Desbrave o novo mundo dos tênis de estabilidade para corrida
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Definir o que faz um tênis de corrida ser considerado de estabilidade está se tornando cada vez mais difícil – e isso é uma coisa boa. Até pouco tempo atrás, um tênis de estabilidade era facilmente identificado por uma espuma mais firme e de cor mais escura sob a parte interna do pé, chamada de post medial, projetada para evitar a pronação excessiva (a rotação excessiva do calcanhar para dentro). Durante a corrida, era possível perceber que se tratava de um tênis de estabilidade devido à sua rigidez, peso e sensação de controle. Mas isso mudou.
Os modelos atuais são bem amortecidos, proporcionam uma passada fluida e não possuem dispositivos de controle volumosos – a ponto de serem, na maioria dos casos, tão confortáveis para corredores neutros quanto para aqueles que precisam de suporte extra. No lugar do rígido post medial, os designers estão adotando uma variedade de estratégias menos intrusivas e mais integradas para ajudar os corredores cujos pés tendem a se deslocar excessivamente para dentro ou para fora.
Essa mudança já era esperada, dado que estudos científicos desde os anos 1990 mostram que a pronação excessiva raramente é um problema e que os métodos tradicionais de controle de movimento fazem pouco para corrigir esse movimento. No entanto, a transformação foi lenta, tanto para a indústria quanto para os consumidores, que estavam acostumados à ideia de que a pronação precisava ser controlada.
Embora o mercado de tênis de estabilidade e a quantidade de modelos desse tipo tenham diminuído significativamente na última década, só recentemente as mudanças mais drásticas começaram a aparecer na aparência e no desempenho desses calçados.
“Estabilidade é uma função de muitas características, como geometria do solado, altura da entressola, densidade da espuma, material do cabedal e como tudo isso é estruturado – não apenas do post medial”, explica Kurt Stockbridge, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da Skechers. “Cada um desses elementos pode ser ajustado para criar um excelente tênis de estabilidade sem que ele precise parecer um modelo tradicional.”
Os novos designs reconhecem que todos os aspectos do calçado afetam a estabilidade da passada. As estratégias modernas buscam reduzir a instabilidade que o próprio tênis pode causar ao afastar o pé do solo. Até mesmo muitos tênis neutros – que não são projetados ou comercializados como tênis de estabilidade – estão sendo construídos com plataformas mais estáveis para compensar a instabilidade causada por entressolas mais altas e macias.
O que procurar em um tênis de estabilidade
A característica mais importante a se observar em um tênis de estabilidade é a largura e o formato da sola. “Quando envio pacientes para a loja, digo a eles para procurarem um tênis com um formato mais reto”, explica Paul Langer, podólogo esportivo da Twin Cities Orthopedics, nos Estados Unidos, e ex-presidente da Associação Americana de Medicina Esportiva Podológica.
Um formato reto significa que a parte interna do solado é preenchida, criando uma linha reta da base do calcanhar até a parte da frente do pé, proporcionando suporte total sob o arco. “Em um tênis realmente reto, você não consegue diferenciar o pé direito do esquerdo”, diz Langer. “A maioria dos tênis tem uma leve curvatura – quanto menor essa curvatura, mais estável será o tênis.”
Para Langer, essa plataforma mais ampla é mais importante do que a presença do post medial, que durante muito tempo definiu a categoria de estabilidade. “Se estou falando de estabilidade, estou me referindo mais ao formato do tênis do que ao post medial”, afirma.
O mesmo vale para outros recursos de estabilidade, como guias laterais, estruturas de suporte, placas ou contrafortes no calcanhar. “Dou menos importância a esses detalhes”, comenta Langer, citando pesquisas que indicam que esses dispositivos não controlam ou corrigem a pronação excessiva. No entanto, ele reconhece que tais estratégias podem mitigar parte da instabilidade causada pelo afundamento excessivo dos pés em espumas muito macias. “Tênis de estabilidade não corrigem nada”, enfatiza Langer. “Eles apenas podem ser menos instáveis do que um tênis neutro.”
Ainda sobre a espuma macia, Langer destaca: “Tento ajudar meus pacientes a entenderem que um tênis com muito amortecimento é, por natureza, menos estável do que estar descalço.” Isso porque aterrissar com duas a três vezes o peso do corpo sobre uma camada espessa de espuma macia pode fazer com que ela se comprima de maneira irregular, exacerbando qualquer desequilíbrio já existente. Assim, mesmo que muitos modelos estejam sendo fabricados com um solado mais reto e preenchido, a altura e a densidade da espuma precisam ser levadas em consideração.
Encontrar a combinação ideal de amortecimento, formato e recursos de estabilidade exige testar diferentes modelos e determinar qual deles proporciona o melhor ajuste ao seu pé e estilo de corrida. Esse “filtro do conforto”, que avalia qual tênis permite o alinhamento mais natural da passada, é a melhor abordagem que temos, segundo Langer.
Emily Stefanski, podóloga esportiva da Coastline Foot and Ankle, em Connecticut e Rhode Island (EUA), e ex-corredora de longa distância na liga universitária da Divisão 1, concorda. “Digo aos pacientes que o mais importante é o que eles sentem no pé”, afirma. “Tenho minhas diretrizes sobre o que pode funcionar, mas nem sempre elas se aplicam. Há muitos fatores envolvidos.”
Além do tênis: variedade e força
Mesmo que você encontre um modelo que complemente sua passada, ele não deve ser o único tênis que você usa. Alguns estudos mostram que corredores que alternam entre diferentes pares têm um risco menor de lesões. “Mais importante do que encontrar o tênis perfeito é entender que seus pés precisam permanecer fortes e adaptáveis por meio da variedade no calçado, permitindo que os pés experimentem diferentes tipos de estresse e carga”, afirma Langer.
Dessa forma, escolha um tênis de estabilidade confortável para ser seu modelo principal, mas também tenha um tênis minimalista (mesmo que seja apenas para caminhar ou fazer atividades do dia a dia), um tênis mais baixo e flexível e um modelo com amortecimento macio e solado curvado (rocker).
Stefanski também destaca a importância do fortalecimento. “Sempre incentivo os pacientes a fazerem exercícios para fortalecer os pés”, diz. Treinadores, fisioterapeutas, biomecânicos e podólogos concordam que a pronação excessiva e outros problemas de estabilidade geralmente são causados por falta de força e mobilidade, e que essas questões podem ser corrigidas ao melhorar a biomecânica desde os pés até os quadris. “Acredito que podemos evoluir com o tempo e que a maioria das pessoas não precisa usar um tênis de estabilidade para sempre – elas podem deixá-lo de lado. A questão é: até que ponto as pessoas estão dispostas a fazer os exercícios?”, conclui Stefanski.
Alguns dos melhores tênis de estabilidade de 2025
[Mercado mundial]
- Asics Kayano 31
- Brooks Glycerin GTS 22
- Puma ForeverRUN Nitro 2
- Diadora Nucleo 2
- Brooks Adrenaline GTS 24
- Topo UltraFly 5
- Altra Experience Form
- New Balance Fresh Foam X 860 v14
- Brooks Hyperion GTS 2
- Saucony Tempus 2
- Mount to Coast P1
- Hoka Gaviota 5