Rafael Campos venceu pela terceira vez a competição do El Origen Aconcágua

Por Thaís Valverde

No último final de semana, o atleta de aventura Rafael Campos, 42, venceu a etapa de 60 km do El Origen Aconcágua 2019. Esta foi a terceira edição que Rafael vence a competição de trail run que acontece durante três dias em um dos lugares mais imponentes da Cordilheira dos Andes.

O Aconcágua é a montanha mais alta das Américas, com 6.962 metros de altitude e fica na divisa do Chile com a Argentina. Neste ano, a base da competição foi em território Argentino, no vilarejo de Penitentes, um pequeno povoado que serve de base aos montanhistas que se aventuram em subir a montanha.

Os competidores do El Origen Aconcágua podem fazer etapas de 30 km, 60 km e 100 km. Os atletas encaram longas e íngremes trilhas, chegando a quase 4 mil metros de altitude, passando também por partes com bastante pedras.

Batemos um papo com Rafael Campos, que tem mais de 20 anos de experiência em corridas de aventura, para saber como foi a edição deste ano. Além de dicas para quem deseja encarar provas de trail run em lugares extremos.

Rafael Campos no pódio da etapa de 60 Km – Foto: Arquivo Pessoal

GO OUTSIDE: Como foi competir no El Origen 2019?

RAFAEL CAMPOS: Está foi a quinta vez que participei do El Origen e com certeza devo ir novamente no ano que vem. Foi uma experiência marcante, porque a organização sempre surpreende com os percursos desafiadores, técnicos, mas com bastante segurança. Durante o dia fazemos muito esforço, mas depois é almoçar e descansar no hotel ao longo dos três dias de prova. Todos os anos em que participei, competi nos 100 km, mas desta vez me poupei porque na semana que vem vou para uma competição de mountain bike na África do Sul, a ultramaratona Cape Epic.

GO OUTSIDE: Encontrou muitos brasileiros?

RAFAEL CAMPOS: Sim, tinha uns dezoito brasileiros. Muitos deles competindo nos 30 km, uma prova de entrada. Conheci pessoas que nunca haviam corrido em uma prova de trail run, e aproveitaram para estrear em uma viagem bacana e segura. Outros brasileiros no de 60 km, fazendo dupla masculina, feminina, e todos eles adoraram a prova. É um clima bem amistoso. Almoçamos e jantamos juntos, assim conheci pessoas de vários estados do Brasil e também competidores argentinos.

GO OUTSIDE: O melhor momento e o mais difícil da prova?

RAFAEL CAMPOS: O primeiro dia foi o mais complicado, principalmente por conta da altitude. Apesar de não ser tão alto, a gente corre até 3 mil a quase 4 mil metros, o ar é mais rarefeito. Assim que você sai da largada, vê que o organismo está muito cansado e precisa se adaptar com a altitude. E o melhor momento foi na terceira etapa, a que teve mais montanha. Subimos até 3.900 m em trechos de trilha no início, e fazia muito frio nesse dia, caíram flocos de neve. Na largada estava nublado e durante a corrida cheguei em um ponto acima das nuvens. Ver toda aquela vista dos cumes dos Andes e o Aconcágua foi incrível. Eu estava com certa vantagem em relação ao segundo colocado, então eu pude apreciar e fotografar.

GO OUTSIDE: O que você leva de equipamento e suprimento para a prova?

RAFAEL CAMPOS: São etapas curtas, de duas a três horas, então basicamente são géis de carboidrato, azeitona, em vez de cápsulas de sal, e Recovery. Antes e durante de cada etapa, muita hidratação e me alimentado bem. Quanto ao equipamento, são os obrigatórios de segurança: mochila pequena, jaqueta anorak, capacete, óculos escuro, segunda pele, polar, luvas, gorro, protetor de pescoço, bastão de trekking, kit de primeiros socorros, apito, etc. O que também é muito importante é a polaina para os pés. A polaina evita a entrada de pedrinhas e areia. Ela não é obrigatória, mas é muito recomendada.

GO OUTSIDE: Como é o seu treinamento para provas em climas e áreas extremas?

RAFAEL CAMPOS: A questão da inclinação, mesmo em São Paulo existem lugares em que é possível treinar, como o Pico do Jaraguá, a Pedra Grande, em Atibaia, até mesmo no litoral, ou a região da Serra Fina. Não são percursos longos como o da prova no Aconcágua, mas é possível treinar nesse tipo de inclinação, que é bem parecida. Quanto a altitude, que é o que causa a falta de oxigênio, não tem muito o que fazer. Ou você faz a aclimatação, leva aí uns quatro dias antes da prova, mas nem todo mundo tem esse tempo. A melhor dica é ter o conhecimento para prevenir o mal da montanha: descansar, se alimentar e hidratar bem. Para as condições climáticas, é importante saber como funciona cada equipamento de proteção, as camadas, os tipos de luva, etc. E outra coisa, sabe aqueles dias feios, frios e chovendo? O esquema é não dar desculpa e ir treinar nessas condições. Às vezes é bom aproveitar a manhã gelada para adaptar o corpo e conhecer o equipamento.







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