Sertões Kitesurf promete dias de aventura e competição no Nordeste

Por Alexandre Versiani

Rally de longa distância vai misturar a emoção da aventura com a adrenalina da competição no Nordeste. Foto: Eliseu Souza.

Valorizar o Nordeste brasileiro, além de proporcionar dias de aventura e competição, são alguns dos objetivos do 1º Sertões Kitesurf, prova inédita de longa distância de kite que vai percorrer 500 km entre os litorais do Rio Grande do Norte e Ceará.

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O evento acontece nos próximos dias 8 a 14 de outubro e terá as categorias Elite, para os velejadores mais experientes; Adventure, com aproximadamente 50% do trajeto da Elite (260 km); e Master, para quem tem mais de 50 anos, com o mesmo percurso da categoria Adventure.

A travessia será feita de downwind, modalidade do kite em que os atletas usam o vento a favor para percorrer distâncias curtas ou mais longas. Além da adrenalina de velejar em grande velocidade, o downwind possibilita desbravar novos lugares apenas com o uso do equipamento.

Nomes experientes como Roberto Ermel, o Boyzinho, um dos precursores do kitesurf no Brasil, além de Bruna Kajiya, tricampeã mundial da modalidade freestyle, estão entre os confirmados no evento, que promete disputas de alto nível.

“Avalio esse campeonato como uma grande oportunidade de mostrar o potencial do Nordeste e do Brasil para os próprios brasileiros. Eu mesmo sou um atleta que já viajou por vários lugares do mundo, mas nunca fiz esse percurso”, conta Boyzinho, de 47 anos, que tem dois títulos sul-americanos e cinco brasileiros de windsurf no currículo e possui ampla experiência em longas travessias.

Roberto Ermel, o Boyzinho, é precursor do kitesurf no Brasil e um dos nomes mais experientes do evento. Foto: Reprodução / Instagram.

Em 2000, em alusão aos 500 anos do descobrimento do Brasil, Boyzinho participou de uma regata comemorativa pelo Oceano Atlântico que saiu de Portugal com destino ao Brasil. Desta vez, ele destaca o formato inédito de competição que o Rally de Kite vai proporcionar.

“Achei esse formato bem diferente, muito arrojado. A expectativa que tenho é uma mistura de ansiedade pela aventura e também pela adrenalina que só um campeonato consegue proporcionar. Uma coisa é você passear de downwind, tem vários eventos que você vai tranquilo, navegando, mas campeonato assim será o primeiro. Estou muito ansioso”, completa o velejador, que chegará mais cedo ao Nordeste para adaptar-se às condições locais e colocar o equipamento em dia.

Boyzinho embarca para a região no próximo dia 3, à espera da largada que acontece no dia 9 de outubro em São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte. Logo na primeira travessia, os velejadores terão que encarar uma jornada de mais de 100 km até a Praia de Soledade, outro paraíso do kite no litoral potiguar.

“Já andei baixando carta náutica, estudando Google Earth. Fiz o percurso na minha mente, mas são muitas variáveis que esses mapas não mostram. Será um desafio enorme, sem contar a questão da alimentação, hidratação. O legal é que a gente está fazendo tudo com uma ótima estrutura por trás, o que te deixa mais confiante. Porque se acontecer alguma coisa ali você sabe que tem uma equipe para te resgatar. Isso pra mim é fundamental”, avalia Boyzinho.

Tricampeã mundial da modalidade freestyle, desta vez Bruna Kajiya vai testar os limites no downwind. Foto: @helyas_ / Instagram.

Nordeste em alta

Considerado uma das “Mecas” do kitesurf mundial, o trecho do litoral nordestino que vai do Rio Grande do Norte ao Ceará oferece condições perfeitas para a prática do velejo por pelo menos oito meses ao ano.

No Sertões Kitesurf, os competidores ainda passarão por famosos destinos da costa nordestina, como Galinhos, Tibau, Canoa Quebrada, Fortim, Cumbuco, Paracuru, Guajiru e Icaraizinho. Serão 500 km de prova, com cinco etapas até o destino final, em Preá, vilarejo vizinho a Jericoacoara, no Ceará.

Para Bruna Kajiya, um dos fatores mais empolgantes da competição é exatamente a oportunidade de conhecer o Nordeste brasileiro pela água.

“Acho que isso é o que me motiva mais neste momento, fazer um percurso tão rico e que poucas pessoas têm o privilégio de conhecer”, conta Bruna, de 34 anos, uma das principais atletas do kitesurf mundial na modalidade freestyle e que desta vez vai se arriscar no downwind.

“Realmente é uma prova única, bem diferente do que costumo fazer. Normalmente participo do mundial de manobras, que são bem específicas e curtas. Às vezes são 20 minutos de bateria, no máximo. E aqui estamos falando de quilômetros e quilômetros de corrida”, afirma Bruna, que destaca a hidratação e a proteção solar como fatores essenciais para o sucesso na competição.

“O que percebo é que são partes importantes. São muitas horas no mar, com água salgada e esse ‘solzão’ que a gente tem no Nordeste. É preciso estar bem preparada para competir todos os dias em alto nível. Porque fazer um downwind é tranquilo, você se queima, se desidrata, no dia seguinte está morto, mas aí fica relaxando. Agora, nessa prova vai ser diferente, são cinco dias seguidos de longas distâncias. Então o mais importante é fazer aquele dia bem e manter-se inteiro para o dia seguinte”, destaca a atleta.

Sertões Kitesurf
Sertões Kitesurf terá grande estrutura para garantir a segurança dos atletas. Foto: Eliseu Souza.

Estrutura

A empresa Dunas Race – a mesma que promove o consolidado Rally dos Sertões – é quem está por trás desta primeira edição do Sertões Kitesurf. Com o know-how de 28 anos de produção do maior rally das Américas, a estrutura de apoio montada para o Sertões Kitesurf não fica devendo em nada.

A segurança será composta por equipes marítima e terrestre, com pelo menos 20 profissionais com experiência no kite pilotando jet-skis, além de velejadores socorristas. Em terra, a segurança será composta por motoristas com conhecimento na região e apoio de ambulâncias.

Já outra equipe ficará empenhada na montagem da Vila Kite, com uma estrutura móvel instalada em áreas remotas e tendas individuais no estilo glamping para cada participante. Ali os velejadores terão direito a pernoites e refeições durante todo o campeonato.

“Um evento como esse também mostra como nosso esporte é versátil”, ressalta Bruna. “O kite é pra todo mundo, para quem gosta de onda, de manobra radical ou de corrida no downwind. Acho que além de ajudar muito o esporte, o Sertões Kitesurf vai valorizar o Nordeste brasileiro, que na minha opinião é o melhor lugar do mundo para praticar. Temos uma mina de ouro bem aqui e que muitos brasileiros nem sabem”, finaliza a atleta.

Além de Bruna e Boyzinho, outros nomes já confirmados na primeira edição do Rally Sertões Kitesurf são os multicampeões Kauli Seadi e Reno Romeu, além de destaques da modalidade com Paula Novotna, da República Tcheca, a brasileira Marcela Witt e a apresentadora Cris Dias.

 







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