No início de novembro, o Serviço Nacional de Parques (NSP) e o Serviço Florestal Nacional (NFS) dos EUA divulgaram algumas propostas de diretrizes que têm preocupado os praticantes da escalada em rocha no país.
De acordo com as novas regras, que ainda precisam ser aprovadas, grampos, ancoragens e qualquer outro tipo de instalação fixa de segurança estariam proibidas perante à Lei de Áreas Selvagens de 1964, que protege vastas extensões de áreas remotas.
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Pela proposta, supervisores florestais locais e superintendentes de parques nacionais estariam aptos a aprovar ou negar cada ponto de ancoragem após uma série de análise de requisitos.
Opositores da regra, membros da comunidade da escalada nos EUA argumentam que esses gestores já estão sobrecarregados ou subfinanciados, e o processo de revisar e aprovar ancoradouros, muitos dos quais já estão fixos nas vias há décadas, poderia levar anos.
As diretrizes do NPS e NFS reconhecem explicitamente que a escalada é um uso legítimo de áreas selvagens. No entanto, as organizações propõem que “ancoradouros fixos” – um termo que abrange todas as formas de proteção permanente ou deixada para trás – devem ser categorizados como “instalações”, um termo historicamente usado para descrever objetos como estradas pavimentadas, torres de incêndio, edifícios, pontes e aterros sanitários.
De acordo com a Lei de Áreas Selvagens de 1964, “instalações” são proibidas em áreas selvagens, mas podem ser permitidas caso a caso por meio de uma análise de requisitos mínimos (MRA, na sigla em inglês).
Terminologia controversa
De acordo com os escaladores, ao usar “instalações” para definir ancoradouros, o NPS e NFS essencialmente estariam propondo uma estrutura de presumível culpabilidade até que se prove a inocência.
Em vez de presumir que os ancoradouros são permitidos, sujeitos a aprovação, as diretrizes presumem que todo ancoradouro de segurança fixo em áreas selvagens – mesmo aqueles anteriores à Lei de Áreas Selvagens – são ilegais e, portanto, sujeitos à remoção ou não substituição, até que o gestor local encontre tempo e orçamento para realizar uma MRA e decidir seu destino final.
Enquanto organizações de escalada como a Access Fund concordam que a colocação de ancoradouros (especialmente parafusos) em áreas selvagens deve ser supervisionada pelos gestores, eles se opõem à ideia de que os ancoradouros devem ser considerados ilegais a menos que se prove o contrário.
“No passado, a forma como os alpinistas usavam ancoradouros em áreas selvagens era permitida, a menos que estivessem causando impactos negativos”, disse Erik Murdock, Diretor Executivo Interino da Access Fund, em depoimento à Outside USA.
“Mas isso está sendo invertido. Se essa proposta for aprovada, todos os ancoradouros fixos serão considerados ilegais até que recebam uma exceção. O administrador da área selvagem pode conceder essa exceção. Mas pode escolher não fazer isso”, afirma Murdock.
Antes de a proposta passar pelo congresso norte-americano, uma consulta pública foi aberta para que os interessados possam manifestar suas opiniões.
Matéria originalmente publicada na Outside USA.