Se você prefere passar o Carnaval longe da folia, existem destinos perfeitos para relaxar, praticar esportes ou apenas ficar em contato com a natureza. Abaixo, selecionamos alguns roteiros que se revelam ótimos refúgios para você curtir a vibe outdoor.
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Pegue sua bike, tênis de corrida e prepare-se para encontrar muita aventura. Afinal, não há sensação melhor do que chegar num lugar tranquilo, explorar suas belezas naturais e depois descansar como se deve.
Serra da Bocaina (SP e RJ)
A Serra da Bocaina é uma das únicas regiões do Brasil onde é possível encontrar, num mesmo ambiente, Mata Atlântica e floresta de araucárias – vegetações típicas do Sul do país e da Mantiqueira. Partindo do nível do mar e chegando a mais de 2.000 metros de altitude, a serra se localiza na divisa dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, abrangendo as cidades de Areias, Cunha, São José do barreiro, Ubatuba, Angra dos Reis e Paraty.
O local é perfeito para a combinação “sossego e imersão na natureza” – neste caso, dias inteiros de pedal em meio à floresta, campos de altitude, cachoeiras e nascentes de rios. Depois de apreciar o visual e tomar um bom café da manhã, a sugestão é partir sobre duas rodas em direção ao Parque Nacional da Serra da Bocaina. A primeira cachoeira, batizada de Santo Izidro, fica a apenas 5 quilômetros de distância da portaria do parque. Na sequência, vêm as cachoeiras das Posses (13 quilômetros) e a do Inácio (16 quilômetros). Se quiser seguir pela estrada principal, a ideia não é ruim. Com trânsito de carro controlado, você terá a tranqüilidade que procura em cima de sua magrela, mas precisará de pernas fortes no caminho de volta, onde encontrará mais subidas que na ida.
Uma boa opção é ir até a base do pico do Tira Chapéu – o ponto mais alto da Bocaina, com 2.088 metros, de onde é possível enxergar o parque todo, além da baía de Paraty e a serra da Mantiqueira. Você não vai conseguir chegar de bike até o topo. Encontre um canto para deixar as magrelas em segurança e encare a subida de cerca de 1h30 de caminhada, para ser recompensado com uma vista de 360 graus. Outra ótima alternativa fora do parque é visitar o que sobrou de uma luxuosa residência do século 19. A Casa de Pedra, uma estrutura em ruínas ainda com janelas e traços clássicos do uso da pedra em construções, é mais um indício de que a região tinha um importante papel durante o Império.
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Serra da Mantiqueira – Alagoa – Aiuruoca – Matutu (MG)
Visuais de vales, rios que serpenteiam a estrada e muitas subidas e descidas. Esse é o cenário ideal para quem gosta de pedalar – e, felizmente, é o que mais se encontra neste belíssimo pedaço da Serra da Mantiqueira. As chuvas do verão castigaram bastante as cidades no sul de Minas Gerais, mas a região, que é protegida pelo Parque Estadual Serra do Papagaio e pela APA Serra da Mantiqueira, não perdeu o encanto.
Para chegar pedalando em Alagoa via Itamonte são cerca de 15 quilômetros de descida leve com cascalho solto, praticamente só apertando o freio traseiro. Fique esperto, pois algumas curvas são fechadas e a estrada tem um fluxo local intenso. A pequena Alagoa possui menos de 3.000 habitantes. Chegando lá, a proposta é seguir pedalando em direção a Aiuruoca (a 30 quilômetros).
O caminho alterna subidas e descidas e é praticamente todo margeado pelo rio que dá nome à cidade. Da estrada já será possível observar o pico do Papagaio – um maciço de pedra imponente com 2.100 metros de altitude. Cerca de 6 quilômetros antes da entrada da cidade, há uma bifurcação à esquerda que leva ao vale do Matutu (17 quilômetros de estrada), um cantinho especial e praticamente intocado da Mantiqueira. Quando chegar em Aiuruoca, procure pela cachoeira dos Garcias, que fica no vale de mesmo nome. A queda d’água tem uma queda de 30 metros de altura e um farto poço.
Prudentópolis (PR)
Imagine um local com cachoeiras gigantes e uma maciça presença de descendentes de ucranianos, a maioria vivendo na área rural da cidade e reproduzindo a cultura de seus antepassados, com muito plantio e criação de animais. Pedalando pelas estradas de terra, você certamente será surpreendido pelas abóbadas das igrejas em estilo bizantino (cada Linha, nome dado às comunidades, tem a sua) e ouvirá a língua nativa sendo falada pelas crianças, já que até hoje é ensinada nas escolas.
A pedida para a hospedagem é a Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN). O local abriga diversas trilhas, oito quedas d’água e guarda espécies da flora e fauna em risco de extinção. Não perca por nada o pedal até o Salto São Francisco. Você vai percorrer 38 quilômetros de estrada de terra, sendo os últimos 8 quilômetros de pura subida. Em compensação verá uma maravilha da natureza despencando de um paredão de 196 metros de altura. Na mesma rota há duas outras cachoeiras conhecidas como gêmeas, a Barra Grande e Fazenda Velha, com 130 metros e 100 metros, respectivamente.
Mudando um pouco o foco para o lado cultural, aproveite para conhecer de perto uma igreja típica da região, a Linha Esperança (10 quilômetros), quase tão grande quanto a matriz no centro da cidade, mas com um colorido incrível. Para finalizar, se você ainda tiver pernas e fôlego, encare a subida da serra da Esperança, que te levará até a cidade vizinha de Gurapuava.
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Urubici
Com pouco mais de 10 mil habitantes, Urubici fica no centro-sul de Santa Catarina e é um verdadeiro paraíso outdoor para mountain bikers, corredores e remadores. Urubuci é uma das cidades mais frias do Brasil, portanto o Carnaval não é seu grande atrativo – então a cidade se torna uma delícia nas montanhas nesta época do ano.
Várias agências de viagens oferecem roteiros legais para aproveitar as trilhas do município no pedal. Um exemplo é um downhill alternativo e técnico de 10 km, começando do alto do Morro da Igreja (1.822 metros de altitude). Ou então pegue um estradão de terra de 40 km e passe pelo exuberante Vale do Rio Canoas e pela Cascata Véu de Noiva (parada obrigatória) até chegar a uma fazenda colonial que, atualmente, tem na culinária orgânica um atrativo saborosíssimo.
Não deixe de conhecer o cânion Espraiado em um trekking de 28 km (ida e volta) no entorno do Parque Nacional de São Joaquim, na região do vale do Rio Canoas. É considerado o maior da região de Urubici. Para os esportes aquáticos, as práticas acontecem no rio Canoas, cujas corredeiras variam entre os níveis fácil e intermediário.
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Riacho Doce
A praia de Riacho Doce pertence ao distrito de Itaúnas – uma das “capitais” do forró, localizada no litoral norte do Espírito Santo, na divisa com a Bahia. Mas os 10 km que separam esta vila de Riacho Doce são suficientes para qualquer rastro de badalação desaparecer. Você vai encontrar uma imensa praia deserta de se perder de vista para os dois lados, cortada por um córrego de água escura que desemboca no mar e que dá nome a esse paraíso e divide o Espírito Santo da Bahia.
Sempre bem ranqueada na lista das “melhores praias desertas do Brasil”, Riacho Doce no verão é quente e ensolarada, mas ao mesmo tempo refrescante. O mar tem ondas fracas, e a temperatura da água costuma ser agradável.
Serra da Canastra
A Serra da Canastra fica no sudoeste de Minas Gerais e possui algumas das paisagens mais deslumbrantes do Brasil. É lá que fica o berço de um dos mais famoso dos rios brasileiros, o São Francisco. A região é também habitat de espécies como tamanduá-bandeira, lobo-guará, veado-campeiro, ema, tucanuçu e o pato-mergulhão.
O lugar é perfeito para trekking e mountain bike e tem bons trechos de corredeiras para rafting e canoagem. Porém esses esportes ainda são pouco explorados por lá. Para aproveitar o clima de verão, existem diversas cachoeiras, sendo um dos seus cartões-postais a da Casca D’Anta, maior queda do rio São Francisco, de quase 200 metros. Para um bom banho, a Cachoeira da Chinela, situada em uma propriedade particular próxima ao município de Vargem Bonita (entrada de R$ 10,00), é acessível por uma trilha e possui uma a bela queda e um profundo poço.
Não deixe de experimentar e também levar para casa o produto típico mais importante da região: o queijo da Canastra, artesanal e feito de leite cru. Produzido há mais de 200 anos, é “primo” distante do queijo da Serra da Estrela, de Portugal, trazido pelos imigrantes da época do Ciclo do Ouro.