A vitamina D traz benefícios essenciais ao organismo e é gerada naturalmente pelo corpo por meio da exposição ao sol. No entanto, embora ela seja comumente descrita como uma substância reguladora dos níveis de cálcio e fosfato no corpo — o que a torna benéfica para ossos e dentes —, agora pesquisadores acreditam que a vitamina D também tenha um efeito positivo na redução de risco de doenças autoimunes. As informações foram publicadas pela Isto É.
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Apesar da suspeita da conexão entre vitamina D e o tratamento de doenças autoimunes, a comprovação científica nunca havia sido estabelecida – mas agora foi. As informações são do “IFL Science”.
“Sabemos que a vitamina D faz todo tipo de coisas maravilhosas para o sistema imunológico em estudos com animais”, disse a autora sênior do estudo, Karen Costenbader, à “New Scientist”. “Mas nunca provamos antes que dar vitamina D pode prevenir doenças autoimunes”, completou.
Os resultados
Em um estudo randomizado e duplo-cego de longo prazo, pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, investigaram a capacidade de dois suplementos potenciais para prevenir doenças autoimunes: vitamina D e ácidos graxos ômega 3.
Quase 26 mil participantes, todos acima de 50 anos, foram recrutados de todos os Estados Unidos e aleatoriamente designados para um dos quatro regimes diários: um suplemento de vitamina D e um placebo, um suplemento de ômega 3 e um placebo, um suplemento de vitamina D e um suplemento de ômega 3 ou dois suplementos placebo.
“O melhor dos ensaios randomizados é que eles realmente respondem à questão da causalidade”, declarou Karen. Embora tenha sido percebida, no grupo que tomou apenas suplementos de ômega 3, uma redução na incidência de doenças autoimunes em cinco anos, o efeito não foi tão grande quanto para os dois grupos que receberam suplementos de vitamina D.
E o resultado foi ainda mais pronunciado após os primeiros dois anos, passando de 22% para 39%. “É emocionante ter esses resultados novos e positivos para vitaminas e suplementos não-tóxicos que previnem doenças potencialmente altamente mórbidas”, disse a autora. “Agora, quando meus pacientes, colegas ou amigos me perguntam quais vitaminas ou suplementos eu recomendo que eles tomem para reduzir o risco de doenças autoimunes, sugiro vitamina D 2.000 UI por dia e ácidos graxos ômega 3 marinhos, 1000 mg por dia — as doses usadas no estudo.”
A pesquisa
Originalmente, o estudo — chamado VITAL — pretendia investigar se suplementos de vitamina D e ácidos graxos ômega 3 poderiam reduzir o risco de desenvolver câncer, doenças cardíacas e derrame em pessoas sem histórico das condições.
Pouco antes do lançamento do projeto, no entanto, a equipe decidiu realizar um estudo extra analisando as taxas de doenças autoimunes — condições como artrite reumatoide, polimialgia reumática, doença autoimune da tireoide e psoríase — nos participantes. “Dados os benefícios da vitamina D e ômega 3 para reduzir a inflamação, estávamos particularmente interessados em saber se eles poderiam proteger contra doenças autoimunes”, disse a coautora JoAnn Manson, diretora do VITAL.
E apesar dos resultados positivos, os pesquisadores sabem que ainda há mais trabalho a fazer. A equipe espera que essa pesquisa encoraje as sociedades profissionais a atualizar as orientações sobre suplementos — as doses no estudo são muito mais altas do que as comumente recomendadas por órgãos de saúde, como o Conselho de Alimentação e Nutrição dos Estados Unidos ou o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido — e também esperam estender o estudo para incluir um grupo demográfico mais jovem.
“As doenças autoimunes são comuns em idosos e afetam negativamente a saúde e a expectativa de vida. Até agora, não tínhamos nenhuma maneira comprovada de preveni-los, e agora, pela primeira vez, temos”, disse a autora Jill Hahn. “Seria emocionante se pudéssemos verificar os mesmos efeitos preventivos em indivíduos mais jovens.”