Austríaca é 1ª pessoa do mundo a escalar o El Capitan em flash

Por Owen Clarke, para a Climbing/Outside USA

Austríaca é 1ª pessoa do mundo a escalar o El Capitan em flash
Foto: Jacopo Larcher

Babsi Zangerl, de 36 anos, escalou os 1.000 metros da via Free Rider (VI 5.13a) do famoso paredão El Capitan, no Parque Nacional de Yosemite (EUA), na sua primeira tentativa, sem nenhuma queda.

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A talentosa Barbara “Babsi” Zangerl fez história na escalada ao se tornar a primeira pessoa a realizar um flash [escalar na primeira tentativa, sem cair] bem-sucedido no El Capitan. Babsi escalou os impressionantes 1.000 metros do monólito de granito via Free Rider (VI 5.13a, ou 9b na escala brasileira) em um esforço contínuo de quatro dias, entre 19 e 22 de novembro, sem cair uma única vez. Seu parceiro de longa data—na vida e na parede—Jacopo Larcher também tentou um flash, mas sofreu uma queda.

Free Rider, uma variação da via Salathé Wall, criada pelos irmãos Huber, é uma das rotas mais famosas do Vale de Yosemite. É amplamente conhecida como a rota escalada por Alex Honnold no filme Free Solo.

Aos 36 anos, Zangerl é uma das escaladoras mais versáteis da atualidade. Ela já superou problemas de V13, escalou 11b em estilo trad e conquistou ascensões livres raras em vias de alta altitude, como Eternal Flame na Torre Sem Nome e Odyssee no Eiger. Em Yosemite, ela já escalou linhas icônicas como The Nose, El Niño, Zodiac e Magic Mushroom. Babsi também foi a quarta pessoa (e até agora a única mulher) a completar a “Trilogia Alpina”, que inclui três multipitches 10c a 11b nos Alpes: Des Kaisers neue Kleider, Silbergeier e End of Silence.

Com um apetite notável por rotas longas e desafiadoras, Zangerl agora se consagra como a primeira a realizar um flash no Big Stone.

Zangerl revelou que foi seu amigo Kolin Powick quem passou anos tentando convencê-la, e a Larcher, a tentar a Free Rider, embora ela inicialmente duvidasse da possibilidade de um flash. “Eu tinha expectativas bem baixas”, admitiu.

Tentativas anteriores e os detalhes do feito

Vale destacar que, em 2014, Pete Whittaker também escalou partes da Free Rider em sua primeira tentativa, mas com duas ressalvas: ele e Tom Randall desceram ao chão após o primeiro dia para evitar congestionamento na parede, e Whittaker caiu no Boulder Problem (9b), optando pelo Teflon Corner (9a) como alternativa. Cédric Lachat teve uma experiência semelhante em 2009. Já Adam Ondra tentou onsight a Salathé Wall em um único dia em 2018, mas caiu no trecho Headwall.

Babsi detalhou sua escalada: “O Freeblast foi bastante complicado”, disse, referindo-se às 10 primeiras enfiadas (7a) da Free Rider. Apesar de menos exigentes fisicamente, essas enfiadas requerem concentração total devido à técnica e ao posicionamento preciso dos pés. “É muita escalada insegura, com aderência em agarras escorregadias e muitas chances de errar.”

Outro grande desafio foi o Monster Offwidth, que Zangerl liderou. Essa fenda prolongada exige técnicas específicas, como travamentos de pés e mãos. “Foi uma verdadeira luta para mim. Não sou muito boa em offwidth”, contou. Para facilitar, ela usou dois calçados sobrepostos no pé direito para aumentar a estabilidade ao travar o calcanhar e a ponta do pé.

Um encontro de última hora com Alex Honnold foi crucial. “Alex me disse que, quando estivesse exausta no Monster, eu deveria me inclinar para a direita e travar minha perna esquerda para descansar”, explicou. Essa dica salvou sua tentativa quando estava prestes a desistir.

No entanto, o Boulder Problem foi o maior desafio. Larcher liderou o trecho, mas caiu, encerrando sua tentativa de flash. Quando Zangerl assumiu, percebeu que era baixa demais para usar os mesmos apoios. Após descer e repensar a estratégia, conseguiu adaptar os movimentos. “Achei que iria cair, mas, no último momento, consegui travar o pé. Foi extremamente instável. Tive muita sorte.”

A conquista

Conforme subia, a tensão aumentava à medida que Zangerl começava a acreditar na possibilidade do flash. Chegar ao topo foi uma experiência incrível, mas também um pouco amarga, já que Larcher ficou a apenas um movimento do mesmo feito. “Fiquei triste por Jacopo. Esse foi um esforço de equipe. Não teria conseguido sem ele.”

Larcher comentou sobre sua experiência no Instagram: “Por um momento, me senti aliviado após a queda, pois pude escalar o resto sem pressão… Mas, ao chegar ao topo, meus sentimentos mudaram. Essa conquista significava muito para mim, e o fracasso é difícil de aceitar. Mas estou extremamente orgulhoso da Babsi e do que ela alcançou!”

 

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