Um novo relatório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos relatou uma situação alarmante: os recifes de coral do planeta estão enfrentando mais um evento de branqueamento, o quarto já registrado e o segundo nos últimos dez anos. Esse fenômeno, que se estende por todas as principais bacias oceânicas, representa uma séria ameaça à biodiversidade marinha e às comunidades costeiras que dependem dos recifes para sua subsistência.
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Desde fevereiro de 2023 até abril de 2024, os cientistas documentaram um branqueamento significativo de corais nos hemisférios Norte e Sul, afetando áreas extensas dos trópicos. Esse processo, desencadeado por estresse ambiental, leva à expulsão das algas simbióticas que vivem nos tecidos dos corais, deixando-os com uma aparência branca.
Embora o branqueamento não seja necessariamente uma sentença de morte imediata, se prolongado por muito tempo, pode levar à morte dos corais. Essa situação se torna ainda mais preocupante quando consideramos que os eventos de branqueamento estão se tornando mais frequentes e severos, principalmente devido ao aumento da temperatura dos oceanos.
Em 2005, o Caribe vivenciou um evento de branqueamento devastador, perdendo quase metade de seus recifes em um único ano. O calor anormal do oceano na região de Porto Rico se espalhou de forma atípica, causando um estresse térmico sem precedentes. Segundo o IFL Science, a análise de dados de satélite revelou que o estresse térmico do evento de 2005 superou o total dos 20 anos anteriores juntos.
Desde então, eventos de branqueamento em massa se tornaram frequentes em diversas regiões tropicais, incluindo Flórida, Caribe, Brasil, Mar Vermelho e, mais notoriamente, a Grande Barreira de Corais na Austrália. As temperaturas globais recordes dos últimos anos intensificaram o problema, colocando os recifes de coral do mundo em uma situação ainda mais crítica.
“O branqueamento de corais está se tornando mais frequente e severo à medida que os oceanos aquecem”, alerta o Dr. Derek Manzello, da NOAA. “Quando estes eventos são suficientemente graves ou prolongados, podem causar a mortalidade dos corais, o que prejudica as pessoas que dependem dos recifes de coral para a sua subsistência.”
A NOAA monitora eventos de branqueamento há décadas, acumulando um vasto conjunto de dados. O primeiro evento global de branqueamento registrado ocorreu em 1998, seguido por outros cada vez mais severos em 2010 e 2014 a 2017.
Dados recentes da NOAA indicam que mais da metade (54%) dos recifes de coral do mundo sofreram estresse térmico suficiente para sofrer branqueamento no último ano. “Esse evento provavelmente será o branqueamento global mais extenso já registrado”, disse Dr. Manzello ao The New York Times.
Embora os corais tenham a capacidade de se recuperar, isso depende da cessação da causa do branqueamento. Cientistas estão buscando soluções inovadoras para auxiliar na recuperação dos recifes, como a transferência de viveiros de corais para águas mais profundas e a instalação de protetores solares em áreas específicas. No entanto, a natureza dinâmica das correntes oceânicas limita a efetividade dessas medidas.
O alerta da NOAA serve como um lembrete urgente da necessidade de ações imediatas para combater as mudanças climáticas e proteger os recifes de coral. A perda desses ecossistemas frágeis teria consequências devastadoras para a biodiversidade marinha, as comunidades costeiras e o planeta como um todo. É crucial que governos, empresas e indivíduos se unam em um esforço global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos do aquecimento global. O futuro dos recifes de coral e, consequentemente, a saúde dos oceanos e do nosso planeta dependem disso.