A indústria do bem-estar sexual está em alta. Um relatório recente sobre este mercado estimou seu valor em US$ 6,47 bilhões (cerca de R$ 31 bilhões) em 2022. E espera-se que esse valor aumente para cerca US$ 10 bilhões (R$ 48 bilhões) até 2028.
Com tantos consumidores interessados no assunto, parece que todos estão tendo relações sexuais incríveis. Mas, como Maria Yagoda explora em seu novo livro, Laid and Confused (Deitada e Confusa, em tradução livre), esse não é o caso.
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“Eu adoraria ver mais abertura e discussões francas em torno do fato de que está tudo bem se o sexo não for incrível o tempo todo”, diz Yagoda. “Não precisamos colocar tanta pressão em nossa vida sexual para validar quem somos como pessoas e nossas identidades.”
Mas isso também não significa que não devemos trabalhar para criar vidas sexuais melhores e mais prazerosas. Para seu livro, Yagoda embarcou nessa jornada por conta própria, documentando suas tentativas com diferentes técnicas e tendências para melhorar sua vida sexual. Isso incluiu a prática do mindfulness, a atenção plena.
O mindfulness e sua vida sexual (sim, eles coexistem)
Tudo começa com o seu relacionamento individual com o seu corpo. A masturbação consciente incentiva você a adotar uma atitude mais consciente em relação ao que está acontecendo, diz Yagoda. Especialistas recomendam explorar seus sentidos – audição, toque, visão e olfato – durante esse processo, o que pode ser útil para aqueles que têm dificuldade em ter relações sexuais prazerosas. Isso não significa que seja fácil.
Yagoda diz que teve dificuldade em incorporar a masturbação consciente em sua vida sexual. Após anos sendo treinada para não sentir as coisas em seu corpo e ignorar sinais e sensações, ela diz que foi difícil fazer a transição para realmente sintonizar seu corpo durante a masturbação. Essas tendências estabelecidas há muito tempo não podem ser desfeitas com apenas algumas experiências.
No entanto, quando ela começou a ver um coach sexual, ela aprendeu muito com as sessões que envolviam a atenção plena, especialmente quando se tratava dos exercícios de respiração. Yagoda diz que seu coach a encorajou a sentir o ciclo completo da respiração, acompanhando-o em todo o seu corpo. “Eu fiz yoga por anos e anos”, diz ela. “Mas nunca senti o vento ou o ar passando pela minha garganta. Agora é algo com que estou muito consciente.” Isso pode parecer incongruente com suas tentativas de melhorar sua vida sexual, mas não é.
Aprofundar sua consciência das sensações internas e externas que percorrem seu corpo pode ajudá-lo a se conectar com sentimentos semelhantes durante o sexo. O mindfulness é uma prática constante, diz Yagoda. Esse tipo de sintonia – com a maciez de suas lençóis, o canto dos pássaros fora da janela ou a vela com cheiro de praia – não são coisas às quais estamos acostumados. Mas, uma vez que você começa a sentir essas sensações por todo o seu corpo, pode ajudá-lo a experimentar mais prazer (ou seja, excitação sexual e orgasmo) durante a masturbação sozinho(a) ou o sexo com um(a) parceiro(a).
Sexo é o cuidado de si
Sua rotina de cuidados com você mesmo pode envolver banhos de espuma, longas caminhadas e sessões de leitura. Pense em sexo e autoprazer da mesma forma. Mas reenquadrar essas atividades dessa maneira pode ser complicado, especialmente para homens.
Muitos dos homens entrevistados por Yagoda para seu livro não conseguiam se relacionar com o conceito de masturbação como uma prática consciente de cuidado próprio. “Eu não falei com ninguém que dissesse ‘Ah, é realmente importante para mim prolongar a masturbação acendendo velas e me envolvendo romanticamente'”, diz ela. “Acho que essa ideia é realmente incomum.”
No entanto, ver a masturbação como outro exercício de cuidado próprio, assim como exercitar-se, escrever em um diário ou meditar, pode ajudar a eliminar a pressão pelo orgasmo. Isso se concentra na experiência, em vez do resultado final, diz Yagoda. “Às vezes, ficamos tão ansiosos e presos em nossas mentes em relação ao orgasmo que achei útil tirar isso de cena”, diz ela.
Como a maioria das coisas em sua vida sexual, é preciso adaptá-la para que funcione para você. Se você sofre de transtorno de estresse pós-traumático ou trauma e sente desconforto durante uma meditação tradicional, também pode sentir algum desconforto ao fechar os olhos durante o sexo ou masturbação. Se for esse o caso, mantenha-os abertos e concentre-se em sons ou toques.
Essa é a ética que Yagoda incentiva ao longo de seu livro: isso precisa funcionar para você. E, como todos os aspectos da saúde e bem-estar, sua vida sexual envolve tentativa e erro.
“Espero que meu livro possa ser um ponto de partida para as pessoas dizerem: ‘Na verdade, não precisa ser assim'”, diz ela. “Não significa que sou um fracasso se estou tendo um sexo ruim. Na verdade, existem todas essas ferramentas pequenas que podem ser realmente úteis.”