Em algum lugar da Patagônia existe uma obra prima da natureza que ainda não está na estante dos best sellers do sul de nosso continente. Trata-se do Parque Nacional Perito Moreno.
Ao norte das badaladas cidades El Calafate e El Chalten, e com acesso um tanto quanto mais complicado, esse parque – que é integralmente gratuito – está pronto e ansioso para lhe receber, com trilhas bem sinalizadas, abrigos acolhedores e, sobretudo, uma beleza apaixonante.
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Lá a natureza se comunica em outra linguagem. As cores são próprias e vibram ao vento. A vista não dá conta da escala e o que se vê não cabe nos olhos. A sensação de viver te abraça e te cativa ao perturbar sentidos e sentimentos. A arte está em todo lugar.
O vento patagônico pode lhe derrubar. O clima dança no seu próprio ritmo: espere dele qualquer humor durante um mesmo dia. Coloca o casaco, tira o casaco. A cor da água lhe convida, mas sua temperatura lembra que há um preço a ser pago. Dói, mas vale a pena.
Os abrigos e áreas de camping ficam na beira dos lagos. São impecáveis. Impagáveis. E inesquecíveis. Os abrigos vão te confortar e esquentar as noites mais frias.
Por ser um ponto remoto no mapa, o parque presenteia quem por lá se aventura com a sensação intimista da solidão. Nos quatro dias que passamos lá não encontramos mais ninguém. Aquele paraíso parecia só nosso.
Optamos por percorrer o circuito mais longo, o Azara, joia da rainha. É possível fazer seus cerca de 55 km em três dias, mas recomendamos desacelerar: 4 a 5 para saborear cada surpresa no caminho. Existem diversas outras opções de trilhas, de diferentes extensões e níveis de dificuldade.
A tormenta de euforia que experimentamos só foi possível porque lugares assim, remotos e especiais, sempre iluminam o imaginário do nosso cotidiano. O sonho foi para o papel e, então, virou experiência.
O parque conquistou um lugar privilegiado na lista dos nossos cantos prediletos no mundo. E é impossível desligar a vontade de voltar.
Importante saber que você precisa fazer reservas para usar os abrigos e campings que se espalham pelo parque. Tudo é feito por WhatsApp e/ou e-mail em um processo que ainda precisa de ajustes. Ou deixe para definir sua logística no próprio centro de informações na entrada do parque, onde fomos muito bem recebidos pelos únicos humanos que vimos por lá.
Para chegar lá, saindo da região mais movimentada da Patagônia argentina, até então só em um dia da semana havia ônibus saindo de El Calafate para a cidade de Gobernador Gregores, de onde será preciso dar um jeito de se chegar ao parque, umas três horas de distância de carro (pouco mais de 200 km). Então, para viabilizar ar nossa logística, decidimos alugar um carro em El Calafate.
Pegamos um carro pequeno, que sofreu um pouco nas partes não asfaltadas da estrada. A parada em Gobernador Gregores é obrigatória para encher o tanque na ida e na volta (um galão de gasolina, disponibilizado na locadora, não foi necessário, mas nos deu segurança para circular sem maiores preocupações). De El Calafate para essa cidade são cerca de 335 km, que se faz em 4 a 5 horas de estrada, sempre atentos aos tantos guanacos e outros animais mais raros que cruzam a pista.
SE JOGA
Informações sobre o parque:
www.lagosescondidos.com/en/
www.argentina.gob.ar/
@parquenacionalperitomoreno
Para mais dicas, entre em contato com os autores Leonardo Geluda e Pedro Botafogo.