Consciência Negra: 5 nomes que fazem a diferença na vida outdoor

Por Redação

Divulgaçao: Carlos Dias Ultra
Divulgaçao: Carlos Dias Ultra

Com o intuito de promover à reflexão sobre o valor e a contribuição da comunidade negra para o país, neste domingo, 20 de novembro, é reconhecida a Consciência Negra. A data marca o dia em que o líder Zumbi dos Palmares, um dos maiores protagonistas da luta antiescravista e antirracista, foi assassinado em uma emboscada em 1965.

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Há quem diga que racismo já não existe mais e que uma das maiores provas é o universo esportivo – uma vez que inúmeros profissionais negros de atletismo, lutas, futebol e outros esportes, obtiveram sucesso.

Este olhar, entretanto, não reflete a realidade. Ainda que o futebol e o atletismo sejam esportes mais democráticos – já que não exigem um investimento muito grande – isso não significa que o racismo não tenha atingido esses campeões.

Além disso, não são em todas as modalidades que a maioria da população brasileira está representada. Os esportes ao ar livre, também conhecidos como esportes outdoor, ainda são um nicho com pouca representatividade negra. Isso significa que, mesmo 327 anos depois do assassinato de Zumbi, as oportunidades seguem desiguais e injustas.

Com o intuito de promover a discussão acerca do racismo, da discriminação, das desigualdades sociais e da história e cultura afro-brasileira, separamos alguns nomes de esportistas negros brasileiros que fazem a diferença na vida ao ar livre – e devem ser lembrados.

Alpinista Aretha Duarte

Quem pratica montanhismo sabe que adquirir experiência neste esporte requer recursos financeiros altos – e a maioria das pessoas não pode se dar o luxo de pagar por isso.

Nascida e criada na periferia de Campinas, no interior de São Paulo, Aretha Duarte foi a primeira mulher negra e latino-americana a chegar ao topo do Everest.

A conquista aconteceu em 23 de maio do ano passado e segundo a alpinista foi a prova de que vivemos um racismo estrutural. “Como explicar que, em um país onde a maioria da população se declara negra, somente agora vimos um feito como este?”, escreveu ela para a Go Outside de novembro de 2021.

Para poder partir rumo ao topo do Everest, Aretha voltou a trabalhar com reciclagem de resíduos e conseguiu garantir um terço do investimento necessário. A outra parte foi alcançada com financiamento coletivo, bazar de roupas e móveis, leilão de celulares e captação de patrocínio.

Desde a conquista pessoal, ela soma sua força em diversos projetos que buscam promover a inclusão social e equidade de oportunidades também nas atividades junto à natureza.

Atleta amadora Ellen Valias

Quando você pensa em atletas ou praticantes de esportes, como você imagina essa pessoa? A maioria de nós pensa em alguém magro, com músculos definidos. Isso acontece devido a uma constante construção social imposta por veículos de comunicação, redes sociais e marcas esportivas que sempre representaram os esportistas dessa forma.

Na contramão desse paradigma, a atleta amadora Ellen Valias tem feito um importante trabalho de influência e conscientização por meio do seu perfil @atleta_de_peso que conta com mais de 145 mil seguidores.

Por lá, a influenciadora mostra que exercício físico é para todos e inspira mulheres, negros e pessoas gordas a construirem uma nova relação com a atividade física. Recentemente, Ellen completou sua primeira maratona de 21km.

Escalador Rafah Rebello

 O escalador Rafah Rebello mora na Chapada Diamantina e tem um verdadeiro paraíso das vias em rocha à sua disposição. Mas, além de ter muita experiência e ser referência no esporte, ele também soma na vida de outras pessoas.

“Minha maior motivação é compartilhar conhecimento com quem ainda não tem acesso à modalidade, levando mais inclusão e diversidade, estimulando outras pessoas racializadas a escalarem e praticarem esportes ao ar livre”, contou ele à Go Outside em fevereiro.

Para fomentar o esporte, Rafah voluntaria no projeto @escalalec , que visa difundir a prática de escalada entre jovens na cidade baiana Lençóis. Além disso, ele também faz parte do grupo Negritude Outdoor que incentiva a inclusão de pessoas negras aos esporte de aventura.

Ultramaratonista Carlos Dias

O ultramaratonista Carlos Dias tem 29 anos de experiência na corrida e já percorreu longas milhas em todos os continentes. Dos extremos de temperatura Antártida, ao deserto do Saara, passando pelo mais úmido, na Mongólia, e o mais seco no Atacama. Além do Nepal, vulcões do Equador, savanas da Ilha de Madagascar, florestas do Sri Lanka e a nossa  floresta Amazônica.  

Minha motivação? Eu comecei a brincar em uma rua sem saída em São Bernardo do Campo (SP), onde era inimaginável e socialmente impeditivo sonhar com grandes desafios. Mas eu ousei sonhar e decidi ser protagonista da minha história mesmo tendo a consciência do caos que o mundo me oferecia”, escreveu Carlos para a Go Outside em 2021. 

Ele também somou forças com o coletivo Negritude Outdoor quando realizou uma prova de 12 horas de corrida ininterrupta em prol da comunidade da Brasilândia (SP). Além disso, o ultramaratonista é também palestrante e único latino americano eleito um dos Super Humanos de Stan Lee, prêmio que destaca os feitos de heroísmo e altruísmo de pessoas comuns. Atualmente, Carlos segue correndo, representando e trazendo visibilidade para várias causas sociais. 

CEO do Afro Esporte Mia Lopes

A jornalista Mia Lopes exerce um papel fundamental no movimento de inclusão e profissionalização da população negra e LGBTQIAP+ nos esportes. Seu principal campo de atuação é o Afro Esporte, o primeiro laboratório de conteúdo e agenciamento de carreira para atletas negros e LGBTQIAP+.

Segundo ela, a cor é o fator primordial para a falta de desenvolvimento na carreira, já que atualmente as marcas se preocupam com seguidores, influência nas redes sociais e perfeição nos conteúdos preparados para as mídias. Pensando nisso, o Afro Esporte faz o gerenciamento de carreira dos atletas, suporte de treinamento e formação voltado para produzir conteúdos.

Além disso, pelo LinkedIn, Mia criou uma comunidade de pessoas negras que se conectam para fazer networking. Uma das ações é o #BlackLinkedIn, um compilado semanal de oportunidades que reúnem inclusão e diversidade no mercado, além de dicas de entretenimento.