França encerra investigação de acidente aéreo da Germanwings em 2015

França encerra investigação de acidente aéreo da Germanwings em 2015
(Arquivo) Investigador analisa os destroços do Airbus A320 da companhia Germanwings que se chocou contra os Alpes franceses, perto de Seyne-les-Alpes, em 26 de março de 2015 - AFP/Arquivos

A Justiça da França suspendeu as investigações sobre o acidente de um avião da companhia Germanwings nos Alpes em 2015, que causou a morte de 150 pessoas, ao considerar imprevisível o ato “suicida” do copiloto. As famílias das vítimas consideraram “decepcionante” esta decisão adotada em 21 de fevereiro, segundo um documento que a AFP teve acesso, que confirma a informação antecipada pelo jornal Aujourd’hui en France.

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Em 24 de março de 2015, o copiloto do voo 4U9525, que decolou de Barcelona (nordeste da Espanha) rumo a Düsseldorf (oeste de Alemanha), aproveitou a ausência do piloto principal para lançar o Airbus A320 contra os Alpes franceses.

Os 144 passageiros de 19 países, a maioria alemães (72) e espanhóis (50), morreram, assim como os seis membros da tripulação, entre eles o copiloto, Andreas Lubitz, que estava em tratamento com antidepressivos.

Entre os mortos neste trágico acidente que chocou o mundo também havia cidadãos de Argentina, Colômbia, Venezuela, México e Chile, assim como de Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Irã e Japão.

A decisão põe fim à investigação aberta na França por “homicídios involuntários por parte de uma pessoa física e uma pessoa jurídica”, indicou nesta terça-feira (8) o Ministério Público de Marselha, no sudeste da França.

Ao término da instrução, os juízes consideraram que ninguém poderia prever nem conhecer as intenções suicidas de Lubitz. “Por tanto, ninguém poderia agir com antecipação para evitar” a tragédia, segundo o Ministério Público.

A decisão indica que não se pode culpar a Germanwings (que não existe mais e foi fundida com a Eurowings), sua matriz Lufthansa ou seus funcionários de “falta grave ou violação deliberada da obrigação de prudência ou segurança”, nem aos médicos que podiam conhecer o estado de Lubitz meses antes.

“Apesar de Andreas Lubitz ter multiplicado os pedidos de licença no trabalho nos meses anteriores ao acidente, a empresa não conhecia os motivos. Lubitz não enviou à empresa os últimos dois pedidos de licença, que cobririam a data do acidente”, acrescentaram os juízes.

– ‘Decepcionante’ –

“Rapidamente” ficou claro que o copiloto sofria “desde 2008-2009 problemas psiquiátricos que haviam provocado a suspensão de sua formação de piloto”, embora ele tenha conseguido concluí-lo com acompanhamento médico a partir de 2009, lembra o documento.

“Esta decisão é muito decepcionante, mas, desgraçadamente, confirma o que vem sendo dito desde o princípio, inclusive pela Lufthansa, que seu ato era imprevisível”, lamentou a advogada dos familiares das vítimas, Sophie Thonon-Wesfreid.

Em declarações à AFP, a advogada considerou “inconcebível” que o estado de Lubitz não tivesse chamado a atenção do grupo alemão e apontou a responsabilidade dos pilotos que “têm em suas mãos a vida de centenas de pessoas”.

“Desde o momento em que há dúvidas, é preciso afastar a pessoa”, acrescentou Thonon-Wesfreid.

O copiloto, que tinha 27 anos no momento do acidente, fez consultas com 41 médicos, entre eles diversos psiquiatras, em um período de cinco anos, convencido de que estava perdendo a vista. Os exames, no entanto, não validaram essa hipótese.

Assim como na França, a Justiça alemã encerrou suas investigações em janeiro de 2017. Os juízes rejeitaram na época culpar de negligência os médicos que não teriam alertado a empresa de Lubitz sobre seus problemas de depressão.







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