Que tal pegar um caiaque, viajar deslizando pela água, em total sintonia com a natureza? A pedido de nossos leitores, preparamos uma lista com seis grandes roteiros no Brasil e no exterior repletos de paisagens incríveis para você desbravar de caiaque.
Volta da Ilha Grande (RJ)
Considerada umas das principais viagens de caiaque do Brasil, a volta da Ilha Grande é uma travessia que pode ser feita, remando, em quatro ou cinco dias. Localizada no Rio de Janeiro, a ilha é uma das mais bonitas do país e atrai turistas de todo o mundo. A viagem, oferecida por agências como a Aroeira Outdoor, tem como ponto de partida e chegada Angra dos Reis, na costa do Estado.
Trata-se de um desafio considerável, com trechos em mar aberto e um percurso de cerca de 120 quilômetros. É Recomendado para canoístas com alguma experiência e bom preparo físico. Só com a força dos braços, é possível percorrer e avistar belíssimas penínsulas e enseadas escondidas, e chegar a praias isoladas – e, o melhor, acampando durante o percurso.
As praias têm areia clara e água transparente, variando entre tons de azul e verde. Durante toda a expedição, dá para avistar o relevo acidentado da ilha, coberto por vegetação de Mata Atlântica. O esforço de remar no mar é recompensado pela companhia constante de aves, peixes coloridos e até tartarugas. Porém o rolê, feito com caiaques oceânicos, depende de condições climáticas, por isso é bom estar pronto para imprevistos como adiamentos e cancelamentos de última hora.
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Cachoeiras da Represa do Estreito (SP e MG)
A Represa do Estreito fica no Rio Grande, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, e faz parte do complexo de hidrelétricas de Furnas, um dos principais do país. A barragem tornou a área navegável, sem, no entanto, acabar com as cachoeiras que marcam o relevo acentuado da região. É possível entrar embaixo de algumas das quedas remando, um alívio agradável para o calor e o clima seco típicos que fazem dos esportes aquáticos um sucesso por ali.
A água calma é transparente e, com o sol, torna-se verde cristalina em alguns momentos do dia. O horizonte convida à contemplação, e o visual é um dos principais atrativos, assim como as praias de areia em meio ao Cerrado. Por ser uma viagem em água doce, sem ondas ou variações intensas de corrente, o passeio é adequado até para quem não tem muita experiência – mas exige bom preparo físico. Apesar da calmaria, os roteiros preveem trechos de até 20 quilômetros de distância por dia, o que pode significar de quatro a cinco horas remando.
Ilha do Cardoso (SP)
A partir de Cananéia, no litoral sul de São Paulo, pode-se remar até uma das reservas com mais Mata Atlântica preservada do país. A viagem começa na Baía do Paranaguá e segue pelas praias do Parque Estadual da Ilha do Cardoso. É um passeio com direito a revoadas de pássaros e companhia de botos-cinzas pelo caminho. O caiaque é considerado o transporte ideal ali por permitir a interação absoluta com a natureza.
“É difícil não gostar de um esporte silencioso praticado nas mais belas paisagens do Brasil. Vira uma meditação ao ar livre”, diz Gabrielle Monteiro, da Pisa Trekking, uma das agências que oferece a remada. A viagem pode ser feita em dois dias, com hospedagem em pousada no pernoite. Além da vista da mata preservada a partir do mar, outro destaque é o mangue local, no qual dá para observar caranguejos e, com sorte, até um jacaré-de-papo-amarelo, espécie ameaçada de extinção.
Saco do Mamanguá (RJ)
O litoral recortado, repleto de ilhas e baías, torna a costa ao sul de Paraty, no Rio de Janeiro, ideal para viagens a remo. É possível percorrer a região evitando mar aberto, o que faz com que o rolê seja adequado até para quem não tem muita experiência em caiaque oceânico. Além de contato direto com a natureza preservada e a água transparente, os roteiros de agências como a Aroeira Outdoor e a Pisa Trekking costumam incluir também visitas às comunidades de pescadores e artesões, nas quais é possível conhecer mais sobre os moradores e a rica história local.
Dá para fazer a viagem em um fim de semana, mas vale investir mais tempo e percorrer a costa com mais calma. Há pousadas na região, mas também dá para ficar em casa de pescadores. No fundo do Saco do Mamanguá, como é conhecida a principal baía de lá, existe uma área de mangue com acesso a um rio dentro da Mata Atlântica, uma área aonde só se chega de caiaque ou canoa.
De lá, pode-se ir caminhando até a cachoeira do Rio Grande, um dos destaques dessa aventura. Para quem ainda tiver energia depois de remar por horas, outro atrativo é a subida do Pico do Pão de Açúcar, uma caminhada de cerca de 1h30 que oferece, como recompensa, a vista de toda a baía.
Roteiro inca pelo rio Apurímac (Peru)
Um dos afluentes do rio Amazonas, o Apurímac atravessa o coração do antigo império inca, no Peru, e faz parte do circuito mundial de canoagem. Com corredeiras de graus II, III e IV (escala de nível de dificuldade do esporte, que vai de I a VI), esse rio é o destino ideal para todos em busca de aventuras mais desafiadoras.
A viagem leva, no mínimo, três dias e atravessa cânions de mais de 3.000 metros de profundidade. O roteiro da agência Apumayo Expediciones passa pela cadeia montanhosa de Salkantay, rota alternativa que os incas utilizavam para chegar a Machu Picchu – há outras empresas que combinam a viagem de caiaque com a subida até as antigas ruínas.
Pela dificuldade, a maioria dos turistas opta por fazer o passeio em barcos infláveis maiores, com equipes remando juntas. Como o rio é repleto de corredeiras e pequenas cachoeiras, descer sozinho em um caiaque individual exige técnica e experiência.
Volta da ilha de Milos (Grécia)
Para quem curte desafios esportivos aliados a verdadeiras aulas de história in loco, uma boa opção de roteiro de caiaque é dar a volta na ilha de Milos, no Mar Egeu, na Grécia. Os rochedos e encostas da ilha vulcânica contrastam com a água azul clara do Mediterrâneo, o litoral é repleto de cavernas marinhas e há diversas praias e ilhas desertas ao longo do caminho.
Milos fica entre a costa do país e Creta, bem no meio do mar dominado pelos gregos desde a Antiguidade. O percurso da volta à ilha, oferecido por agências gregas como a Sea Kayak Milos, pode ser feita acampando em praias durante cinco noites, a uma média de 15 a 20 quilômetros percorridos diariamente, o equivalente a quatro ou cinco horas remando.
Há expedições de oito dias que compreendem também as ilhas vizinhas Kimolos e Poliegos. O clima agradavelmente quente na primavera e no verão, aliado às águas protegidas e sem tantas ondulações quanto em mar aberto, fazem desse rolê um passeio prazeroso. Apesar de exigir bom preparo físico, o roteiro pode ser feito até por pessoas com pouca experiência em remo, segundo os guias da região.