Conhecido como o paraíso do trekking, o Nepal vai mudar a forma como os turistas podem desfrutar de suas paisagens montanhosas.
A partir de 1º de abril, os viajantes independentes que desejam explorar o Himalaia precisarão contratar um guia licenciado para acompanhá-los em suas aventuras.
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“Esta decisão foi tomada para o benefício dos turistas”, disse Maniraj Lamichhane, diretor do Conselho de Turismo do Nepal, em depoimento ao jornal The Himalayan Times. “Ao fazer caminhadas solo, os turistas geralmente se perdem e podem enfrentar inseguranças. Assim, tomamos a decisão.”
Algumas empresas de trekking certificadas no Nepal já foram avisadas sobre a mudança, confirmou Tapashya Singh Thakuri, da operadora de viagens Spirit of the Himalayas.
Quando entrar em vigor, todos os viajantes estrangeiros independentes – incluindo aqueles que viajam sozinhos ou em grupos – terão que reservar um guia licenciado para qualquer tipo de atividade de trekking.
A mudança dividiu opiniões, com alguns na própria indústria do turismo de aventura do Nepal lamentando a perda da liberdade de explorar uma das maiores regiões selvagens do mundo.
Sudeep Kandel, guia licenciado e proprietário da empresa de viagens Himalayan Adventure Labs, acredita que a regra é equivocada.
“Eu respeitosamente discordo da recente decisão do Conselho de Turismo do Nepal. Embora ter um guia possa melhorar a experiência de trekking e aumentar a segurança, nem sempre esse é o caso”, disse Kandel.
“Em vez de impor uma regra geral, por que não trabalhar coletivamente para fornecer opções atraentes para os caminhantes? Além disso, se a segurança é a principal preocupação, o regulamento deve se aplicar a todos os mochileiros, incluindo os nepaleses, que podem estar menos preparados do que os turistas estrangeiros”.
Funcionários do turismo disseram que a mudança de regra é “devido a crescentes preocupações de segurança”. Alguns usuários de mídia social sugeriram que a regra está sendo implementada para ganhos financeiros, como forma de aumentar as oportunidades de emprego para os guias nepaleses.
Para Rajan Dahal, proprietário da Global Adventure Trekking, operadora de turismo de aventura com sede em Katmandu, a decisão tem suas vantagens e desvantagens.
“Por um lado, aumentará a segurança dos viajantes e garantirá que eles tenham uma melhor compreensão da cultura e dos costumes locais. Por outro lado, pode aumentar o custo da viagem. Em última análise, a eficácia da decisão dependerá de sua implementação e de como ela será recebida pelos viajantes”, disse Dahal.
Algumas rotas de trekking famosas do Nepal provavelmente serão as mais impactadas com as novas regras. A caminhada até o acampamento base do Annapurna, por exemplo, há muito é uma escolha popular para caminhantes independentes ou iniciantes.
Em 2019, mais de 50 mil turistas viajaram no Nepal sem guias ou carregadores, de acordo com dados do Conselho de Turismo do país. Atualmente, para caminhar de forma independente nas montanhas do Nepal, os turistas precisam de uma permissão oficial e um cartão do Sistema de Gerenciamento de Informações Trekkers. O custo dessa permissão é de 2.000 rúpias nepalesas por pessoa (cerca de US$ 15).
Ainda não está claro como o Conselho de Turismo do Nepal planeja implementar ou monitorar sua nova regra.