécie de gripe forte que quase nos nocauteou.

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Tudo começou depois do nosso último ciclo de aclimatação, que eu contei aqui pra vocês. Quando voltamos para o Base Camp do Everest, decidimos descer para Namche Bazaar (3.440) para descansar. Tivemos noites ótimas lá, mas quando retornamos ao BC, não demorou pra ficarmos mal, eu principalmente. Comecei a ter uma tosse forte e isso causou uma irritação na minha garganta, que dificultava muito me hidratar e comer. Gabriel também estava tossindo bastante e, desse momento em diante, oscilamos entre dias bons e ruins. Diante da incerteza e da insegurança, começamos uma medicação pra tentar melhorar, mas nada. Cheguei a tomar um antialérgico com cortisona por cerca de cinco dias e não melhorei.

Alpinista brasileiro encara dias difíceis no Nepal. O diagnóstico: Khumbu cough. Foto: Gabriel Tarso.

Decidimos, então, descer até Gorak Shep (5.164) pra passar duas noites lá. Me sentia péssimo, já estava muito cansado, pois não conseguia dormir, nem me alimentar bem por conta da dor na garganta e da tosse. Nesse momento, físico e psicológico já tinham se misturado e a situação ficou um pouco mais tensa. Paralelamente a tudo isso, as janelas foram se abrindo e começamos a ter previsão dos melhores dias pra seguir para o ataque ao cume. Por outro lado, o fato de não estar com a saúde boa, me deixava tenso. Então, partimos pra Periche (4.371) pra consultar com um médico. O diagnóstico: Khumbu cough. Isto é, uma tosse causada pelo ar frio e altitude, muito comum por aqui. Com xarope e Ibuprofeno, fomos embora de lá confiantes. Dito e feito: naquela noite, dormi como há dias não dormia.

Previsão é fazer o cume do Everest no dia 22 de maio. Foto: Gabriel Tarso.

Na manhã seguinte, me sentindo muito melhor, encontramos o Carlos Canellas, que vai tentar o cume do Everest sem o uso de oxigênio complementar. Agora estamos de volta ao Base Camp. Tanto eu quanto o Tarso nos sentimos mais fortes e prontos para subir. Muitos grupos já foram, mas pra evitar um possível congestionamento lá em cima, tendo em vista as centenas de pessoas que pretendem chegar no topo do mundo neste ano, decidimos esperar. O fato de ter muita gente subindo ao mesmo tempo é uma das coisas mais perigosas da escalada e queremos que nossa expedição siga com segurança. Por isso, a previsão é de sairmos daqui na madrugada do dia 17 pra 18 de maio e fazer o cume do Everest no dia 22. Na sequência, voltaremos para o Campo 4, descansamos e seguiremos para o Lhotse.

As expectativas são as melhores possíveis e espero que o meu próximo relato aqui seja pra contar como foi essa experiência que eu ainda nem vivi, mas tenho certeza que será incrivelmente transformadora!

Até lá!

A expedição ao Everest e o dia a dia no Nepal podem ser acompanhados diariamente no perfil do empresário no Instagram .







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