#365para42: os benefícios da corrida para os casais

Por Cacá Filippini

Cacá Filippini e Antonio Dib. Foto: Diogo Brum.

Na semana em que acabamos de celebrar o amor, trago aqui histórias de casais que juntos planejam novos desafios, se ajudam e fortalecem ainda mais seus relacionamentos, por meio da corrida.

De acordo com especialistas em comportamento humano, a corrida conjugal vai além do condicionamento físico do casal, a disposição individual para a realização das tarefas diárias e a qualidade de vida de cada um.

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Quando um casal passa a correr junto, a interação aumenta consideravelmente, pois ambos começam a se sintonizar de uma maneira bem melhor. Ao se manterem unidos na corrida, os casais acabam se conhecendo melhor, compartilhando ideias, projetos, conquistas — enfim, a cumplicidade se faz presente.

Assim que eu, Cacá Filippini, conheci meu marido, Antonio Dib Cardeal, ouvi: “se disser que corre, caso com você hoje mesmo!” E adivinhem? Desde então, fazemos planos e programas ligados à corrida.

Não à toa, no último dia 12 de junho, dia dos namorados, lá estávamos os dois, correndo a Maratona Internacional de Porto Alegre, eu, os 21.095 km da Meia Maratona e ele, os 42.195 km da Maratona. E dentre 15 mil corredores, éramos de longe, o único casal.

A médica de 37 anos, Amanda Sales, e seu marido, Nicolas Rangel Travassos, 42, são exemplo de fortalecimento da relação através da corrida. Inicialmente (meados de 2013) ela sedentária e ele, personal trainer, mergulhado nos treinos longos de bike aos finais de semana, se viram em um cenário que poderia trazer dificuldades para a relação.

Amanda conta que decidiu usar esse tempo que o marido se ausentava, para fazer algo também e descobriu a corrida.

“Comecei a correr com muita dificuldade, pois não sabia controlar a respiração e sempre acabava com dores. Com o tempo, fui pegando a prática e comecei a fazer provas de 5K e, depois de algum tempo, 10K.”

Mesmo após uma parada para o nascimento de sua filha, Amanda decidiu fazer uma maratona em 2017 e em Boston 2019 , Nicolas a acompanhou e seis meses depois, estava também cruzando a linha de chegada dos seus primeiros 42K. No último domingo, o casal completou mais uma maratona e 12 anos de relacionamento.

O casal de advogados, Jéssica Acocella, 36, e Rodrigo Sampaio Ribeiro de Oliveira, 45, se conheceu treinando na mesma assessoria de corrida. E apesar do foco dela ser as maratonas e o dele, a ultramaratona de montanha (122 km), o casal montou um esquema para manter os treinos individuais e os cuidados da filha de 3 anos.

“Infelizmente, são poucas as oportunidades em que conseguimos treinar juntos. Mas adoramos compartilhar nossos treinos, conferir no relógio do outro como foi, ficamos estudando juntos a performance, evolução, etc.” – e completam: “Como os dois amam o esporte, somos muito compreensivos um com o outro, entendemos a necessidade de treinar, respeitamos as metas e objetivos de cada um, mesmo que isso envolva, às vezes, um tempo a menos para estarmos juntos.” E nesse dia 12, fecharam o dia, com a filhota e suas medalhas no peito.

Vinte e uma meia maratonas, sete maratonas pra ela e seis pra ele, é o resumo das realizações do casal, Rodrigo Fortes, 51 anos, e Ana Alice Rehem Fortes, 40. A fisioterapeuta e o engenheiro eletricista, casados há 17 anos e com 2 filhos, contam que a paixão pela corrida não foi algo que aconteceu rapidamente.

Ana Alice corre desde 2002 e passou dez anos tentando levar o marido para a modalidade. Ele, no surfe, decidiu dar uma chance para a prática, depois de acompanhar a esposa em uma prova no Rio de Janeiro, e ao voltar para Fortaleza, onde moram, se matriculou em uma assessoria, entrando de vez para o time de corredores.

Embora sigam cada um seu ritmo, saem sempre juntos para treinar. “A corrida é um momento só nosso. Ao sairmos de casa já correndo, vamos conversando de tudo, vários assuntos, de filhos até amenidades, e já rolou até DR(s)!” – afirmam. Sem muito planejamento prévio, ela pediu ao marido um presente de 40 anos: a inscrição da Maratona de POA, e ele, não apenas deu à ela, como também contabilizou mais uma meia-maratona para sua conta.

A administradora, Aline Keiko, de 40 anos, corre há seis anos e nesse Dia dos Namorados viu seu marido, André Machado, 45, completar seus primeiros 42K. “Sabemos que a corrida hoje tem um papel importante na nossa vida como casal e como pais, pois nos faz ter uma rotina melhor, o que reflete na nossa casa”. Eles complementam: “Sempre trocamos as experiências dos treinos, que fazemos distantes, e quando treinamos juntos, a sincronia se mantém. Temos as mesmas percepções do que a corrida traz e aproveitamos muito o que conquistamos”. Assim, além de correrem juntos nesse dia 12, celebraram seu 25⁰ Dia dos namorados juntos!

E por falar em primeira vez correndo, Marcelo Vaz da Silva surpreendeu sua esposa, Victoria, inscrita para correr sua primeira Meia Maratona, alguns minutos após a largada. O policial civil se inscreveu para a mesma prova, sem contar para ninguém e, detalhe, sem nem mesmo treinar para o feito. Marcelo registrou em vídeo, a reação de sua esposa, ao encontrá-la durante a prova e dizer que correria ao seu lado, como surpresa de Dia dos Namorados!

Motivada por seu pai, esportista aos 60 anos, Victoria vem fazendo algumas provas de 10K desde o último ano, e não imaginava que o pai de suas duas filhas faria algo parecido. “Fiz a inscrição, sem que ela soubesse e sem gostar de correr. Peguei o kit sem ela imaginar e deixei guardado em um armário na minha garagem. Me troquei escondido no banheiro e ainda levei bronca por demorar lá dentro. Disse que iria vê-la largar e tão logo ela se foi, tirei a roupa de cima, e fui também.”

O corredor estreante completa: “Tivemos alguns estranhamentos antes da corrida por conta do frio que estaria no dia e a distância que ela tinha escolhido. Vic chegou a dizer que eu estava desestimulando-a, quando na verdade, eu estava desabafando porque sabia que eu teria que enfrentar isso com ela também!”, concluí rindo.

Já o casal Marina Abuhamad Motta (Nina), 28, e Lucas Franco Carelli, 29, se conheceu na equipe de atletismo da Universidade de Engenharia e, ao se formarem, se inscreveram em uma assessoria de corrida para não perder o elo com o esporte. Nina costuma ter dicas sobre treinos de velocidade e de força, herança da época do atletismo, e Lucas, apaixonado pelo endurance, sempre contribui com experiência em aproveitar muitas horas de corrida.

“Sentimos no nosso dia a dia que a corrida traz uma união muito forte para o casal. Estamos sempre dividindo nossas experiências, um com o outro. Além de sempre nos preocuparmos em fazer nossa rotina e planilha de treinos acontecer”, nos conta. Eles decidiram correr uma meia maratona no dia 12. “Fazer a prova juntos é uma forma de coroar a nossa rotina juntos, ou seja, uma excelente maneira de recompensar todo o esforço que colocamos individualmente e um pelo outro, no dia a dia”, conclui o casal.

Em busca de qualidade de vida, o casal de médicos, Hevelyn Noemberg de Souza Garcia e Rodrigo Ferreira Garcia, que acumula muitos quilômetros, conta que ela começou na esteira da academia em 2001 e provas curtas de rua e ele, que trabalha diariamente com pacientes com obesidade, precisou chegar aos 106 kg para mudar seu estilo de vida.

“Que rumo estava tomando em minha vida e com a minha saúde? Eu me tornaria paciente de mim mesmo? Que exemplo, eu obeso poderia fornecer aos pacientes que me procuram com o intuito de emagrecer?”, foram algumas de suas reflexões que o motivaram, desde 2006, a enfrentar as manhãs geladas curitibanas e correr. O casal que afirma que todo dia é Dia dos Namorados, ainda diz: “Corremos juntos pelo ideal da saúde. Incentivo é a palavra que melhor define tudo. Quando um está mais cansado, o outro vem com atitudes de motivação.”

E para fechar essa longa matéria, temos Cristiane Diaz, 54 anos, e Edward Teófilo, 58, meus “vizinhos companheiros” de treinos nas manhãs semanais dentro do condomínio que moro. A arquiteta, começou a correr em 2010, com a intenção de emagrecer no pós parto e levou o marido, corretor de seguros e praticante de futebol a deixar de correr atrás da bola, para correr em busca do seu melhor tempo.

Juntos, pesquisam técnicas, equipamentos, fortalecimentos e compartilham os aprendizados e as inovações. “Já passamos vários perrengues juntos na corrida e nos divertimos também”, conta Cris. “Mais importante, é a admiração e o respeito pelo outro!”, concluem os maratonistas que celebraram o dia, superando mais um desafio juntos.

É unânime para todos os casais com quem conversei que: A corrida, não é só uma atividade física, mas um elo que une e fortifica como casal.







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