Seu celular pode ser o melhor amigo do seu treino – ou o pior. Enquanto pesquisas consistentemente mostram que a playlist perfeita pode melhorar sua performance – e nem vamos falar dos incríveis aplicativos de corrida e exercícios -, alguns outros estudos relatam que seu smartphone pode facilmente impedir você de atingir seus objetivos fitness. Abaixo, seis formas de como ele pode estar fazendo isso.
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Atrapalhando sua performance e estabilidade
Um estudo recente publicado no ‘Performance Enhancement and Health’ mostrou que tanto mandar mensagens quanto conversar (segurar o telefone na sua orelha) ao telefone enquanto você corre, impacta significantemente sua forma e estabilidade. Felizmente, escutar música não tem o mesmo efeito, então, se você realmente precisar falar ao telefone durante o treino, use seus fones de ouvido.
Além disso, regularmente ficar curvando-se para checar a tela do seu celular pode levar, com o tempo, à cifose, arredondamento excessivo da parte superior das costas, também chamado de corcundez, explica o pesquisador Michael Rebold, diretor do departamento de ciência integrada do exercício na ‘Hiram College’.
Aumentando o risco de lesões
Você sabe que usar seu telefone e dirigir ao mesmo tempo é perigoso, mas o mesmo vale para a corrida. A explicação é que quando você faz duas coisas ao mesmo tempo, sua performance em ambas fica prejudicada. Isso porque seu cérebro vai e volta entre as duas tarefas, em vez de trabalhá-las simultaneamente, diz Rebold.
Então, enquanto mandar mensagens, checar seu app de corrida e a hora o tempo todo no seu celular podem prejudicar sua postura na corrida, ainda podem dividir seu foco e acarretar quedas e colisões na esteira ou em trilhas, por exemplo. Ouvir música diretamente do seu smartphone também abafa os barulhos do trânsito e ao seu redor. Na verdade, um estudo da ‘University of Maryland School of Medicine’ descobriu que o número de pedestres nos EUA que se machucaram enquanto usavam fones de ouvido triplicou entre 2004 e 2010.
Diminuindo a intensidade do exercício
“Se você está usando seu celular enquanto se exercita, não vai se esforçar tanto quanto faria sem o aparelho”, afirma Rebold, cujo estudo encontrou que o uso de smartphone durante o treino é inversamente proporcional à intensidade. Na pesquisa, ele colocou 33 mulheres em esteiras, permitindo que cada uma escolhesse sua própria velocidade (ele cobriu os displays para que elas não soubessem de fato a velocidade em que estavam correndo). Quando as mulheres enviavam mensagens e conversavam durante a corrida, acabavam correndo 10% mais devagar do que aquelas que deixaram o telefone de lado.
Além disso, ser capaz de suportar exercícios de alta intensidade é uma atividade tão mental quanto física, explica Stephen Graef, fisiologista do esporte no ‘The Ohio State University Wexner Medical Center’. Se você não está focado, a motivação e a performance vão escapar.
Felizmente, o estudo de Rebold encontrou que ouvir música pode aumentar a intensidade do seu treino – desde que você não fique mexendo no seu arquivo de músicas o tempo todo. Dê play na sua playlist antes de começar o exercício.
Fazendo com que suas pausas de descanso durem muito mais
É natural querer matar o tempo entre suas séries de exercícios. Mas, assim que você tira o telefone do bolso, sua pausa pode se estender muito mais do que o ideal. Além de ser uma perda de tempo, paradas muito longas entre séries podem diminuir os benefícios dos exercícios.
De acordo com pesquisa publicada no ‘Journal of Strength and Conditioning Research’, a duração do período de descanso normalmente determina a resposta hormonal do seu corpo em relação ao exercício, portanto, seus resultados. Enquanto seu tempo exato de pausa depende dos seus objetivos, tipo de treino e quantidade de peso levantado, para maximizar o desencadeamento de testosterona para ganho de massa muscular e produção de hormônios de crescimento durante o exercício, o estudo sugere descanso de 120 segundos.
Quebrando seu fluxo
Enquanto escutar música durante seu treino certamente pode aumentar sua motivação e o quanto você curte o exercício, responder a e-mails de trabalho faz o oposto, diz Graef. Além disso, constantemente ficar checando seu celular quebra seu foco e sua capacidade de atingir “fluxo” mental, em que a atividade no córtex pré-frontal e frontal – áreas responsáveis pela incessante “conversa interna” no seu cérebro -, declina dramaticamente. No fluxo, tudo parece automático e o tempo voa, ele afirma, notando que muitos especialistas acreditam que fluxo mental é necessário para atingir o desejado “barato” da corrida.
Fazendo com que você pule seus treinos
“O motivo mais comum dado para as pessoas não se exercitarem é o de que elas não têm tempo”, conta Rebold, que acredita que o uso constante do celular está tirando o exercício de nossas agendas ocupadas. “Você pode facilmente pegar seu smartphone para checar as redes sociais e, antes que você perceba, perdeu duas horas nisso”.
Essa pode ser uma das razões pelas quais uma pesquisa de 2013, publicada no ‘International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity’, mostrou que universitários que ficavam grudados em seus celulares eram menos atléticos (eles tinham VO2 máximos muito menores, uma marca de saúde aeróbica) do que aqueles que não usavam tanto seus telefones. (O estudo descobriu que o estudante médio passava cerca de cinco horas por dia no smartphone).
Claro, que a conexão celular-fitness é parecida com o cenário da galinha-e-ovo, mas as pessoas no estudo que usavam mais o telefone eram mais propensas a renunciar a oportunidades de se exercitar para passar mais tempo no celular.