A menos de dois meses para o início das Olimpíadas de Paris, o Brasil já conhece os seus dois representantes no mountain bike: Ulan Galinski e Raiza Goulão.
Enquanto Raiza compete no maior evento esportivo do Planeta pela segunda vez, Galinski fará sua estreia em um palco olímpico justamente no melhor momento da carreira.
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Além de ter vencido provas importantes do calendário nacional, o baiano de 25 anos, natural do Vale do Capão, na Chapada Diamantina, alcançou resultados expressivos nas primeiras etapas da Copa do Mundo de MTB em 2024.
Em Mairiporã (SP), evento que abriu o calendário da Copa do Mundo, Galinski conseguiu pela primeira vez ser Top 20 em uma prova de XCO (cross country olímpico), modalidade que é disputada nos Jogos.
Já na terceira etapa do Tour, realizada em Nové Mesto, na República Tcheca, ele terminou a disputa na 31ª colocação, seu melhor resultado em Copas do Mundo no continente europeu até agora.
Pelos resultados recentes e também de 2023, a Confederação Brasileira de Ciclismo confirmou no final de maio que a vaga olímpica do país no MTB masculino seria de Galinski, o líder do ranking da entidade.
“Disputar uma Olimpíada era um sonho de criança. Então antes mesmo de bons resultados, eu busquei fazer a melhor preparação da minha vida nesta temporada”, conta Ulan em depoimento exclusivo à Go Outside.
Neste período de treinos, Galinski procurou analisar os pontos fracos e potencializar os pontos fortes para evoluir na pista. Tudo sempre mantendo o cuidado com a saúde, alimentação e o descanso.
“Eu sabia que a coisa mais importante neste processo de vaga olímpica seria a consistência, me manter sempre no pelotão da frente em todas as provas principais”, revela o atleta, que vem de uma longa e cansativa sequência de eventos nesta temporada.
“Foram 20 largadas nos últimos três meses e meio, é bastante coisa”, conta Ulan. Em um destes eventos, o Pan-Americano de 2024 nos EUA, que reuniu atletas da elite mundial, ele deixou a medalha escapar por pouco, mas nem isso foi capaz de abalar a sua confiança.
“No Pan-Americano tive outra boa performance, perdendo no sprint e chegando a dois segundos da medalha. Isso me deixou bem chateado, mas ao mesmo tempo mostrou que eu estava no caminho certo”, afirma.
Nos passos do ídolo
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Aos 25 anos, Ulan é pupilo de Henrique Avancini, o maior nome do ciclismo brasileiro de todos os tempos. Além de competir pela equipe da sua principal referência, a Caloi / Henrique Avancini Racing, ele também treina com toda estrutura idealizada pelo bicampeão mundial em Petrópolis (RJ).
“O Henrique sempre esteve muito presente no meu desenvolvimento como pessoa e atleta nesses cinco anos que estou com ele”, explica Ulan. “A diferença é que antes ele precisava conciliar todo esse trabalho de mentor com a própria carreira”, pondera o atleta.
“No nível que ele estava, brigando contra os melhores ciclistas do mundo, existe muita pressão, expectativa. Então de certa forma ele tinha menos tempo. Mas agora ele está totalmente voltado ao projeto, ele assumiu totalmente esse papel de manager, de mentor, isso é um baita privilégio. Porque o Henrique não tem apenas a parte teórica, ele viveu tudo isso na prática”, diz a jovem promessa baiana.
Antes da largada em Paris, prevista para os dias 28 e 29 de julho, Ulan terá pela frente mais duas etapas da Copa do Mundo, na Itália e Suíça. Ele espera usar esses eventos para chegar aos Jogos na melhor forma possível.
“É importante continuar mantendo esse contato com os melhores do mundo, quero aproveitar ao máximo toda essa experiência”, relata Ulan, que fala sobre a expectativa de alcançar um bom resultado nos Jogos Olímpicos.
“Chego em Paris acredito que com uma pequena vantagem em relação aos principais atletas do mundo. Não estou no radar, então vou competir sem nenhuma pressão”, diz. “De certa forma, isso pode ser encarado como um privilégio nesse momento da minha carreira”, acrescenta Ulan.
Na pista olímpica de Élancourt, em Yvelines, a 44 km de Paris, ele espera encontrar um percurso elaborado com poucas oportunidades de ultrapassagem, mas exigente na parte física, um dos seus pontos fortes.
“Quero usar isso ao meu favor, mas também farei a melhor preparação da minha vida em todos os sentidos. Vou aproveitar muito esse ciclo da minha carreira, mas sabendo da responsabilidade que é representar o Brasil em uma Olimpíada”, finaliza o ciclista.