É muito engraçado como uma única visão possa trazer à tona tantos sentimentos e significados. Fiquei pensando nisso enquanto percorria os 10,7km em Milagres (AL), no circuito Bota Pra Correr, da Olympikus, olhando para casinhas coloridas no meio de uma vasta vegetação. Pensei também que era difícil ver aquele tipo de cenário na capital, onde o tempo voa num piscar de olhos, onde é possível enxergar a poluição a olho nu no céu, e onde ninguém tem muito tempo para reparar que a vida está acontecendo de verdade, fora das telas e da rotina caótica. Mas ali, sentindo o mormaço do asfalto, a brisa fresca que soprava quando o sol permitia e vendo o mar cintilar no horizonte, eu percebi que esse tipo de momento e sensação são únicos, e que eles realmente precisam ser vividos, nem que seja uma única vez na vida.
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Já se passaram alguns dias desde que consegui concluir meus primeiros 10,7km, e parece que a ficha ainda não caiu. Mas toda vez que olho para minha medalha, eu me sinto algum tipo de figura heróica, que é imbatível e pode fazer absolutamente tudo.
Desde o começo do ano, quando entrei no mundo da corrida, eu venho quebrando barreiras pessoais que eu jamais pensei quebrar algum dia, e é gostoso demais se sentir gigante quebrando essas barreiras e igualmente bom se sentir pequeno no meio de toda aquela gente, que também está feliz e animada quebrando suas próprias barreiras pessoais. Acho que essa é uma das mágicas desse tipo de evento que envolve turismo e corrida: conhecer um lugar novo, conhecer pessoas novas, e se sentir parte de uma comunidade, independentemente do seu propósito na corrida.
Para mim a corrida sempre foi uma válvula de escape, uma ferramenta para que eu pudesse me sentir realmente capaz de concluir coisas, e ter esse resultado de forma instantânea no final de algum treino ou concluindo alguma prova, é gratificante.
Mas nada explica a sensação de receber o apoio e as palavras de incentivo dos moradores locais. No quinto quilômetro eu comecei a sentir uma leve dor no quadril, com aquelas leves fisgadas, sabe? Então eu decidi caminhar até que a dor desse uma aliviada e eu conseguisse correr novamente. Andei aquele quilômetro todo, já sentindo minha energia mais baixa, o ritmo também já havia caído pela metade, e eu fiquei pensando se conseguiria concluir a prova.
Lá pelo quilômetro seis começamos a entrar na parte de Milagres que lembra bastante um centrinho, com comércios, restaurantes e pequenas praças, e muitas pessoas já estavam na frente das casas e dos estabelecimentos gritando animadas, dando todo o apoio que os corredores precisavam. E debaixo daquele sol forte, tem uma hora que a gente precisa mesmo de apoio. E eu que já estava achando que meu corpo não aguentaria cruzar a linha de chegada, fui impulsionada por uma senhora que segurava um celular na mão, gravando todo mundo que passava por lá: “vamo, agora falta pouco!”, gritou olhando diretamente para mim. Eu sorri e acenei.
Gostaria muito de saber o nome dela, para poder agradecer publicamente, mesmo que à essa altura ela nem lembre mais da minha fisionomia. Mas foi ela que me passou aquela energia boa que eu precisava para voltar a correr.
Naquele ponto, depois de um quilômetro inteiro andando em um ritmo moderado, o corpo estranhou as primeiras passadas mais rápidas, mas a dorzinha chata no quadril já havia praticamente sumido, então aproveitei o apoio para voltar para o jogo e me entregar até o final.
Daquele quilômetro em diante corri ainda por uma estradinha de terra cercada de mato, que para mim foi a parte mais difícil do trajeto todo. O calor parecia ter duplicado, a mata alta não deixava nenhum sopro de brisa refrescar e ainda tinha um caminho inteiro sem nenhuma sombra.
Àquela altura eu já estava exausta, mas o flow não me fazia parar de andar e correr, e eu também pensava: “bom, agora realmente já estou no final, não vou desistir aqui”. Depois que cruzei a placa de 10km entrei na faixa de areia da praia, e as pernas começaram a dar uma pesada, mas eu conseguia ver a linha de chegada ao longe, então decidi não parar naquele momento.
A poucos passos do fim, as duas amigas que fiz naquela viagem correram para cruzar a linha de chegada comigo, dando o apoio final que fez toda a diferença para deixar o momento ainda mais especial.
Se você nunca cruzou uma linha de chegada na vida, te aconselho a colocar isso na sua lista. A sensação de êxtase está no meu top 5 sensações mais doidas que eu já senti e depois de 10,7km foi uma loucura mesmo. Das paisagens, às amizades novas, até colocar a medalha no pescoço, tudo pareceu uma grande loucura, mas daquelas boas que a gente jamais vai esquecer e que sempre vão fazer os nossos olhos brilharem ao compartilharmos com alguém.
Foi a minha primeira vez correndo com o Bota Pra Correr da Olympikus, e a segunda edição deles em 2022 (a primeira aconteceu na Chapada dos Veadeiros — GO). A experiência foi melhor do que eu poderia imaginar. Passar três dias inserida em uma cultura tão boa, trocando vivências sobre a corrida e vivendo aquele cenário paradisíaco de tirar o fôlego foi incrível.
E para o ano que vem, a previsão é que o evento adicione corrida em trilha no programa, abrindo caminho para corredores de aventura e convidando também novos atletas. Junto à isso, a Olympikus também lançará no primeiro semestre de 2023, o terceiro modelo de tênis da família Corre, o “Corre 3”, desenvolvido para atletas que correm em trilhas.
Os destinos ainda não foram definidos, mas a promessa do Diretor de Marketing da Vulcabrás, Márcio Callage, é que os próximos eventos contemplem feriados e tenham opções para quem corre em trilha ou no asfalto, para trazer esses dois públicos, além de abrir alas para esse novo produto da marca Olympikus.
Unir turismo com esporte é uma ótima ideia para quem ama os dois, e para quem não é muito do esporte, pode ser o gancho perfeito para se aventurar na corrida e aproveitar os cenários lindos e paradisíacos do Brasil.