Vídeo: a solitária jornada de Heraldo Rial, o último “gaucho” da Patagônia

Por Redação

Com o avanço da modernidade, o modo de vida ancestral dos gauchos está ameaçado. Foto: Reprodução / Explorersweb.

O documentário Gaucho narra os dias do ícone patagônico Heraldo Rial. Gauchos (ou ‘gaúchos’ em português) são cavaleiros e criadores de gado habilidosos que vivem de forma independente na região da Patagônia há séculos. Conhecidos por sua coragem e destreza, o gaucho é uma espécie de herói folclórico na Argentina. Mas, com o avanço da modernidade, esse modo de vida ancestral está ameaçado. Rial é um dos últimos verdadeiros gauchos.

Hoje com 80 anos, Rial já não consegue fazer tudo o que fazia antes. No verão, três homens percorrem os 1.000 hectares de terras selvagens onde ele trabalha como criador. Papo, seu sobrinho Diego e seu filho Franco vão ajudar Rial nas tarefas. São as únicas pessoas que fazem a longa viagem pelas montanhas para vê-lo.

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No inverno, ele passa os dias sozinho em sua pequena casa, trazendo o rebanho dos pastos altos da montanha para enfrentar o vento, a chuva e a neve. Papo o compara a um urso hibernando: tranquilo e silencioso. Mas ele trabalha todos os dias, cuidando dos animais, da casa e das cercas.

“Vou morrer aqui, em algum momento”, diz Rial com calma, enquanto a câmera mostra sua casa. Ele parece estar em paz com essa ideia.

Assista aqui:

Uma espécie em extinção

A maioria dos gauchos que Rial conheceu já se foi. O aumento da urbanização, como explica Papo, levou muitos gaúchos a venderem suas terras e se mudarem para as cidades, abandonando os caminhos das montanhas e os antigos lugares.

A criação de gado é uma parte importante da economia argentina. No entanto, a maior parte do dinheiro fica nas mãos de uma longa cadeia de intermediários. Homens como Rial, que trabalham todos os dias para criar os animais, ganham apenas o suficiente para sobreviver. Em troca, enfrentam perigo, isolamento e trabalho árduo.

O filme mostra algumas das tarefas diárias de Rial e seus ajudantes, como encontrar e reunir um rebanho que escapou, marcar e castrar novilhos, e abater animais.

Papo orienta seu filho Franco, que está aprendendo essas habilidades pela primeira vez. Rial poderia ter passado esses conhecimentos para seu próprio filho, amigo de Papo, mas ele morreu há cinco anos. “Mas é assim a vida”, diz Rial. “E a dele chegou ao fim. Ele teve que partir.”

O modo de vida de Rial é mais do que técnicas específicas ou práticas de pastoreio.

“A gente tem que viver sem pensar”, explica Rial. O jeito do homem do campo, como ele descreve, é de aceitação. Da morte, das inevitabilidades, das circunstâncias. É uma forma de pensar e viver que é estranha à existência moderna e urbana.

“Ele é o único gaucho que restou na Patagônia”, reflete Papo. “Não há mais nenhum.”