O ultramaratonista espanhol Kilian Jornet subiu o sarrafo da corrida de montanha esta semana, escalando 177 picos da sua terra natal, os Pireneus, em apenas oito dias.
Jornet completou toda a jornada apenas com força humana e fez os deslocamentos entre as trilhas de bicicleta. Ele descreveu o desafio não apenas como um teste de resistência física e mental, mas também como um retorno emocional às paisagens que moldaram sua juventude.
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O corredor espanhol decidiu embarcar no projeto após uma lesão frustrar seus planos de participar de provas importantes de trail run no final desta temporada. “Eu tinha essa ideia em mente, mas não tinha certeza se seria um desafio viável ou pura loucura”, disse em comunicado à imprensa.
Jornet cresceu no Refugi de Cap de Rec, uma cabana de montanha situada a 1.981 metros nos Pirineus catalães, onde seu pai trabalhava como caseiro e guia de montanha. Ele abraçou as montanhas desde cedo, participando de sua primeira corrida de esqui cross-country aos 3 anos.
O Pica d’Estats, ponto final do desafio de Jornet, fica situado nas montanhas perto de sua casa de infância.
Jornet teve um ano impressionante em 2022, e não é surpresa que ele tenha enfrentado uma aventura de tamanha envergadura. Na temporada passada, o ultramaratonista conquistou seu quarto título da Ultra Trail du Mont Blanc e estabeleceu um novo recorde de percurso de 21 horas, 36 minutos e 24 segundos no Hardrock 100, no Colorado.
Ao longo deste desafio, Jornet, que em 2022 fundou a marca de corrida NNormal, teve a oportunidade de testar protótipos de seus tênis em terrenos técnicos e variados. “Foi um excelente campo de testes: o desgaste que um produto pode enfrentar ao longo de vários anos, concentrado em uma semana”, disse Jornet.
A rota pirenaica ligou um número impressionante de picos e o reconectou com paisagens que ele não via desde a juventude. “Redescobrir picos que eu havia esquecido foi uma experiência espetacular”, disse Jornet.
No dia 2 de outubro, Jornet estava aos pés do pico Frondella, com 3.049 metros, onde começou seu desafio. O ultramaratonista revisitou as cristas de Garmo Negro, Pic Long e Montcalm. “Mover-se ao longo dessas montanhas foi um prazer, e eu gostei muito das rotas”, disse Jornet. “Eu havia escalado esses picos quando tinha 13 anos, mas não me lembrava deles, tornando esta uma experiência visualmente intensa.”
A corrida de Jornet culminou no Pica d’Estats, a 3.143 metros de altura, em 10 de outubro. Ele subiu mais de 39.624 metros de ganho vertical ao longo de mais de 482 quilômetros durante toda a jornada. “Cheguei ao meu limite, tanto física quanto mentalmente”, disse. “Foi provavelmente a coisa mais difícil que já fiz.”