Técnicas e pesquisas importam, mas a nossa maneira de fazer aquilo que amamos é o que realmente define quem somos. Perguntamos a alguns experts como preferem correr, pedalar e viajar, para entender as vantagens em detalhes que fazem muita diferença.
Questão de gosto: Pedal clip x Pedal flat
Sem pancadas doloridas
Por Mario Roma, fundador da Brasil Ride
“Certeza clipado. Primeiro que eu fujo da pancada mais dolorida que tem na bike, que é quando o pedal volta pra trás e acerta a canela em cheio. E agora que estou pilotando com mais vontade e desejo em trilhas, a estabilidade de estar clipado me traz a sensação de estar conectado à bicicleta, já quando estou sem clipe é como se a bike fosse uma coisa e eu outra, não sinto ela do mesmo jeito. Já na parte de eficiência, de mecânica, clipado eu consigo empurrar e puxar, e não só empurrar, ou seja, uso a musculatura inteira da perna. Com isso, minimizo o esforço e ganho mais potência. Por esses e outros motivos que não consigo me ver pedalando só de plataforma. Até minha sandália tem clipe.”
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Resista às pressões sociais
Por Marcio Prado, idealizador do Zoom Bike Park
“Desde 2017 eu passei a usar plataforma – e por algumas razões. Antes eu acreditava que, clipado, teria aquela ‘puxada’ para ajudar na potência, algo que já foi descoberto que é lenda. Depois, quando me formei instrutor de técnicas de mountain bike e passei a dar aulas no Zoom, notei que muitas pessoas que queriam aprender chegavam com pânico de estar com o pé preso. Decidi que, para dar o exemplo, iria tirar o clipe e mostrar que o MTB também pode ser legal de pé solto. Um segundo argumento é que eu entrei em um processo de querer evoluir nos saltos, e estar com o pedal ‘flat’ exige que você use a técnica verdadeira. Esses exercícios de ficar com pé solto na bike me deram uma sensação, técnica e um barato tão legal que parei de usar o clipe. Tem a questão do estilo e do conforto também. Se estou fazendo meu MTB e vou parar em um café, restaurante, ou mesmo se preciso caminhar em um trecho da trilha mais difícil, eu tenho um calçado muito mais legal de usar, sem ter aquele ‘taquinho’ arrastando no chão. Eu nunca vendo que um é melhor do que o outro. Mas para quem é iniciante e está lidando com a questão do medo, eu sempre digo: resista às pressões sociais, do marido, da namorada, dos grupos de amigos que falam que você é ‘peba’. Seja feliz de pé solto porque isso não vai mudar nada no desempenho.”
Trecho da matéria “Questão de Gosto”, originalmente publicada na Go Outside 180.