É hora de levar o método da Marie Kondo para a sua vida
Por Brad Stulberg
Há evidências crescentes de que uma casa ou local de trabalho desorganizado é estressante. Um estudo recente da Universidade DePaul descobriu que a desordem física está ligada à procrastinação e, por sua vez, à menor satisfação com a vida. Outra pesquisa mostra que a bagunça está associada a níveis elevados de cortisol, o hormônio do estresse.
“Pegamos nossos desejos e transformamos em necessidades”, disse recentemente Joseph Ferrari, principal autor do estudo DePaul, ao The New York Times. Isso, diz ele, é o motivo pelo qual muitos de nós acabam acumulam coisas que não agregam valor às nossas vidas, e o acúmulo nos deprime e nos estressa.
Embora a pesquisa acima, e o sucesso da série Ordem na Casa com Marie Kondo no sistema de streaming Netflix, examinem a bagunça física, tenho um forte pressentimento de que a desordem psicológica pode ser ainda pior para sua saúde e desempenho físico.
Quanto mais desorganizado e confuso vocês estiver, menos energia e atenção terá disponível para cada atividade. Isso é problemático porque também está ligado com a satisfação e o prazer. Um estudo de Harvard descobriu que as pessoas são muito mais felizes quando estão totalmente presentes para a atividade que estão realizando. Uma mente apressada ou dispersa geralmente não é uma mente feliz.
“Há uma epidemia global de excesso de tarefas e isso está arruinando a nossa saúde”, escreve Elizabeth Evitts Dickinson no John Hopkins Health Review, citando evidências de que quando você se sente preso a um número excessivo de obrigações, é um caminho rápido para ansiedade e vazio.
Melhor do que ser cronicamente ocupado é ter um número limitado de coisas que você gosta e trazer tudo de si para eles. Um maravilhoso estudo de caso é o corredor Eliud Kipchoge. Como o melhor maratonista de todos os tempos, Kipchoge tem inúmeras oportunidades de fazer aparições na mídia e viver a vida de uma celebridade. No entanto, ele prefere um estilo de vida modesto com um foco na corrida. Isso, ele disse, o deixa feliz. “Na vida, a ideia é ser feliz”, diz Kipchoge no documentário Breaking2. “Então eu acredito na vida calma, simples e discreta. Você vive de forma simples, treina bastante e vive uma vida honesta. Então você está livre.”
Se desfazer daquilo que traz a desordem pra sua vida não apenas melhora a felicidade, mas também o desempenho. Uma das seções mais populares do meu livro Peak Performance é sobre a noção de ser um minimalista para ser um maximalista. Quase todos os atletas de melhor desempenho que entrevistei com o meu co-autor, Steve Magness, são altamente seletivos sobre como eles gastam o tempo e energia. Não é que ele sejam excessivamente rígidos e não se divertam. É que eles só trabalham nas coisas que realmente importam para eles, e eles tinham a confiança para recusar todas as coisas que não importavam – pense nisso como a abordagem Marie Kondo aplicada ao seu tempo.
“Se você quer ser realmente bom, se você quer dominar e desfrutar de uma coisa, você tem que dizer não para muitas outras”, Michael Joyner, um pesquisador da Mayo Clinic, nos disse para o livro.
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Aplicar o método da Marie Kondo em sua vida pode ser eficaz, mas isso não torna mais fácil, especialmente em um mundo caracterizado por hiperconectividade e infinitas oportunidades para fazer e ter mais. O desafio da organização é universal. A boa notícia é que um processo de três etapas pode ajudar.
- Liste seus valores fundamentais ou as três ou cinco coisas que mais importam para você. Estes são os princípios orientadores da sua vida.
- Faça uma espécie de inventário de como você gasta seu tempo e energia em um dia normal. Se você não conseguir chegar a um dia “normal”, basta olhar para as últimas duas semanas. Qual porcentagem de seu tempo e energia é gasta em atividades que se alinham com seus valores fundamentais? Quais das atividades que não estão alinhadas com seus valores essenciais podem ser razoavelmente cortadas?
- Para cada nova oportunidade que surja, pergunte a si mesmo: “Se eu disser sim a isto, ao que estou dizendo não?” Esta é uma pergunta poderosa. Torna as compensações altamente aparentes e ajuda a evitar ficar sobrecarregado pela excitação aguda de assumir algo novo.
Eu passo por esse processo com meus clientes de coaching pelo menos uma vez por ano e sempre que eles estão se sentindo sobrecarregados. O que é ótimo é que esse mesmo processo pode ser usado em mais situações. Você pode facilmente adaptá-lo no contexto de sua rotina de exercícios ou relacionamentos.
Lembre-se: mais pode ser mais. Mas isso não significa que mais é melhor.
*Texto publicado originalmente na Outside USA.