Atleta indígena representará o Brasil no Pan-Americano de cross-country

Manuel Tsiwario é natural da aldeia Três Lagoas, na Terra Indígena (TI) Sangradouro/Volta Grande, em General Carneiro (MT). Foto: Reprodução / CBat.

Natural da aldeia Três Lagoas, a 452 km de Cuiabá, o indígena Xavante Manuel Tsiwario, de 16 anos, será um dos representantes do Brasil na categoria dos Campeonatos Pan-Americano e Sul-Americano de Cross Country. As disputas acontecem, neste domingo (27), em Serra, no Espírito Santo (ES).

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Campeão da etapa regional do Centro-Oeste, realizada no dia 20 de fevereiro, em Bonito (MS), ele terminou em quarto lugar na etapa nacional da Copa Brasil Loterias Caixa, no dia 13 de março. Na ocasião, ele completou os seis quilômetros em 21:50, na cidade de Serra (ES).

De acordo com a assessoria da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), o progresso de Manuel é um exemplo de como o atletismo é uma das mais efetivas ferramentas de inclusão no esporte brasileiro. O atleta, que teve o talento descoberto pelo professor de Educação Física e vice-prefeito de Barra do Garças, Sivirino Souza dos Santos (PSD), em dezembro de 2020, tem pouco mais de um ano de treinamento.

“Pensei muito se ia, porque era longe – 260 km -, perto do Natal e num período de muita chuva, com trajeto de muita lama na estrada de terra. Acabei indo e o Manuel correu descalço e, aos 15 anos, fechou a prova de 10 km em 36:37. Fiquei impressionado.”, relembra o treinador.

Ainda conforme a CBAt, na época, Sivirino falou com o pai e o avô do atleta, o cacique Ricardo Tomotsudzarebe, que conheceram a estrutura da equipe em Barra do Garças. Em janeiro do ano passado, Manuel começou a treinar na cidade. Nesse momento, ele mora na Casa dos Atletas do município, que fica na Vila Olímpica do bairro Jardim Piracema.

O treinador conta que Manuel está descobrindo um mundo novo, onde tudo é novidade. “Ele ainda tem muitas dificuldades de comunicação, nunca havia saído da aldeia e está aprendendo português. Eles gostam de correr, mas tem menos gosto pelo treino. Nunca havia viajado de avião, como foi para Serra, nunca tinha andado de escada rolante, de elevador, ou ficado em prédio como no hotel”, diz Sivirino.

O parlamentar explica que o objetivo é expandir ainda mais a prática de corridas entre os povos Xavantes no Vale do Araguaia, calculados em 26.000 índios. “Estamos em busca de parceiros para realizar a 1ª Olimpíada do Vale do Araguaia”, disse.

O Brasil já teve outros atletas indígenas em suas seleções. Yuri Moreira Benites, da etnia Guarani Kaiowá (MS), participou de competições sub-20 no lançamento do dardo, assim como Mirelle Leite, da etnia Xukuru (PE), nos 3.000 m com obstáculos e 5.000 m.

Sobre os campeonatos Os Campeonatos Sul-Americano e Pan-Americano de Cross Country são organizados pela Confederação Brasileira de Atletismo em parceria com a Federação Capixaba de Atletismo. O Brasil contará com 18 atletas – 9 no masculino e 9 no feminino – as categorias Adulta, Sub-20 e Sub-18. Estão inscritos ainda representantes do Canadá, México, Paraguai, Uruguai, Peru, Bolívia e Colômbia.

Fonte Olhar Digital







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