Um relato guiado do Circuito W, um dos rolês mais animais da Patagônia
Texto e fotos: Átila Ximenes
No Chile, o Parque Nacional Torres del Paine guarda um dos trekkings mais procurados, cênicos e desafiadores do mundo: o famoso Circuito W. Em 2015, o blogueiro e viajante profissional Átila Ximenes eliminou esse rolê de sua “lista das coisas a fazer nessa vida”, e nos mandou seu relato – seguido de um “passo a passo” para você fazer também. Não é fácil, mas indo bem preparado e com um pouco de planejamento, é bem possível. Leia a seguir.
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“Já passava das cinco da tarde de uma terça-feira de março quando eu desci do ônibus em frente à portaria Laguna Amarga. Agora era só para pagar a taxa de entrada do Parque Nacional Torres del Paine para dar início a mais um desafio. Um forte vento frio batia em minha cara e me dava as boas vindas. Naquele momento, eu abria um sorriso que não cabia no meu rosto.
Localizado na Patagônia, mais especificamente na região de Magalhanes e Antartida Chilena, o Parque Nacional Torres del Paine está localizado a 400 km de Punta Arenas e a 112 km de Puerto Natales, duas referências daquela região. Com uma sólida reputação quando o assunto é trekking, natureza e aventura, Torres del Paine é muito desejado por aventureiros do mundo inteiro.
A primeira vez que pisei em Torres del Paine foi em 2013 – que também foi a minha primeira vez na Patagônia. De cara, a energia daquele lugar tomou conta de mim. Voltei para casa falando para todos que tinha encontrado o meu lugar no mundo e que, portanto, voltaria outras vezes. Este primeiro contato durou apenas três dias. Eu queria mais e, e no final de 2014, comecei a planejar o meu retorno, que seria diferente da minha primeira vez: teria que ser um desafio maior. Sonhava em completar o Circuito W, um trekking de 71 km de extensão com duração de quatro dias e que passa por bosques, lagos e glaciares – debaixo de sol, neve ou chuva. Em março de 2015, lá estava eu novamente, parado na entrada do parque com o meu mochilão nas costas, carregando 15 kg de roupas, equipamentos e um sonho, que estava prestes a ser realizado.
O Circuito W nos desconecta da vida normal, nos faz esquecer o cotidiano para que possamos viver momentos com o nosso corpo e mente apenas, junto à natureza. Todos os dias eu acordava cedo, vestia as camadas de roupas, conferia os equipamentos e partia rumo ao próximo refúgio. Todo o esforço que eu fazia, além das dores nas costas e nos pés, era recompensado pelas paisagens incríveis da Patagônia. Este trekking é intenso para iniciantes no ‘mundo da montanha’, e em todos os momentos eu também era desafiado por uma mistura de sentimentos.
No último dia, ao entrar no barco que me levaria do refúgio a uma das saídas daquele parque nacional, fui tomado por uma adrenalina diferente. Naquele dia, eu tinha acordado com 29 anos e acabara de ganhar o melhor presente de aniversário até hoje: conseguir concluir o sonhado trekking W. Foram 71 km andando entre montanhas, conhecendo pessoas de todas as partes do mundo, fazendo novos e inesquecíveis amigos e o principal: tinha acabado de ticar mais um evento de minha Bucket List (relação de coisas a se fazer antes de morrer).”
Vai nessa:
O que: Trekking W – Torres del Paine, Chile
Quando ir: Novembro e dezembro são os melhores meses. Em janeiro e fevereiro, o clima ainda é bom, mas o parque está mais cheio.
Preparação: Para encarar o Circuito W, basta ter força de vontade, amor à natureza e espírito de aventura. Mas saiba que o esforço físico é intenso, com pernadas de 8 a 12 horas de duração por dia. Esteja preparado também para as subidas.
Vestuário: Leve roupas de frio e uma boa jaqueta impermeável, pois lá costuma ventar, chover e nevar, inclusive no final do verão. Não esqueça também da segunda pele (camiseta e calça), de uma calça impermeável e boas botas.
Alimentação: Há restaurante nos refúgios. O pacote da Fantastico Sur, agência que opera no Parque Nacional Torres del Paine, inclui café da manhã, box lunch (sanduíche, água, frutas secas e chocolate) e jantar. Também não se esqueça do kit de primeiros-socorros.
Leveza: Fique atento para que sua mochila não ultrapasse os 10 kg. Carregar muito peso prejudica o desempenho na montanha, principalmente para quem não está acostumado andar com mochilas cargueiras.
Pernoite: Os quartos dos refúgios são coletivos, cada uma com seis camas. São oferecidos lençóis, cobertores e sacos de dormir. Os refúgios Torres Central, Los Cuernos e Paine Grande são ótimos e quentinhos – ao contrário do refúgio Chileno.
Quem leva: Fantastico Sur. É possível fazer este trekking de maneira independente, dormindo em campings e carregando a própria comida (e barraca).
Sobre o autor: Átila Ximenes é mergulhador, videomaker e fundador do blog Vou Contigo Lifestyle. Viajar é uma paixão que já o levou a 17 países.