No dia 27 de maio é celebrado o Dia da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo. E neste dia também foi divulgado o relatório “Atlas da Mata Atlântica” feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Segundo o relatório, o desmatamento da Mata Atlântica no Brasil cresceu 27% entre 2018 e 2019.
Entre os últimos dois anos, o bioma perdeu 145 quilômetros quadrados, um aumento de quase 30% em comparação com o período anterior.
Os números de desmatamento da Mata Atlântica vinham caindo desde 2016, e entre 2017 e 2018, 113 quilômetros quadrados foram devastados, a menor área registrada desde 1985, quando começaram os registros da fundação.
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O bioma é considerado o mais ameaçado do país. Restam apenas 12% de sua área original de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, espalhados por 17 estados e que cobria grande parte da costa brasileira.
O monitoramento, feito há 30 anos pela fundação com dados de satélites do INPE, aponta que os estados de Minas Gerais, Bahia e Paraná têm as maiores áreas de destruição florestal.
Segundo a SOS Mata Atlântica, em Minas Gerais, a floresta nativa tem sido substituída por plantações de eucalipto, que, mais tarde, serão convertidas em carvão. Na Bahia, a expansão do cultivo de soja seria a principal causa. Já no Paraná, a destruição é sobre as florestas de araucária, em que atualmente resta menos de 1% da área original. Do outro lado da lista, Alagoas e Rio Grande do Norte conseguiram zerar o desmatamento.
Desmonte da leis de proteção
Em abril, um despacho do Ministério do Meio Ambiente, comandados por Ricardo Salles, recomendou que órgãos do setor não levassem em consideração a Lei da Mata Atlântica, de 2006, e aplicassem no lugar dela o Código Florestal. O Ministério Público Federal então solicitou para que o Ibama descumprisse o documento.
Além disso, na famosa reunião de 22 de abril, o ministro Ricardo Salles recomendou “passar a boiada” para que se pudesse aprovar leis que flexibilizassem as regras ambientais enquanto a atenção da imprensa está na pandemia do novo coronavírus.
Para a SOS Mata Atlântica, as declarações e de Sallles reforçam a ideia por trás do despacho que interfere no bioma. “Inacreditável que neste momento tão difícil para tantas famílias brasileiras o ministro e o governo federal estejam mais preocupados em aproveitar o fato de que a mídia está focada no coronavírus para promover a destruição da floresta e da legislação ambiental. No que depender de nós, não iremos permitir”, escreveu a fundação.
Nesta quarta-feira(27), a ONG lançou a petição pela integridade da Lei da Mata Atlântica, disponível neste link. Vídeo da campanha: