Telescópio James Webb mostra Universo em detalhes inéditos; veja novas fotos

A primeira foto foi divulgada na última segunda-feira, 12/07 - Foto: NASA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou na noite da última segunda-feira (11) a primeira imagem científica e em cores produzida pelo telescópio espacial James Webb. As primeiras fotos seriam divulgadas apenas nesta terça (12), mas Biden decidiu se antecipar e revelar uma delas durante um evento na Casa Branca, em uma espécie de pré-estreia do telescópio mais ambicioso já construído pela humanidade. Uma série nova de fotos e dados científicos das suas observações iniciais foram lançadas nesta terça feira, 12/07.

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A primeira foto (mostrada na imagem que abre essa matéria) mostra um aglomerado de galáxias, o SMACS 0723, situado a 4,6 bilhões de anos-luz da Terra, tendo ao seu fundo galáxias ainda mais distantes, algumas delas formadas apenas poucas centenas de milhões de anos após o Big Bang, ocorrido 13,7 bilhões de anos atrás.

Chamada “Primeiro Campo Profundo do Webb”, a foto mostra o Universo profundo com uma resolução inédita: são milhares de galáxias em um pedaço de céu equivalente ao tamanho de um grão de areia esticado pelo braço de um observador na Terra.

Na imagem, as galáxias em tom avermelhado são as mais distantes – resultado do fenômeno conhecido como “desvio para o vermelho”, que é o aumento do comprimento das ondas de luz durante sua viagem pelo Universo em expansão -, enquanto as azuis e brancas estão mais “próximas”.

“É um dia histórico”, comemorou Biden, afirmando que essa primeira imagem é apenas um “aperitivo” do que o James Webb pode fazer. A foto é fruto de 12,5 horas de observação e não retrata uma porção do céu escolhida ao acaso.

O SMACS 0723 é um aglomerado de galáxias massivas que, devido à enorme distorção provocada no tecido do espaço-tempo, amplifica a luz de objetos mais distantes, criando uma espécie de “lente gravitacional” que nos permite observar populações de galáxias que existiam na infância do Universo.

É por isso que algumas galáxias aparecem distorcidas na imagem, especialmente as avermelhadas, que são mais distantes.

Projeto ambicioso – O James Webb foi lançado ao Espaço pelo foguete Ariane 5, em 25 de dezembro, e aos poucos foi se desdobrando para atingir sua configuração final.

Ilustração simula a presença do James Webb no espaço. — Foto: NASA GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez

Atualmente, ele se encontra no ponto conhecido como Lagrange 2 (L2), onde a influência gravitacional do Sol e da Terra se anulam, permitindo que o observatório permaneça no local com um gasto mínimo de combustível.

Ao contrário do veterano Hubble, que capta sobretudo a luz visível, o James Webb observa em infravermelho, o que lhe permite estudar fenômenos mais distantes no tempo, como o surgimento das primeiras galáxias.

Enquanto o Hubble, por exemplo, consegue observar eventos ocorridos há 13,2 bilhões de anos, o James Webb poderá chegar 13,5 bilhões de anos atrás – estima-se que o Big Bang tenha ocorrido há 13,7 bilhões de anos.

Como o Universo está em expansão, as ondas de luz visível emitidas naquela era primordial são “esticadas” em seu caminho até nós, deslocando-se até a faixa do infravermelho, que é invisível para o olho humano.

Além disso, o telescópio consegue ver através das nebulosas, nuvens de gás onde surgem as estrelas, e estudar a atmosfera de exoplanetas em busca de possíveis marcadores biológicos da presença de vida.

A primeira leva de imagens, selecionadas por um comitê internacional e divulgadas nesta terça pela NASA, abrange duas nebulosas (Carina e a do Anel Sul), um planeta (Wasp-96 b) e dois aglomerados de galáxias (o Quinteto de Stephan e os aglomerados Smacs 0723).

Nebulosa Carina

Uma das maiores e mais brilhantes nebulosas do céu, localizada a aproximadamente 7,6 mil anos-luz de distância na constelação sul de Carina. As nebulosas são berçários estelares onde as estrelas se formam. A Nebulosa Carina é o lar de muitas estrelas massivas, várias vezes maiores que o Sol.

Nebulosa de Carina, em nova foto do James Webb — Foto: NASA

WASP-96 B

Planeta gigante fora do nosso sistema solar, composto principalmente de gás. Localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra, orbita sua estrela a cada 3,4 dias. Tem cerca de metade da massa de Júpiter e sua descoberta foi anunciada em 2014.

Composição da atmosfera do exoplaneta WASP-96-B revela que um ‘sinal inconfundível de água’, juntamente com evidências de nuvens e neblina. — Foto: NASA/Divulgação

Nebulosa do Anel Sul

Também conhecida como nebulosa “Eight-Burst”, é uma nebulosa planetária – uma nuvem de gás em expansão, envolvendo uma estrela moribunda. Tem quase meio ano-luz de diâmetro e está localizada a aproximadamente 2 mil anos-luz de distância da Terra.
Nebulosa Planetária do Anel Sul — Foto: NASA

Quinteto de Stephan

Localizado a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Pégaso. Foi o primeiro grupo compacto de galáxias descoberto, em 1877. Quatro das cinco galáxias dentro do quinteto estão presas em uma dança cósmica de repetidos encontros imediatos.

‘Quinteto de Stephan’, em nova imagem divulgada pelo telescópio espacial James Webb — Foto: NASA/Divulgação