Treinar para as competições de ciclismo pode ser desafiador, mas e se a bike que você usa diariamente se tornasse parte fundamental desse treinamento? João Pedro Molan Bispo, aos 23 anos, é a prova viva de que é possível. Em entrevista para a Go Outside, ele compartilhou sua experiência de treinar para o festival de esportes de montanha, Rocky Mountain Games, usando a bike como meio de transporte diário.
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Ao descobrir a modalidade Gravel em 2021, por meio de vídeos no youtube, Molan adquiriu uma bike de entrada e a transformou em seu principal meio de transporte, encontrando na liberdade proporcionada pela bicicleta uma paixão que ultrapassa as competições.
No mundo do ciclismo competitivo, muitas pessoas recorrem a assessorias, mas Molan pratica de uma forma diferente. Ele treina totalmente por conta própria, desmistificando a ideia de que é imprescindível ter uma planilha elaborada para se preparar para competições. “Nunca fui atrás de assessoria ou treinador, apesar de reconhecer que é importante, hoje eu não consigo manter isso”, explica ele. Esse enfoque revela como qualquer pessoa pode se preparar de forma autônoma, independente de poder ou não investir muito tempo e dinheiro em treinamento.
Com uma média semanal de cerca de 234.2km, Molan utiliza a bike para seus deslocamentos diários, seja para o trabalho, faculdade ou lazer. Ele revela que, mesmo com os deslocamentos, encontra tempo para alguns treinos específicos, focando, principalmente, em variar distâncias e terrenos. “Meus treinos específicos são sair para fazer mais ou menos quilometragem, seja no asfalto ou na terra. Não tenho muitos treinos estipulados em zonas, então a variedade de treino para mim é mudar a distância e o terreno,” compartilha Molan que teve um ano atípico onde não conseguiu fazer muitos treinos específicos por conta dos compromissos na faculdade.
Embora ele demonstre a viabilidade de treinar para competições utilizando a bicicleta como meio de transporte diário, é crucial reconhecer que também existem algumas dificuldades inerentes a esse método. “Como o trânsito é muito inconstante você não consegue fazer alguns treinos por conta do ‘anda para, anda para’ mas eu conheço algumas pessoas que tem a planilha de treino montada em cima dos deslocamentos do dia a dia”, explica ele.
Agilidade, resiliência e calma
Ainda sim, no contexto do uso da bike como meio de transporte diário, habilidades valiosas se desenvolvem, prontas para serem aproveitadas em competições. Segundo Molan, a agilidade é a principal delas. “Com o trânsito caótico que temos aqui em São Paulo, nossa agilidade a todo momento é colocada à prova,” afirma. “É visível como isso ajuda nas provas de bike, seja para desviar de algo ou tomar um caminho diferente e melhor”. Além disso, Molan sublinha a resiliência e a calma adquiridas no trânsito, como habilidades cruciais em competições onde manter a tranquilidade é essencial.
Para aqueles que desejam entrar no mundo das competições de bike, algumas dicas podem ser valiosas. “Vai principalmente para se divertir. Saiba do seu equipamento, os limites dele e como fazer algum reparo emergencial se for preciso,” aconselha. Ele também destaca a importância de conhecer seus próprios limites antes da competição e sugere treinar em ambientes semelhantes aos das provas.
Em resumo, treinar para uma prova utilizando a bike como meio de transporte não só é viável, como também proporciona uma experiência enriquecedora. Além disso, ao ocupar os espaços públicos por meio do pedal, é possível contribuir com uma mudança positiva na percepção da bicicleta como meio de transporte legítimo, de forma a fortalecer a importância da mobilidade ativa como solução para os desafios do trânsito urbano.
“Infelizmente, hoje em dia, poucos lugares são feitos pensados 100% em nós [ciclistas], então ir ocupando os espaços aos poucos é mostrar que também estamos aqui e também precisamos de uma estrutura boa tanto para treinar como para nos deslocar”, afirma Molan. “Além disso, bikes e mobilidade ativa podem ser a única salvação para o trânsito caótico que enfrentamos hoje em dia. Isso, por sua vez, poderia resultar em melhorias significativas nas cidades e, mais importante ainda, na vida das pessoas”.
Rocky Mountain Games 2024
A contagem regressiva para as etapas do Rocky Mountain Games 2024 já começou. A primeira parada será em Atibaia, nos dias 9 e 10 de março, seguida por Juquitiba em 16 de junho e Campos do Jordão nos dias 26 e 27 de outubro. O evento promete ser um encontro de todas as tribos, oferecendo não apenas competições emocionantes, mas também atividades recreativas, shows e uma variedade de opções gastronômicas em uma arena caprichada.
Molan, que participou de todas as etapas do Rocky Mountain Games neste ano, também marcará presença em 2024. Ele já se inscreveu para a modalidade Gravel em Atibaia.
Para o ano que vem, o evento traz duas grandes novidades: o Circuito RMG, um ranking que soma os resultados das três etapas, e o Desafio Rocky, uma combinação de trail run e mountain bike para os mais ousados.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas aqui.