Excesso de luz azul dos nossos gadgets pode acelerar o processo de envelhecimento

Por Bianca Vilela*

luz azul
Estudos mostram que a exposição excessiva à luz dos aparelhos pode ser prejudicial à saúde. Foto: Shutterstock.

Seria utopia defender a não utilização do celular nos dias atuais: é talvez o aparelho com que passamos (e passaremos) a maior parte do tempo.

Porém, o mau uso pode expor sua saúde a uma série de problemas já relatados por aqui: dependência, ansiedade, dores cervicais, na coluna e no pescoço, e até mesmo ao envelhecimento do rosto.

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De acordo com um estudo do Departamento de Biologia Integrativa da Oregon State University, exposição excessiva à luz do aparelho pode fazer com que você envelheça mais rápido. TVs e notebooks também entram na lista de dispositivos com risco.

No estudo foram utilizadas moscas, que foram expostas a quantidades excessivas de luz. Os níveis metabólitos de suas células mudaram no processo, resultando na morte prematura dessas células. Os metabólitos celulares das moscas têm as mesmas funções nos seres humanos, e o processo de envelhecimento é o resultado da morte das células.

Já se sabe que a luz azul estimula a produção dos radicais livres, que aceleram a oxidação das células e provocam o envelhecimento precoce. As células que pigmentam a pele têm receptores pela HEV, que pode piorar manchas, como o melasma.

Mas o que é envelhecimento?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o envelhecimento do organismo como um todo se relaciona com o fato das células somáticas do corpo começarem a morrer e não serem substituídas por novas, como acontece na juventude. Isso está ligado, entre outros fenômenos, ao envelhecimento celular.

Fisiologicamente, o envelhecimento está associado à perda de tecido fibroso, à taxa mais lenta de renovação celular e à redução da rede vascular e glandular. A função de barreira que mantém a hidratação celular também fica prejudicada. Dependendo da genética e do estilo de vida, as funções fisiológicas normais da pele podem diminuir em 50% até a meia-idade.

A pele é o órgão que mais reflete os efeitos da passagem do tempo, sendo que sua saúde e sua aparência estão diretamente relacionadas aos hábitos alimentares e ao estilo de vida escolhido.

Outros fatores como a radiação ultravioleta, o excesso de consumo de álcool, o abuso de tabaco e a poluição ambiental também contribuem com o trabalho do relógio biológico, provocando o envelhecimento precoce. Além disso, o aumento do peso corporal e dos níveis de açúcar no sangue também colabora para a pele envelhecer antes do tempo.

No caso da exposição prolongada à luz artificial, especialmente à luz LED enriquecida com azul, ainda não se conhece todos efeitos da exposição à luz azul ao longo da vida em humanos. No entanto, o envelhecimento acelerado observado em organismos modelo de vida curta deve nos alertar para o potencial de dano celular.

No estudo em questão, é preciso observar que há uma diferença entre a quantidade de luz azul à qual as moscas foram expostas e os níveis bem mais baixos que costumamos receber dos aparelhos celulares. Por isso, a conclusão é que evitar a exposição excessiva à luz azul pode ser uma boa estratégia antienvelhecimento.

O que podemos fazer para nos proteger da luz azul?

Diminuir o tempo de exposição, evitar a proximidade da pele com os aparelhos e diminuir a luminosidade das telas.

*BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20 anos. Na Go Outside fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Instagram: @biancavilelaoficial.