Um desastre ambiental de proporções alarmantes está atingindo as costas da Espanha e Portugal, provocado por um derramamento de milhões de pellets – minúsculas bolinhas de matéria-prima do plástico usados para diversos produtos.
O incidente teve início em dezembro de 2023, quando o navio porta-contêineres Toconao perdeu seis contêineres ao largo da costa de Viana do Castelo, em Portugal. Um deles continha nada menos que 1.000 sacos de pellets, somando cerca de 25 toneladas desse material.
Desde então, as correntes marítimas vêm espalhando esses fragmentos de plástico, apelidados de “nurdles”, por diversas praias da Península Ibérica. Ao menos 30 praias já foram identificadas com sinais de poluição, da região de Vigo, na Galícia, até o norte de Portugal.
A gravidade da situação se compara ao famoso derramamento de óleo do Prestige, em 2002, que devastou a costa da Galícia. Ambientalistas alertam que os pellets representam um iminente risco à vida marinha e, consequentemente, à cadeia alimentar humana.
Conforme apontado pelo Greenpeace, esses microplásticos não são biodegradáveis e, consequentemente, são ingeridos por peixes e aves, integrando-se à cadeia alimentar. Além disso, há a preocupação de que esses resíduos possam se desintegrar em microplásticos ainda menores, dificultando sua rastreabilidade e coleta.
As ONG’s Greenpeace, World Wildlife Fund (WWF), Friends of the Earth, SEO Birdlife, and Ecologists in Action emitiram uma carta conjunta condenando a tragédia ambiental.
“Pedimos que não seja feito nenhum uso partidário da catástrofe e que sejam feitos esforços conjuntos para enfrentar o impacto a longo prazo do derrame, para determinar responsabilidades e para reforçar as regras sobre a produção, transporte e utilização de plásticos”, informa a carta.
A limpeza das praias é uma tarefa árdua, pois os pellets têm menos de 5mm de diâmetro e se escondem facilmente entre a areia. Voluntários e equipes locais estão mobilizados, mas a dimensão do desastre exige uma resposta governamental mais contundente.
As autoridades da Galícia criticaram o governo central espanhol pela demora em informar sobre o incidente e pela falta de ativação de um plano de combate à poluição marinha. A Comissão Europeia já havia alertado, em outubro de 2023, sobre os perigos dos pellets plásticos e a grave contaminação que causam nos ecossistemas.
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O incidente do Toconao reforça a urgência de se adotarem medidas mais rígidas para o transporte e o descarte de plástico, protegendo as praias e a saúde dos oceanos.