Escolha como quer conhecer a Península do Mar Virado, em Ubatuba

Por Christian Fuchs

Ubatuba esconde vários tesouros naturais em seu litoral recortado, cheio de baías e praias incrustadas em paredões de rocha. Só ficam sabendo dessas preciosidades os curiosos, que vão atrás de mapas, reportagens ou guias de praias para se aventurar. O acesso difícil (muitas vezes apenas por trilhas ou pelo mar), aliado à preguiça da grande massa turística mantm esses locais razoavelmente preservados. Sorte nossa! Esse é o caso da Península do Mar Virado, que vai da praia de Lagoinha até a praia Dura.

Um passeio interessante é da praia da Fortaleza até a da Lagoinha, o que pode ser feito à pé ou de caiaque. Para chegar na Fortaleza, você tem que pegar uma estradinha vicinal de 7km que sai da praia Dura e passa pela praia Vermelha do Sul, praia do Costa, praia Brava, até chegar finalmente na Fortaleza. Apesar dos carros conseguirem ir até lá, o local é tranqüilo. Se você estiver a fim de um treino ou rolê mais duro, damos a dica: faça revezamento com os amigos. Enquanto alguns saem a pé, outros saem com caiaque. Na chegada, a galera de caiaque volta a pé e a galera do trekking pega o caiaque. Que tal?

SEM FAROFA: A região oferece praias sem barracas ou guarda-sóis, vazias como esta

CAIAQUE

1o dia

Neste roteiro sugerimos embarcar nos caiaques na Fortaleza e, antes de seguir em direção a Lagoinha, dar um rolê na direção inversa, em sentido à praia Vermelha. Esse bate-volta é bom para curtir o visual e se adaptar ao caiaque, já que essa área é bem protegida das marés e ventos. A primeira parada nesta voltinha já dá para ser feita depois de 15 minutos de remada, na praia do Costa, deserta e acessível só por trilha ou mar, com águas claras e muito abrigada. Na seqüência, entrando na baía, chega-se até a praia Vermelha, com suas casas bem mimetizadas no meio da mata. Diferente de outras praias, a Vermelha não possui nenhuma casa de frente para o mar, devido ao cinturão de mata original que foi preservado, dando um visual de praia deserta. Depois deste rolê, continue o roteiro com sentido à Lagoinha. Você vai passar pelo Pontão da Fortaleza, uma ponta de pedra muito peculiar, que protege a praia do mar aberto. A partir daí o mar começa a ficar mais agitado e já exige um pouco mais de atenção. Com mais 20 minutos de remada, você chega na praia do Cedro, uma praia deserta, ótima para acampar e pernoitar. Essa linda praia possui enormes castanheiras e uma bica de água potável fácil de encontrar. Seu Benedito, único morador do local, cobra uma taxa de camping, para ajudar na preservação. Como o camping é selvagem, é bom prestar bastante atenção nas regras básicas de mínimo impacto ecológico como levar seu lixo de volta e não cortar árvores. Total de horas remadas no dia: 2 horas

2o dia

Continue a contornar a península. A próxima praia do percurso é a do Bonete, uma praia grande, com um pouco de tombo, mas com o canto direito bem tranqüilo (olhando do mar para a praia). Ali não há acesso de carro e a luz elétrica só chegou há alguns anos. Ao contornar a ponta, fique esperto: é comum avistar tartarugas marinhas, que não percebem a aproximação silenciosa do caiaque e deixam você se aproximar bastante. Se der sorte, pode até dar de cara com golfinhos! As próximas praias são o Bonetinho e a do Perez, onde há restaurante e pousada. Aproveite para parar lá antes de chegar a Lagoinha, que é mais povoada, cheia de bares e turistas. Total de remada: 3 horas.


PORTO SEGURO: A praia do Cedro, tranquila e deserta, é o ponto ideal para acampamento

TREKKING

É possível fazer esse percurso a pé, numa caminhada muito prazerosa, coberta quase sempre pela mata atlântica. A trilha começa no canto direito da praia da Fortaleza, após atravessar um trecho de pedra à beira mar, com escadinhas escavadas. Uns 100 metros à frente a trilha segue pra direita, bastante larga e marcada, no meio da mata atlântica. Em 20 minutos, você encontrará uma bifurcação. Tomando a trilha da esquerda, você chega no Pontão da Fortaleza, uma ponta de pedra com formações rochosas muito interessantes, um novo point de escalada de São Paulo. Vale a pena o desvio. Volte pela mesma trilha e continue pela bifurcação da direita. Após uma boa subida com o sol na cabeça, a trilha mergulha na mata atlântica, sem muitas subidas (só uma descidona no final) até a praia do Cedro. O caminho é praticamente deserto.

Na segunda parte da praia, dividida por um monte de pedras, existem enormes castanheiras – um convite para um descanso depois de quase uma hora de caminhada. No canto oposto da praia do Cedro, continua a trilha que sobe e desce o morro para a praia do Bonete, em mais 20 minutos de caminhada. Lá existem barzinhos com refeição e porções e é uma praia bem bonita, com várias casas de veraneio, só acessível por trilha ou mar. Continuando pelos 600 metros de praia, a trilha segue agora bem larga para a praia pequena do Bonete (o Bonetinho), praia do Perez (que possui um restaurante e uma pousada) e finalmente, depois de mais 1 hora de caminhada, chega-se na praia da Lagoinha. De lá, se não quiser voltar a pé, pegue um ônibus que vai te deixar na estradinha da Fortaleza, na praia Dura. Na Fortaleza, aliás, tem uma pizzaria nova bem gostosa, a Güt, do Guarabyra (aquele mesmo, que fazia dupla com o Sá).

Dica: na trilha, leve um cantil com água e repelente, pois os borrachudos são soberanos! Prefira ir com um tênis de trilha, pois o caminho tem várias raízes.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de março de 2007)







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