Sertões Kitesurf promove travessia inédita no Brasil

Por Alexandre Versiani

Sertões Kitesurf
Travessia de 500 km da modalidade downwind vai passar pelas praias do Ceará e Rio Grande do Norte, Meca do kitesurf brasileiro. Foto: Eliseu Souza.

ÁGUA QUENTE, sol constante e vento garantido. Entre os dias 8 e 14 de outubro, esse promete ser o cenário do inédito Sertões Kitesurf, competição de travessia de longa distância que vai percorrer 500 km entre as paradisíacas praias do Ceará e do Rio Grande do Norte.

+ Onde praticar diferentes modalidades de kitesurf
+ Costa dos Coqueiros: um roteiro de bike pelo norte da Bahia
+ Downwind na Terra do Vento

De acordo com os organizadores, será a primeira vez no país que um evento de kitesurf será disputado nesta distância e nos moldes de um rally de endurance. E a inspiração veio mesmo do ronco dos motores, já que a empresa Dunas Race – a mesma que promove o consolidado Rally dos Sertões – é quem está por trás da primeira edição do Sertões Kitesurf.

“Vamos fazer o sertão virar mar. Não há histórico por aqui de um evento na modalidade de downwind na distância de 500 km que estamos planejando”, explica a kitesurfista paulistana Jalila Paulino, coordenadora do projeto. Em 2013, Jalila iniciou a missão de explorar e mapear a região entre o Rio Grande do Norte e o Maranhão, hoje conhecida como Terra do Vento.

Desde então, ela se tornou referência em viagens de kite, com pelo menos 10.000 km velejando dentro da água. “A ideia do evento não é reunir apenas kitesurfistas profissionais, mas todos os praticantes desse esporte. Queremos proporcionar um momento único de aventura em formato de competição”, conta Jalila.

Serão 500 km de prova, com cinco etapas e seis dias. A largada acontece em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, e a chegada será em Preá, no Ceará. Considerado a “Meca do kitesurf brasileiro”, esse trecho do litoral nordestino oferece condições perfeitas para o esporte por pelo menos oito meses ao ano.

Na modalidade downwind do kite, os praticantes usam o vento a favor para realizar travessias, curtas ou longas. Além da adrenalina de velejar em grande velocidade, o down- wind possibilita desbravar novos lugares apenas com o uso do equipamento: uma prancha no pé, uma pipa no céu e um trapézio.

O sertão vai virar mar

No Sertões Kitesurf, os competidores passarão por famosos destinos da costa nordestina, como Galinhos, Tibau, Canoa Quebrada, Fortim, Cumbuco, Paracuru, Guajiru e Icaraizinho. Eles serão divididos em quatro categorias: Elite, para os velejadores mais experientes; Adventure, com pelo menos 50% do trajeto da categoria Elite; e Master, para quem tem mais de 50 anos, com o mesmo percurso da categoria Adventure.

Com o know-how de 28 anos de produção do Rally dos Sertões, a estrutura de apoio montada para o Sertões Kitesurf não fica devendo em nada ao maior rally das Américas. A segurança será composta por equipes marítima e terrestre, e os kitesurfistas terão direito a pernoites na charmosa Vila Kite, que vai abrigar os competidores durante o trajeto.

“Teremos 20 profissionais com experiência no kite pilotando jet-skis, além de velejadores socorristas. Em terra, a segurança será composta por motoristas com conhecimento na região, apoio de ambulâncias e equipe empenhada na montagem da Vila Kite, com uma estrutura instalada em áreas remotas e tendas individuais no estilo glamping para cada participante, comida típica e tudo o que for preciso para que seja um evento de
sucesso”, ressalta Jalila.

O kitesurf é um dos esportes aquáticos que mais cresce no mundo, tanto em número de praticantes quanto em visibilidade. Prova disso é a inclusão do Formula Kite (modalidade em que os atletas contam com o auxílio de um Hydrofoil para velejar) nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

Segundo dados da Associação Brasileira de Kite, em 2020 houve um crescimento de 23% no número de praticantes apenas no Nordeste, onde já se formaram grandes nomes da modalidade e que abriga picos de classe mundial. O kite também é responsável por impulsionar o turismo nessa região do país, principalmente entre os meses de junho e setembro.

“Com certeza um rally como esse desperta a curiosidade de qualquer velejador, principalmente em nós, que nascemos na Terra do Vento”, diz o atleta cearense Jardson Santos, local de Tatajuba, que participará do Sertões Kitesurf na categoria Elite. “O kite faz parte da minha vida desde que nasci, e sempre gostei de participar de qualquer tipo de evento envolvendo esse esporte. Costumo fazer downwinds mais curtos, mas, quando vi esse formato de longa distância, fiquei bem empolgado com a chance de percorrer quilômetros de muita água salgada, sentindo a adrenalina de uma competição”, completa o kitesurfista.

Entre os nomes já confirmados no primeiro Sertões Kitesurf, estão os multicampeões Kauli Seadi, Reno Romeu e Bruna Kajiya, além de outros destaques no cenário mundial da modalidade com Paula Novotna, da República Tcheca, e a brasileira Marcela Witt.