Chegou a melhor época do ano para fazer trekking e percorrer trilhas por todo o país: há pouca chuva, o clima seco deixa o entardecer mais belo que nunca e as noites ficam bem estreladas. Por isso, pedimos a alguns do maiores especialistas no assunto dicas de roteiros imperdíveis para você se jogar mato adentro.
Vale lembrar que, em época de pandemia, é necessário checar se os parques estaduais e nacionais estão estas trilhas encontram-se abertos ao público e quais as restrições de funcionamento.
JORGE SOTO
Designer e um dos mais experientes “caminhantes” do Brasil
TRAVESSIA URUBICI-BOM JARDIM DA SERRA (SC)
No verão, as chuvas transformam o solo da região em brejo, sem falar no tempo encoberto que acaba com o visual e a navegação. Por isso o inverno é a época certa para percorrer a bonita travessia de Urubici a Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina – mesmo que isso signifique enfrentar a temporada gelada em alguns dos pontos mais altos do Estado. Com o céu limpo deste período do ano, a visibilidade ajuda bastante na hora de se guiar.
A caminhada leva de três a quatro dias e passa por cânions, campos e pequenos vales, com alguns sobes e desces. Destaque para a visita aos Campos de Santa Bárbara, no início do trekking, ao Morro da Igreja, ainda em Urubici, e ao Cânion Laranjeiras, já próximo a Bom Jardim da Serra. Na travessia é preciso levar todos os equipamentos para um bom camping, assim como proteção adequada para aguentar o frio. A temperatura baixa é mesmo o grande desafio desse trekking moderado e sem desníveis exagerados. Além disso, é necessário atenção ao beirar os cânions, principalmente no segundo dia de caminhada, que leva ao leito do rio Pelotas.
A trilha cruza o Parque Nacional de São Joaquim, que tem a maioria de seu território dentro da Mata Atlântica e é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio). Os responsáveis pelo parque vistoriam e autorizam as entradas. Agências e guias autorizados podem traçar o trajeto ideal dependendo da quantidade e do perfil dos turistas. As características geográficas do lugar, aliadas ao status de parque e à distância dos grandes centros, colaboram para a boa preservação da travessia, onde não é raro deparar com animais nativos.
Na opinião do Jorge: “É fundamental levantar cedo para otimizar o dia e fugir da serração do fim de tarde. Tente fazer pouco barulho, pois, com um pouco de sorte, você conseguirá avistar quatis, habitantes típicos da região”.
Agência de turismo: Graxaim Ecoturismo e Aventura
Parque Nacional de São Joaquim (ICMBio): icmbio.com.br; parna.saojoaquim@icmbio.gov.br
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FERRADURA DA FUMAÇA, PARANAPIACABA (SP)
Cânions, cachoeiras e uma vista privilegiada da Serra do Mar, no sentido do litoral. O roteiro da Ferradura da Fumaça, no Estado de São Paulo, surpreende pela quantidade de atrativos, fácil acessibilidade e, claro, uma boa dose de esforço, em um trekking de um dia. São oito quilômetros ao todo. Mas que a distância não engane: o terreno é acidentado e bastante exigente. Também há a possibilidade de estender o passeio pelo Vale da Morte, que, apesar do nome pouco convidativo, segue o “padrão de qualidade” do trajeto principal.
É importante saber que não há nenhuma estrutura no caminho, portanto a presença de um guia ou uma companhia com bastante experiência na região é fundamental. As recompensas para o esforço são diversas, com quedas d’água e poços para banho. O destaque fica com a cachoeira da Fumaça, que dá nome ao trekking e garante a vista para o litoral paulista, no sentido de Cubatão.
O ideal é chegar a Paranabiacaba (SP) e seguir de ônibus rumo a Rio Grande da Serra (SP) até a entrada da trilha, na beira da estrada. Também é possível fazer a mesma logística no sentido inverso – as cidades estão a pouco mais de 12 quilômetros de distância. O transporte público funciona com intervalos de 30 minutos entre ambas as localidades, e os próprios condutores sabem informar o local exato para descer. A trilha termina em uma estrada secundária, em um ponto bem próximo ao de partida. A mesma empresa de ônibus (Viação Ribeirão Pires) presta serviço no local, assim é possível retornar para uma das cidades.
Importante: a chuva impossibilita o trekking. Como se trata de um vale bastante desnivelado, os rios enchem rápido e há risco de tromba d’água. Se a previsão for essa, é melhor não arriscar. Caso contrário, é um ótimo passeio próximo à capital paulista.
Na opinião do Jorge: “A quantidade de atrativos é um ponto alto desse trekking no meio da Serra do Mar. O percurso é duro, mas o fato de ser bastante acessível e de ter a trilha bem marcada fazem dele uma das minhas opções favoritas para um roteiro de um dia”.
Transporte
Viação Ribeirão Pires (Trajetos de ônibus)
(11) 4828-9645 e 0800 7717 182
CPTM (Trem de São Paulo a Paranapiacaba)
Mais informações Parque Estadual Serra do Mar (Núcleo Itutinga-Pilões)0=0 (13) 3377-9154
MARCELO ANDRÊ
Fotógrafo de aventura, espeleólogo e guia de trekkings
TRAVESSIA LAPINHA-TABULEIRO, SERRA DO CIPÓ (MG)
A Lapinha-Tabuleiro é uma clássica travessia mineira que cruza de oeste a leste a serra do Cipó, em Minas Gerais, por um dos locais mais cênicos do estado, a pouco mais de 100 quilômetros da capital, Belo Horizonte. O ponto alto do rolê é a visita à cachoeira do Tabuleiro, com seus imponentes 273 metros de altura – que lhe rendem o status de a terceira maior do país e a mais alta do Estado mineiro.
O percurso total da travessia é de 42 quilômetros, que podem ser percorridos, de preferência, em três ou quatro dias. A caminhada é dura, passando por antigas trilhas de gado. Pode-se calcular em torno de cinco horas de trekking diário, mais as paradas em rios e quedas d’água, em uma região repleta de nascentes. Já que a ideia é avistar a serra do Espinhaço de cima, o primeiro dia é cheio de subidas – e também o mais difícil. O trajeto passa pela serra do Breu (também chamada Lapinha da Serra), com cerca de 1.680 metros de altitude, o ponto culminante de toda a área. Subir o pico do Breu rende as melhores fotos da viagem, avistando de cima a lagoa da Lapinha. Mas também é possível contornar a montanha e seguir caminho.
Os pernoites podem ser feitos nas casas de locais, estrategicamente localizadas para a primeira (procure a de Dona Ana Benta, personagem folclórico da região) e segunda noite (por exemplo, a de Dona Maria), com espaço para acampar e a possibilidade de degustar a típica comida caseira mineira. Para quem optar por quatro dias de trajeto, a parada também pode funcionar para visitar a cachoeira do Tabuleiro por cima, apenas com mochila de ataque, retornando para mais um pernoite. No último dia, já a caminho de Tabuleiro, o percurso passa pelo Poço da Queda, onde dá para conhecer a cachoeira por baixo.
Nessa altura, o trekking cruza o território do Parque Estadual da Serra do Intendente. Andando pelos campos de altitude, é possível observar diversas variedades de plantas, a grande riqueza da região, com destaque para a endêmica “canela-de-ema”. Não é necessária autorização para realizar a travessia, assim como também não há indicações durante o caminho. É importante cuidar da logística antes de sair, já que os serviços de transporte público são mais constantes de BH até Santana do Riacho, a pouco menos de 15 quilômetros (em estrada de terra) de Lapinha, início do trekking. Como se trata de uma travessia, há a possibilidade de sair por Tabuleiro e seguir para Conceição do Mato Dentro (MG), onde existem mais opções de transporte para BH. Em Lapinha, é possível contratar um serviço de guia, indispensável para quem não conhece a região.
Na opinião do Marcelo: “O visual dos campos rupestres, de cima da crista do Espinhaço, é incrível. O lugar tem uma diversidade gigante de flora, de tudo quanto é cor e tamanho. A água limpa e a cultura local também fazem a diferença. Você sente o verdadeiro isolamento da vida na montanha e aprende melhor a dar valor para tudo isso”.
Transporte
Viação Saritur
(31) 3272-8525 (ônibus saindo de BH)
Viação Serro
(31) 3201-9662 (ônibus retornando a BH por Conceição do Mato Dentro)
Agência de turismo
Nhangatu Expedições (Lapinha da Serra)
(31) 9135-0101 e (31) 8431-9136
Hospedagem
Casa do Soter (Lapinha da Serra)
(31) 3224-9501, (31) 8881-9501 e (31) 9153-9501; lapinhadaserra.com.br/casadosoter
Pousada Travessia (Lapinha da Serra): (31) 9107-3840
Mais informações: portaldalapinha.com.br
PICO DA NEBLINA, FLORESTA AMAZÔNICA (AM)
Chegar ao topo do Brasil exige mais esforço do que um trekking de fim de semana ou uma travessia de quatro ou cinco dias. A subida do Pico da Neblina (2.993 metros de altitude) pode ser encarada como uma expedição extrema, porém cheia de recompensas. A logística é complexa, e os custos são altos, portanto uma boa opção é montar um grupo para a viagem se tornar viável. Também é preciso planejar o roteiro com antecedência e conseguir autorizações, entrando em contato com o ICMBio, o órgão que controla os parque nacionais, e a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), tribo predominante na região que avalia os objetivos e intenções da expedição e dá o “aval” final para a subida.
Para quem sai de outras capitais brasileiras, tudo começa por Manaus, a metrópole mais próxima do Pico. De lá é preciso seguir para São Gabriel da Cachoeira (voo diário de 2h30 de duração ou três dias de barco), o último ponto estratégico na “civilização”. A partir daí são cerca de 80 quilômetros off road, em uma estrada complicada, que piora bastante no caso de chuva; mais dois ou três dias de barco dependendo das condições dos rios Cauaburis e Tucano, com mais quatro dias de caminhada até o acampamento base, a aproximadamente 2 mil metros de altitude. O trekking é exigente: terreno molhado, sobe e desce constante, raízes no caminho, travessias de rios e a incômoda presença de insetos.
Do acampamento base é possível alcançar o cume (cerca de mil metros acima) em um dia, com média de dez horas de caminhada. Há duas opções: pernoitar em cima, ou sair bem cedo e retornar no mesmo dia. O inverno é uma boa época para visitar o Pico da Neblina, mas as chuvas são presentes durante todo o ano. O clima de floresta tropical significa umidade constante – e o próprio nome do Pico já traduz o cenário.
É fundamental a presença de um guia experiente na área, tanto para conseguir os mantimentos corretos, como para cruzar territórios indígenas, em uma área bastante inóspita do país. Mas todo o esforço e planejamento certamente valerão a pena e proporcionarão um dos trekkings mais lindos e selvagens da sua vida.
Na opinião do Marcelo: “É o lugar mais isolado em que já estive na vida. No alto do Pico da Neblina, em uma noite aberta, você não vê nenhum sinal de luz. Ali você está no coração da Amazônia, onde a natureza é imensa, forte e implacável”.
Autorizações:
ICMBio
(97) 3471-1617 e 3638-3495; icmbio.gov.br
Aéreo
Trip – Azul Linhas Aéreas (trajeto Manaus – São Gabriel da Cachoeira)
Guia local
Antônio Henriques Leão, o “Branco”: brancoguia@yahoo.com.br
ELISEU FRECHOU
Montanhista veterano e fundador da Montanhismus, a primeira escola de escalada do Brasil, no interior de São Paulo
SERRA FINA, MANTIQUEIRA (MG, SP E RJ)
Para quem busca um roteiro com aventura, paisagens memoráveis e boas histórias para contar, a Serra Fina é uma ótima opção. Esse clássico trekking na região da Serra da Mantiqueira é realizado em grande parte em altitudes próximas a 2.000 metros, com caminhadas em cristas de montanhas.
O fato de se ter de levar todas as “tralhas” de camping (água, comida e equipamentos para se proteger do vento e do frio) deixam as subidas ainda mais puxadas. Mas conquistar o Pico dos Três Estados e ver, lá de cima, uma imensidão de montanhas é motivo suficiente para encarar a empreitada. O rolê guarda outras boas notícias pelo caminho, já que o Pico é a “cereja de bolo” de uma expedição cheia de perrengues em um local com clima instável e trechos com o solo bastante úmido.
No total, são cerca de 35 quilômetros, que podem ser feitos entre dois a cinco dias. Tudo começa na cidade de Passa Quatro (MG), em um acesso pela fazenda Santa Amália. A trilha em si sai da Toca do Lobo, com o primeiro destino rumo ao Alto do Capim Amarelo, que serve como opção para pernoite. O próximo objetivo é atingir a Pedra da Mina, referência na região como ponto culminante da Mantiqueira. Antes de se chegar ao Pico dos Três Estados ainda é preciso cruzar o Vale do Ruah, com diversos charcos, bifurcações e vegetação fechada. Já no trecho final, passa-se pelos Altos Ivos, a caminho da BR-354, onde é preciso já ter agendado o “resgate” para te transportar dali.
Uma agência especializada pode traçar um planejamento para todos esses pontos, com locais de acampamento durante a noite. Também é possível contratar um guia local em Passa Quatro ou seguir o trekking por conta – mas saiba que a navegação é complicada, com trechos bastante íngremes. A dificuldade é ainda maior com a baixa visibilidade, comum na região, tanto pelos trechos de mata mais fechada como pela neblina.
Na opinião do Eliseu: “É um passeio incrível com um visual de cima da crista da serra quase o tempo inteiro. Recomendo ir o mais leve possível. Há muitos trechos com vegetação fechada e mochilas cargueiras muito altas atrapalham bastante”.
Agência: Pisa Trekking
Transporte
Viação Cidade do Aço (ônibus sentido Passa Quatro – MG)
VALE DO PATI E TRAVESSIA CAPÃO-LENÇÓIS, CHAPADA DIAMANTINA (BA)
IMPERDÍVEL: Caminhe pela Chapada Diamantina ao menos uma vez na vidaA Chapada Diamantina não é considerada um dos melhores roteiros do Brasil para o trekking somente por sua beleza cênica. O clima quente durante todo o ano e a abundância de água fazem o cenário ficar ainda mais atraente. Sem contar as diversas possibilidades de realizar roteiros diferentes e inesquecíveis, em pleno coração da Bahia. No trajeto mais clássico, o Vale do Pati, as possibilidades de entrada e saída são muitas, porém a pequena localidade de Guiné, pertencente a Mucugê, guarda um caminho especial, com belas paisagens rumo ao vale onde já existiu um imenso cafezal.
Com a época de ouro do café ficando no passado, a mata volta a tomar cada vez mais conta desse pedaço de terra onde nos sentimos uma ínfima parte da natureza. O trekking do Pati exige caminhada durante todo o dia, com ótimas paradas em quedas d’água e trechos de mata fechada – aliviando a presença quase constante de sol. Depois de chegar ao Pati, o que já vale a viagem, é possível explorar os atrativos naturais dos arredores, como o Morro do Castelo, uma imensa formação montanhosa que guarda uma surpreendente caverna próxima a seu cume. E do Cachoeirão, maior queda da região, que se estende por um vale enorme e pode ser visitada por cima ou por baixo.
Cabe ao viajante decidir se leva equipamentos de acampamento e comida ou se fica hospedado nas receptivas casas de locais, com quartos simples e comida caseira e farta saindo do forno a lenha. De uma forma ou de outra, é preciso repor energia, já que o trekking exige bastante dos pés e joelhos. Para deixar o Pati, uma excelente opção é o Vale do Capão, localidade de Palmeiras (BA), oficialmente chamada Caeté-Açu. O Capão chama atenção pelo clima acolhedor, por suas atividades culturais e uma consciência ambiental presente em grande parte dos moradores.
De lá, outra trilha imperdível com destino a Lençóis é opção para amantes de trekking. A travessia liga dois pontos-chave da Chapada e é feita em um único dia – cerca de cinco horas em ritmo constante. Lençóis é o maior centro da região e pode ser um bom ponto de onde se explorar a Diamantina fazendo mais caminhadas ou outros esportes outdoor.
Na opinião do Eliseu: “O clima quente e a quantidade de água fazem da Chapada um local bastante atrativo para o trekking. De todas as possibilidades, recomendo cruzar o Vale do Pati”.
Agência de turismo
Nas Alturas (75) 3334-1054; nasalturas.net
Guias
Associação dos Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC) (75) 3344-1087
Transporte: Real Expresso (Salvador a Lençóis)
PEDRO HAUCK
Montanhista das antigas e co-fundador do site Alta Montanha, especializado no esporte
SERRA DO IBITIRAQUIRE (PR)
Viajar para o sul do país é uma excelente opção para os amantes de trekking. No bloco montanhoso da serra do Ibitiraquire fica o ponto culminante dessa região do país: o Pico Paraná. Mas o local também guarda bons destinos em montanhas como Caratuva, Itapiroca, Ferraria, Ciririca e Tucum. É possível acessar a Serra do Ibitiraquire pelo planalto ou pelo litoral por meio de fazendas abertas ao turismo, que servem como último ponto de apoio.
Das diversas opções de trilhas da região, a mais cênica é o caminho que vai até o morro do Tucum, com cerca de quatro quilômetros, de nível fácil, por um acesso em frente ao Pico Paraná. O “PP” como é chamado pelos paranaenses, é o roteiro clássico da região – o mais conhecido e frequentado – com oito quilômetros de extensão. Quem buscar uma travessia mais intensa pode conhecer a Ferraria, pela face leste, trilha recentemente aberta, partindo da baixada litorânea pelo bairro Alto de Antonina. Ali, caminha-se por uma crista estreita com mil metros de desnível. A dificuldade desse trecho é bem maior. A Ferraria está em frente ao paredão do Ibitirati, maior parede rochosa do sul do país.
Os trekkings da região são em geral desafiadores para quem está mais acostumado com trilhas abertas. No Ibitiraquire, os campos só aparecem nos cumes, o que torna a vegetação uma grande dificuldade, com espinhos, cipós e árvores que, às vezes, obrigam a se arrastar pelo chão. A variedade de ecossistemas encanta na visita a Serra do Ibitiraquire. Nos trechos mais fechados há pontos da floresta com árvores de 30 metros de altura, xaxins, orquídeas e bromélias, contrastando com a vegetação rasteira dos locais mais altos. No topo das montanhas, é possível ter visão privilegiada das serras no sentido da baía de Paranaguá.
O trekking passa por uma área demarcada como parque estadual desde 2002, mas ainda não possui uma Unidade de Conservação – e não há restrições de acesso. Na fazenda Pico Paraná, uma das principais entradas pelo planalto, é possível contratar guias, armar camping e estacionar. Já toda a região do trekking é selvagem. É possível encontrar tracklogs (GPS) das trilhas para o Tucum, Pico Paraná e Ferraria no site www.rumos.net.br.
Na opinião do Pedro: “É muito comum termos dias com ‘mares de nuvens’: nos vales há muita nebulosidade, mas acima das montanhas prevalece o sol, o que cria um visual incrível. Para quem gosta de um desafio maior, vale a pena ir para a Ferraria por sua face leste, trilha aberta há apenas dois anos”.
Hospedagem e guias
Fazenda Pico Paraná
(41) 9906-5574; fazendapicoparana.altamontanha.com
Dados de GPS
CAMPO DOS PADRES (SC)
Quem busca um roteiro menos turístico pode encontrar no Campo dos Padres, em Santa Catarina, uma ótima opção. Mas antes de se aventurar pela área é preciso lembrar de que se trata de um dos pontos mais frios do país, com possibilidade de neve. No inverno, a boa visibilidade torna possível o trekking, mas também é época de geadas e congelamento de água no trajeto. A pedida é cruzar o planalto na Serra Geral de Santa Catarina, entre as cidades de Urubici, saindo do bairro de Rio dos Bugres, e Alfredo Wagner, chegando à região rural de Pedra Branca, somando cerca de 70 quilômetros.
O local era usado desde o século 17 como rota de tropeiros entre São Paulo e os Campos de Viamão (RS). Hoje os campos pertencem a fazendas, que vivem da pastagem extensiva de gado. Peões vestidos com roupas gaúchas cuidam do gado lá em cima e vivem em estâncias sem energia elétrica.
A região é vasta e a vegetação varia de zonas de araucárias a extensos campos, muitas vezes úmidos ou encharcados. Justamente por essa característica, não há trilhas em boa parte do caminho. Percorre-se o pasto natural, o que deixa a caminhada fácil em dias abertos, mas praticamente impossível com tempo ruim. Faz parte do roteiro o Morro da Boa Vista, a maior elevação do estado de Santa Catarina, e o Morro do Chapéu.
Na opinião do Pedro: “Peões vestidos com roupas gaúchas, como poncho e bombachas, vivem em estâncias com casas de madeira e pedra, sem energia elétrica. Faz a gente se sentir no século 19”.
Hospedagem
Rio Canoas Refúgio de Montanha
(49) 3278-5457;
Urubici Park Hotel
(49) 3278-5300; uph.com.br
Guias
Corvo Branco Expedições
riocanoas.com.br; corvobranco@terra.com.br
Dados de GPS
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de julho de 2013 e atualizada em maio de 2019)