Grandes marcas outdoor nos Estados Unidos e atletas do mundo inteiro estão se posicionando sobre racismo no movimento “Black Lives Matter”, que voltou à tona após o assassinato de George Floyd, um homem negro sufocado por um policial que se ajoelhou sobre seu pescoço por pelo menos sete minutos, enquanto ele estava algemado e deitado de bruços, no último 25 de maio. A tragédia vem causando uma série de protestos nos Estados Unidos, além de uma comoção que cruzou as fronteiras norte-americanas.

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Marcas esportivas mundialmente conhecidas como Nike, Reebok, Adidas, Asics e New Balance publicaram em seus rede sociais textos, imagens e vídeos a respeito. A Nike, fez um vídeo que transforma a marca  “Just Do It” em “Don’t Do It”. “Desta vez, não faça. Não finja que não há um problema na América”, diz a empresa.

A The North Face publicou também um vídeo, em inglês, que pede o “fim do racismo, da brutalidade, da desigualdade, das injustiças”. A Patagonia, marca com forte atuação em ações de preservação do meio ambiente, afirmou em um post que desde 2016, “dedica mais de US$ 4 milhões para aumentar o apoio e a atenção dos grupos de base nas comunidades da linha de frente, que são frequentemente mais afetadas não apenas pela injustiça racial, mas também pela crise climática, poluição ambiental e agora pela pandemia do COVID-19”. A Patagonia afirma que ontem (01) fez uma doação de US$ 100.000 ao NAACP Legal Defense Fund, um dos principais escritórios de advocacia dos Estados Unidos que luta contra injustiças raciais no sistema americano.

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We join with those who call out the name of George Floyd in sorrow and anger against the systemic racism that pervades our land. We stand in solidarity with African Americans and people of color, including those among our colleagues and their families. And we call on business to work with government and civil society to address racism. We know that we have work to do. ⁠⠀ ⁠⠀ Environmental and social justice are inextricably linked and we all must address the intersection of people and planet and the core inequalities in our society. Patagonia remains deeply committed to saving our planet and a world where everyone has access to clean air, water, land, and a healthy community. Since 2016, we have dedicated over $4M to increasing support and attention to grassroots groups in frontline communities who are often hardest hit not only by racial injustice, but also the climate crisis, environmental pollution, and now the COVID-19 pandemic. Today, we are making a $100,000 donation to the NAACP Legal Defense Fund. Tomorrow, and in the weeks to follow, we will intensify our efforts to ensure that voting, the most basic civil right we have, is safe for everyone. ⁠⠀ ⁠⠀ Through our Action Works platform, we also encourage our community to learn more about the environmental justice and voter-turnout groups Patagonia supports. And we will continue engaging with our partners and grantees in communities of color to learn how we can best support them. We are committing to not only being more aware of racism and social injustice all around us but actively doing something about it. ⁠⠀ ⁠⠀ Nonviolent activism pushes progress. We have work to do.⁠⠀ #BlackLivesMatter

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Marcas de ciclismo também se posicionaram, como a Specialized USA e a Trek. Até mesmo o escritório brasileiro da Trek chegou a repostar uma foto e mensagem escrita por um dos seus atletas, o triatleta Thiago Vinhal (a marca foi praticamente a única presente no Brasil a se posicionar, entre marcas de equipamentos, academias e outras empresas do mundo do esporte). “Nós que vivemos em uma pele preta sabemos de cada olhar que recebemos ao entrar em escolas, universidades, empresas, lojas, ao chegar em restaurantes, ao entrar em estabelecimentos comerciais variados, correr na rua e ver as pessoas atravessando para o outro lado”, disse o Vinhal em seu perfil no Instagram. 

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#blacklivesmatter – Vidas Negras Importam Sim,mas não só as negras, brancas amarelas ou pardas, o que não podemos permitir mais é o Racismo entre os relacionamentos humanos, tendenciando escolhas, destinos e tratamentos distintos por causa da cor da pele. Este assunto não está morto,fora da sociedade, pelo contrário está muito mais do que todos acreditam que estejam, principalmente aqui no Brasil. Fingir que não existe é deixá-lo multilando cada vez mais sonhos e oportunidades por questões inaceitáveis. Nós que vivemos em uma pele preta sabemos de cada olhar que recebemos ao entrar em escolas,universidades,empresas,lojas, ao chegar em restaurantes, ao entrar em estabelecimentos comerciais variados, correr na rua e ver as pessoas atravessando para o outro lado, já é comum!!! Ah mas não existe mais racismo!!! Pense em seus atos e escute as suas palavras a partir de hoje e realmente ajude a cortar e acabar com este absurdo pela raiz, traga a cor dos seus Sonhos para a sua vida. #LetsPush#VidasNegrasImportam #SonhosImportam

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Atletas

Atletas pelo mundo todo também se posicionaram, muitos usando a hashtag #blackouttuesday, que tem mais de 13 milhões de menções. A surfista Maya Gabeira, por exemplo, comentou apenas “Enough! Muted! Listening!”. Em tradução livre,  “Basta! Muda! Ouvindo!” , em referência a, enquanto atleta branca, apoiar o movimento sem buscar protagoniza-lo. Atletas negros como o jovem escalador americano Kai Lightner dedicaram suas últimas postagens ao assunto. “Exatamente uma semana depois de postar sobre o fato de que precisamos de mais do que hashtags para lutar contra diferentes formas de racismo, explodiu nas mídias sociais a hashtag #georgefloyd”. Kai tem se posicionado sobre a necessidade do movimento ser maior do que a sentença de um único caso.

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Lately I have been training twice a day and spending rest days taking scenic trips (while social distancing) to local attractions here in North Carolina. I could have posted a training video or a picture of my latest outdoor excursion, but these are the images that have dominated my feed and my conscious in the last week. Exactly one week after posting about needing more than hashtags to fight against different forms of racism, social media erupted with the next major hashtag #georgefloyd. It is hard to be optimistic when my community is hurting and in turmoil fighting for social justice. Images and events like these highlight the cycle of fear, pain, and anxiety our community experiences in the face of constant adversity … and frankly we are tired. Tired of watching our people be senselessly murdered without justice being served. Tired of relying on systems and institutions that constantly fail us. Tired of being the victim. Thank you for the overwhelming support. Please remember, as I said in my previous blog post, this movement can’t end once a verdict has been reached. The goal has to stay focused on preventing the next hashtag from occurring. #blacklivesmatter

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O corredor de montanha basco Killian Jornet se posicionou reconhecendo seu privilégio branco. “Como homem branco nascido em um país rico, eu nunca me senti sem segurança perante a outros indivíduos pela cor da minha pele, gênero ou orientação sexual. E isto é um privilégio que eu não mereci por esforços na minha formação ou por escolha pessoal, mas simplesmente por como eu nasci.” Outros atletas como o corredor Usain Bolt, os escaladores Sasha DiGiulian, Cedar Wright e Felipe Camargo, assim como o surfista Gabriel Medina e a skatista Leticia Bufoni também engrossaram o protesto.    

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Why should I talk about it? It seems far in physical distance, (from Måndalen to Minessota is more than 7000km over the Atlantic) and in personal circumstances. As white man born in a rich country I have never felt unsafe facing other individuals because the color of my skin, gender or sexual orientation. And that’s a privilege I got not from efforts or education, nor by choice, but just how I was born. I’m living with a privilege that shouldn’t be for a small part of the population but to everyone, and that’s why I think is important that all of us, from what seems a far distance and concern, take also part on the change of this society that needs more equality, empathy and curiosity instead of fear, difference and hate. • Change is something that is frightening for the privileged ones but it is necessary to grow both as individuals and as society, and to make this change possible it demands more listen than talk from the privileged and courage to fight for it, otherwise only catabolism will produce change. • #blacklivesmatter #blackouttuesday

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Mais ações, menos discurso!

Usuários comentaram nas publicações das marcas que, além do discurso, é importante ações das empresas, como contratar mais pessoas negras, inserir mais elas em sua publicidade, etc. Nos Estados Unidos existem diversos grupos que visam incentivar e incluir mais negros nos esportes outdoor. Um dele é o Color Outside, um grupo que reúne e incentiva mulheres negras a praticarem esportes e atividades outdoor. A fundadora do projeto, Nailah Blades, escreveu em suas redes sociais que “não basta dizer as palavras certas em um post social, se você também não está fazendo o trabalho internamente como empresa”. Para Nailah, as empresas e marcas deveriam refletir muito bem antes de publicar algo sobre o “Black Lives Matter” para não ser apenas mais uma ação de marketing.