Como identificar transtornos alimentares em crianças e adolescentes

Por Redação

Transtornos alimentares
Foto: Shutterstock

Anorexia, bulimia e compulsão alimentar são alguns dos transtornos alimentares cada vez mais presentes na infância e adolescência – mas nem sempre é fácil identificar esses problemas. Um estudo global recente publicado na revista científica Jama Pediatric avaliou mais de 63 mil crianças e mostrou que um em cada cinco jovens de 6 a 18 anos apresenta desordem alimentar. Em meninas, a proporção é ainda maior, chegando a quase um terço (30%) em comparação aos meninos (17%) de mesma idade.

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Segundo o psicólogo parental Filipe Colombini, estas desordens psiquiátricas têm forte influência neuropsicossocial. “É importante destacar que nestes quadros não se trata de uma influência biológica exclusivamente, como a exercida pela genética e pré disposições”, diz o especialista. “O ambiente e cultura da família, ou seja, as influências sofridas no lar, as quais chamamos de sociais, têm grande peso na raiz desses transtornos”, completa.

O psicólogo afirma ainda que é muito importante pensar nas influências que a criança e o jovem recebem na hora de se alimentar. Isso porque podem ocorrer pressões na alimentação por parte dos responsáveis, que fazem do ato de se alimentar “um problema”, em situações nas quais existem atitudes de invalidação, com punições, ameaças e comparações.

Nesses casos, não necessariamente o pai, a mãe e os responsáveis têm transtornos alimentares, mas eles podem estar simplesmente transmitindo padrões equivocados na hora da alimentação. “A influência acontece muito por meio dos modelos que a criança observa no dia a dia, as coisas que são faladas, e esse ambiente social pode levar a anorexia, bulimia, mas também a um excesso na alimentação, que leva à obesidade, que sabemos ser um importante fator de risco para o surgimento de diversos problemas de saúde”, explica Colombini.

Influência fora de casa

As informações recebidas pelos mais jovens por meio da mídia (televisão, internet, revistas, etc) não podem ser negligenciadas e também exercem forte papel nesse contexto, com a transmissão de valores equivocados e perturbadores, onde adolescentes buscam incansavelmente conquistar um inatingível padrão de beleza imposto por estes canais.

“Muitas pessoas estão perdendo o prazer de viver, tornando-se solitárias, por estarem inconformadas com sua forma física e passam a controlar os alimentos que ingerem, para não engordar, por exemplo; esta submissão gera um forte sentimento de auto rejeição”, diz Colombini. “E os mais jovens tendem a ter problemas relacionados à autoestima, autoconfiança, e dessa forma o ato de comer passa a ser associado a questões ruins, limites inflexíveis e invalidações”, completa.

Como identificar transtornos alimentares em crianças e adolescentes?

Segundo Filipe, os transtornos alimentares são, em geral, silenciosos, surgindo em meio a punições, invalidações e atitudes controladoras. Por sentirem vergonha ou estigmatização, muitas crianças e adolescentes não falam sobre o assunto, escondendo os principais sintomas.

Mas existem alguns sinais que chamam a atenção, como:

  • Isolamento
  • Aumento de comportamentos impulsivos
  • Medo
  • Ansiedade
  • receio em situações alimentares
  • Forte preocupação com sua imagem corporal e peso, com o que os outros vão pensar.

“A criança ou adolescente deixa de aproveitar o alimento em si, sua forma,  sabor e textura, mas passa a avaliar os alimentos por seu aporte calórico, além de estar sempre se comparando com os outros”, diz o especialista.

Tratamento de transtornos alimentares

O acompanhamento familiar e uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos e nutricionistas, são essenciais para o tratamento de crianças e adolescentes que sofrem com algum tipo de transtorno alimentar, porque estes distúrbios afetam a saúde física, mental e a vida social.

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“O psicólogo que atua como acompanhante terapêutico (AT) é altamente recomendado nestes casos, pois atua diretamente no âmbito familiar, identificando eventuais gatilhos dos transtornos e agindo para modificar padrões de pensamento disfuncionais relacionados à alimentação e à imagem corporal”, diz Filipe. “Além disso, o apoio emocional e a educação dos pais são essenciais para fortalecer o suporte social do jovem, contribuindo para que este tenha um relacionamento saudável com a alimentação e o corpo”, conclui.