No Dia Internacional do Surf, Projeto Ondas mostra que o esporte pode mudar vidas

No Dia Internacional do Surf, Projeto Ondas mostra que o esporte pode mudar vidas
Foto: Divulgação

O Dia Internacional do Surf se aproxima e com ele a chance de enaltecer o trabalho da OSC Projeto Ondas, em Guarujá. Uma escola de educação social, cuja missão é contribuir para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e de suas famílias, através do esporte, educação e cidadania.

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A data foi instituída em 2004 pela ONG europeia Surfrider Foundation e pela extinta revista norte-americana Surfing para promover o esporte aquático mais popular do planeta no terceiro sábado do mês de junho. Atualmente, cerca de 100 crianças, entre 7 e 12 anos, frequentam o Projeto no contraturno escolar, que surgiu do sonho do surfista Jocélio de Jesus, conhecido como Jojó de Olivença, que foi bicampeão brasileiro de surf em 1988 e 1992.

Em 1998, ao deixar o Circuito Internacional de Surf, Jojó criou uma escola particular de surf na Praia da Enseada em parceria com o Delphin hotel. E por que em Guarujá? Por um simples motivo: a cidade foi muito importante para sua carreira, principalmente porque era um dos principais centros de competição do Brasil, pela regularidade e qualidade das ondas, o alto nível técnico das competições e consagrado como um dos grandes celeiros de atletas do País.

Jojó logo notou crianças e adolescentes que viviam por ali catando latas na areia e vinham pedir pra surfar. Então, Jojó com sua equipe passou a oferecer aulas gratuitas de surf para a turminha que não parava de crescer.

Entre uma onda e outra, conversavam sobre a vida, valores que inspiram boas jornadas e o respeito ao meio ambiente. Jojó resolveu então que iria dedicar sua vida à missão de melhorar, da sua maneira, a vida dessas crianças e adolescentes. No ano de 2007, Jojó e sua família decidiram dar mais um passo: fundar a ONG Projeto Ondas.

Conseguiram uma casa para receber as crianças no contraturno escolar e começaram a oferecer também suporte no aprendizado de português e matemática. Depois, veio a educação ambiental, a inclusão digital, as palestras sobre valores, o serviço social e psicológico. Aos poucos as famílias das crianças foram se aproximando, buscando orientações e ampliando a visão de mundo também.

Nestes quinze anos, mais de 700 crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social já passaram pelo Ondas; destes, hoje jovens pais de família, são considerados casos de sucessos e exemplo de transformação.

Em 2018, o Projeto Ondas deu mais um passo importante, utilizando os aprendizados de sua jornada para criar sua própria metodologia, em parceria com a consultoria Cidade Escola Aprendiz, que resultou no seu Projeto Político Pedagógico e Currículo. Esse foi o pontapé inicial para que a OSC pudesse conquistar mais parcerias e potencializar seu impacto na sociedade.

Superação

Jojó nasceu em Ipiaú, na Bahia, em 20 de julho de 1967. De origem humilde, saiu de sua terra natal com a mãe e o irmão do meio em busca de novos horizontes e, após uma longa jornada, chegaram à pacata vila da Estância Hidromineral de Olivença, situada a 13 km do centro da cidade de Ilhéus. Um lugar inspirador, de gente simples e acolhedora, rica por suas nascentes de águas minerais e muita natureza.

Mas, o que chamou sua atenção ainda adolescente, foi o mar e suas ondas. Observava de fora os surfistas, enquanto se aventurava nas pedras tentando pescar alguns pequenos peixes para ajudar em casa, enquanto sua mãe ganhava o sustento trabalhando como gari.

Quando o mar não estava para peixe, Jocélio jogava as tralhas e ia se divertir com alguns amigos. Juntos se aventuravam no mar pegando ondas de jacaré (bodysurf), sonrisal (skin board) e o material mais próximo de uma prancha: pedaços de isopor e troncos de jangadas.

Foi na praia de Batuba que, de tanto pedir, insistentemente, alguém generoso emprestou sua prancha monoquilha ao pequeno e magrelo Jocélio… apelidado pela galera do surf inicialmente como “nativo”.

Então, bastou uma dose única. Uma única onda foi o suficiente para mudar totalmente a vida deste garoto gentil e sorridente. Ele descobriu que tudo o que precisava para ser feliz era de uma prancha de surf. Sem abandonar os estudos, começou a cuidar de carros e vender cocadas e bolo de tapioca.

As pranchas eram caras e escassas e foi com a ajuda de amigos turistas que ganhou sua primeira prancha para se dedicar aos treinos. Com uma surpreendente evolução logo despontou nas competições locais, chamando atenção de empresários, comerciantes e mídia.

Em sua trajetória inicial, enfrentou muitos desafios, como o preconceito por ser pobre, problemas com drogas e falta de recursos. Desafios estes superados pela autoconfiança, humildade, apoio de pessoas generosas e acima de tudo, por Deus. Logo foi apadrinhado por “Jojó” e, mais a frente, a pedido de um amigo, complementou, “de Olivença”, consolidando seu nome de guerra até os dias atuais.

Jojó de Olivença, o bom baiano, deixou a pacata vila de Olivença após seu primeiro título Nacional, em 1988, para viver na badalada cidade de Guarujá, em São Paulo, onde se casou com Adriana e teve os filhos Kaipo e Kauan.

Conquistou seu segundo título nacional em 1992 e, em 1993, foi campeão paulista profissional, vice-campeão brasileiro, e ainda ingressou no seleto WSL, a Liga Mundial de Surf, onde se encontra a elite do surf mundial, e permaneceu por lá por cinco anos.

Atualmente, continua competindo na divisão dos Masters, onde conquistou medalha de prata em 2012 e já garantiu o tri campeonato brasileiro nesta categoria. Jojó encerrou sua carreira profissional no circuito mundial em 1999 e iniciou um novo capítulo em sua história, como empreendedor social.







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