Brasileiro chega ao cume do Everest para pedir preservação do planeta

Brasileiro chega ao cume do Everest para pedir preservação do planeta
Foto: Divulgação

O esportista e empreendedor Bernardo Fonseca, de 45 anos, realizou um grande feito no último dia 22 de maio, após quase 50 dias de expedição com o projeto The Extra Mile. Fonseca tornou-se o 35º brasileiro a alcançar o cume do Monte Everest (8.848 metros), em uma jornada marcada por diferentes desafios e pela mais do que esperada força implacável da natureza. Aliás, foi por ela que o multiatleta topou subir a montanha mais alta do mundo, com o objetivo de chamar atenção para o lixo que, ano a ano, é deixado para trás na região.

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No trajeto, ele entrou em contato com diferentes iniciativas inspiradoras que buscam conscientizar e preservar a beleza de todo o ecossistema dos Himalaias. Uma delas é o Sagarmatha Pollution Control Committee (SPCC), organização ambiental, sem fins lucrativos, criada por sherpas – povo de etnia de origem tibetana – em 1991. Os gestores explicam que a entidade nasceu justamente por conta da crescente preocupação com o gerenciamento do lixo gerado pelos turistas que, há década, vêm tentar a escalada ao Everest – a primeira delas realizada em 1953, pelo neozelandês Edmund Hillary e seu guia nepalês Tenzing Norgay.

Hoje, os desafios enfrentados pela SPCC são imensos e vão desde a falta de recursos financeiros a uma barreira cultural em relação ao tema. Nos últimos anos, segundo a entidade, mais de 25 toneladas de resíduos sólidos foram retirados do local. Neste cenário, as montanhas ficam repletas de comidas abandonadas, cilindros de oxigênio vazios e até dejetos humanos. Com a mudança climática, os problemas ficam cada vez mais perceptíveis, podendo causar contaminação de rios e afetar a saúde dos povos da região.

Outra iniciativa que faz a diferença na região é o Sagarmatha Next, idealizada pelo visionário esportista sueco Tommy Gustafsson. O objetivo da entidade é promover o turismo sustentável em Khumbu e, a fim disso, adotam várias medidas para mitigar os efeitos da poluição, como o projeto Carry me Back. A proposta é simples, mas com um impacto imenso: a ONG espalha lixeiras seletivas ao longo da trilha e coleta lixo em hotéis e lojas, por exemplo. Depois, esse material é triturado e colocado em ecobags. Na saída do vilarejo de Namche Bazaar, sacolas são oferecidas aos alpinistas que estão descendo para a cidade de Lukla para que o lixo seja descartado adequadamente.

“O nosso objetivo era dar voz a coisas boas, as iniciativas apesar de serem pequenas, são muito legais. O problema mais sério para o recolhimento do lixo é quando vamos para os pontos mais altos, por ser um lugar remoto é mais difícil de escolher. Mas, além das iniciativas, várias expedições estão com uma visão sustentável. Como o recolhimento de cilindros vazios”, explica Fonseca.

Apuros na Montanha

Antes de iniciar a subida da montanha, Fonseca procurou realizar uma imersão cultural com os povos da região. Em um momento muito aguardado por todos os alpinistas, ele participou da Cerimônia Puja, quando todos se reúnem para pedir permissão e passagem segura à Chomolungma (que significa Deusa Mãe das Montanhas), como é conhecido o Everest no Himalaia.

O pedido de segurança não é um mero rito cerimonial, Fonseca presenciou durante as várias etapas da escalada momentos de tensão e os perigos que a montanha pode proporcionar. Um deles na Base Camp (5.364 metros de altitude), quando ele e o experiente alpinista e cinegrafista Gabriel Tarso adoeceram. Ambos foram diagnosticados com Khumbu Cough, uma tosse causada pelo ar frio e altitude do local.

Outro momento de grande apreensão foi na descida, quando Tarso passou uma situação de enorme perigo. Extremamente fraco, ele percebeu que o cilindro de oxigênio estava vazio – não por acaso, uma das principais causas de morte no Everest é pela falta de oxigênio, quando os escaladores ultrapassam os 8 mil metros de altitude na chamada zona da morte.

Mais à frente, percebendo a ausência de Tarso, Fonseca voltou para procurá-lo. “O Gabriel só sobreviveu porque é muito forte. Subimos, em um momento de enorme apreensão, colocamos outro oxigênio e fomos no sacrifício para descer. Arrastamo-nos para o campo 4 e conseguimos sobreviver.” Depois, diz Fonseca, ambos desceram a montanha já esgotados.







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