Levar crianças para trilhas e travessias é maravilhoso, mas não é simples. A partir da decisão da família de passar tempo na natureza, diversas escolhas logísticas impactam na qualidade da experiência. Dentre os desafios, o transporte da criança foi beneficiado pela tecnologia e materiais disponíveis no mercado. Assim, dentro das opções, como escolher a melhor mochila para carregar crianças na trilha?

+ Infância Outdoor: 5 destinos de aventura para curtir com as crianças
+ 10 dicas infalíveis para acampar com crianças
+ Passeio em família: como planejar os lanches das crianças em aventuras ao ar livre

Existem diversos carregadores de bebê, como wrap, slings de anéis, carregadores ergonômicos e mochilas próprias para isso, também conhecidas como kid carrier. Embora todas essas opções funcionem para caminhadas, vamos tratar de mochilas técnicas, que oferecem condições ideais para trilhas curtas e longas, que além disso, atendem uma ampla faixa etária.

Mochila para carregar crianças na trilha: premissas básicas

O primeiro fator a levar em consideração na escolha da mochila ideal para sua família é a frequência de uso e as atividades que vocês pretendem realizar. Trilhas e travessias de múltiplos dias demandam uma reflexão sobre a capacidade de armazenamento. Trilhas técnicas que envolvem escalaminhadas impactam na análise da estrutura da mochila. Caminhadas em florestas urbanas e parques admitem uma opção mais simples.

Outro aspecto fundamental é analisar as especificações técnicas e a estrutura física de quem vai carregar a mochila, principalmente em casos onde duas ou mais pessoas tenham o interesse de revezar o transporte da criança. O conforto e a segurança estão diretamente relacionados ao ajuste adequado.

Pensando na sua pequena ou no seu pequeno, é preciso identificar se já existem os sinais fisiológicos indicativos de que a criança está em condições de ser transportada na mochila. É necessário que ela consiga sentar sem ajuda e tenha controle total da cabeça e do pescoço. Para além disso, considere as especificações técnicas da mochila de sua escolha relativas ao peso e às medidas.

Conhecendo uma mochila para carregar crianças na trilha

Podemos pensar na mochila para carregar crianças dividindo-a em duas partes: o local onde seu pequeno passageiro será transportado (Cockpit) e a estrutura comum às mochilas de trilhas. A seguir, vamos analisar essas duas partes.

COCKPIT

O “cockpit” fica localizado na parte superior da mochila. Como uma cabine de piloto, tem a finalidade de garantir a segurança e o conforto da criança durante a atividade. Encontre um tamanho adequado às dimensões da criança e considere os seguintes itens para análise:

1. Assento

Geralmente, o ajuste da altura do bebê no cockpit será realizado regulando a altura do assento. Entenda como fazer essa regulagem e observe o conforto da criança em contato com o material da mochila escolhida.

2. Ajustes de segurança

Existem diversos tipos de dispositivos de segurança. Tem modelos em que o ajuste é constituído de duas alças sobre os ombros, outros que utilizam o sistema de três fivelas. É importante entender o tipo de uso e o quanto a criança gosta de se mover dentro da mochila para fazer essa escolha. No nosso uso, identificamos que as opções com ajuste nas pernas e peitoral minimizam o impacto dos movimentos da criança no nosso equilíbrio.

3. Cobertura

Uma espécie de “teto” que serve para proteger do sol, de chuvas leves e como suporte para fixação da capa de chuva. Ao escolher uma mochila considere onde essa cobertura é guardada quando não está sendo usada e se o material resiste às brincadeiras da sua criança.

4. Apoio para os pés

Em trilhas longas ela alterna momentos de pé apoiados, deixando a perna solta e encaixando o pezinho embaixo do assento. O problema da última opção é o joelho incomodando minhas costas. “Pés no estribo e calcanhar para baixo!” é a brincadeira que introduzimos para a Maya se acostumar com o apoio dos pés. Durante a escolha da mochila, é interessante identificar esse ajuste para conseguir regular a altura para a criança.

ESTRUTURA 

Voltando a atenção para a estrutura da mochila, a escolha deve ser balizada pelos mesmos aspectos a serem considerados na escolha da “cargueira”. A relação da sua dimensão com as especificações, o sistema de transferência de peso para a barrigueira e o volume de armazenamento nos bolsos são fundamentais. Um ponto extra a ser considerado é o suporte para deixar a mochila “em pé” no momento de colocar e tirar seu pequeno passageiro.

Dicas práticas

Ajustes
Antes de colocar sua criança na mochila, ajuste-a no seu corpo. Nossa dica é seguir de baixo para cima. Primeiro ajuste a barrigueira no seu quadril, depois puxe os tirantes inferiores da alça da mochila ajustando-as em seus ombros e por fim puxe os tirantes superiores trazendo a mochila para perto da parte superior das suas costas.

Altura
Lembre-se que quando a criança está “embarcada” provavelmente a cabeça dela estará mais alta que a sua. Atente-se para obstáculos como galhos de árvores, portas e tetos.

Ludicidade
Brinque com a criança sobre o transporte na mochila. Se possível, nos primeiros dias, introduza a mochila na rotina da casa com brincadeiras de entrar e sair, brinquedos de estimação passeando na mochila ou com a ideia delas estarem “dirigindo” a mochila.

Mais ludicidade
Durante o uso, é interessante ter alguma distração presa na mochila e ao alcance das mãos da criança. Em trilhas longas, o GPS já ficou preso por ali e virou o telefone da nossa filha.

Capa de chuva
Um acessório muito interessante é a capa de chuva. Além de proteger de chuvas mais fortes (que o “tetinho” não segura) pode ser muito útil em locais de muito vento.

 

*Edinho Ramon e Bia Carvalho são pais da Maya, criadores da página Sua Casa é o Mundo e diretores do filme Lugar de Criança. Aqui na Go Outside eles assinam a coluna Infância Outdoor.