Boas ondas e bons ventos para o verão 2019
Enfim o inverno acabou! Ou seja: hora de começar a preparar a próxima viagem para curtir o calor, o sol, o mar e a areia – a seguir, algumas das melhores opções da costa brasileira para você se aventurar nos esportes do verão.
MARESIAS, São Sebastião
Boa para: Surfar, curtir os amigos e ir a festas.
É DIFÍCIL DIZER QUAL vocação prevalece em Maresias, no litoral norte de São Paulo: surf ou festa. O bom é que você não precisa escolher e pode juntar as duas coisas – e, de quebra, curtir trilhas e a natureza intocada da mata atlântica que cerca a praia. Quintal de atletas como o campeão Gabriel Medina, que aprendeu a surfar ali, o pico tem ondas de até 4,5 metros. Não à toa, Maresias já foi cenário de etapas de campeonatos mundiais de surf e, durante todo o ano, recebe competições nacionais e internacionais do esporte. O agito do público mais jovem geralmente se concentra perto dos restaurantes. Famílias preferem o Canto da Barra, que recebe as águas do rio Maresias e tem mar mais abrigado e calmo por conta das pedras. Na água, dá para ver o arquipélago de Alcatrazes, ponto de mergulho. O Canto do Moreira, do lado direito, oferece ondas tubulares e potentes e um braço de areia que forma piscinas naturais, protegidas da rebentação.
São 5 km de extensão, com areia branquinha e boa infraestrutura, com 22 acessos ao bairro, ao longo da orla. A vida noturna de Maresias rola o ano todo, mas, com a chegada do verão, começa a ficar intensa, com baladas para todos os gostos no réveillon. Da hypada Sirena Club a um farto calendário de festas mais alternativas, boa parte da vida noturna está concentrada em volta da rua Sebastião Romão César. O fervo segue quente geralmente até o Carnaval, com cardápio musical variado e festas com open bar e open food. A infraestrutura é excelente, com opções de hospedagem e alimentação para diversos tipos de orçamento, de pousadinhas cheias de charme a hostels, de restaurantes de frutos do mar a lanches pé na areia. Outro motivo para escolher Maresias como base é que as praias vizinhas também valem a visita. Toque-Toque Grande, Toque-Toque Pequeno e Paúba ficam próximas e são bem sossegadas.
SILVEIRA, Santa Catarina
Boa para: Surfar
NÃO É À TOA QUE GRANDE parte dos talentosos surfistas de elite do Brasil venha habitando cada vez mais o litoral de Santa Catarina. Por trás da boa constância de ondas, moradores têm fomentado um estilo de vida mais conectado com a natureza e a hábitos saudáveis. Não é o paraíso – há questões como ocupações irregulares e falta de estrutura –, mas, sabendo explorar, seus “segredos” logo se revelam.
Em Garopaba, intitulada a capital catarinense do surf, a praia da Silveira ainda mantém clima mais selvagem. Seus dois cantos, nos extremos do 1,5 km de faixa de areia, trazem condições incríveis de surf. O fundo de pedras no lado sul, quando alinhado com as condições certas de ondulação e vento, propicia formações de alto nível.
Cercada por uma proteção natural montanhosa que separa a Silveira do centro de Garopaba, a paisagem é repleta de área verde preservada. Misturada com costões de rocha e areia, forma-se um cenário convidativo para um dia de praia mesmo se a sua onda não for o surf. No alto do morro que dá acesso a Silveira ou nas beiradas dos costões, as vistas são simplesmente incríveis.
LAGOA DO CAUÍPE, Ceará
Boa para: Praticar kitesurf
DIZEM QUE NO LITORAL do Ceará há duas estações: com vento e sem vento. Entre julho e outubro, os ventos estão no auge e as rajadas podem chegar a 50 km/h – o que é ótimo para aliviar a sensação de calor. E Cumbuco é especial: a antiga vila de pescadores, parte do município de Caucaia, a 37 km de Fortaleza, tem ventos perfeitos para o kite. Isso vem atraindo atletas e, com o fortalecimento do esporte, chegaram pousadas descoladas, lojas de surf e restaurantes charmosos, que convivem em um centrinho tranquilo com jangadeiros e suas canoas na região do Cumbuco.
Para iniciar no kite, o lugar ideal é a lagoa do Cauípe, a 6 km de Cumbuco, formada a partir da foz do rio de mesmo nome. O pedaço é tranquilo, com apenas alguns restaurantes e barracas que servem petiscos e bebidas. Do lado mais próximo da orla, estão as escolinhas de kite. Para variar as atividades, do outro lado da lagoa, há dunas e passeios de buggy até a praia do Pecém, já em outro município. Cauípe é a principal, mas a região é pródiga em lagoas, como a do Parnamirim ou a Azul.
PRAIA DO CEDRO, Ubatuba, São Paulo
Boa para: Fazer snorkel, surfar e caminhar
UBATUBA É UM UNIVERSO de possibilidades. Tem de tudo: praia tranquila para crianças, praias bravas de surfi sta, praia com boulder para escalar… Diante desse menu, a praia do Cedro se sobressai pela beleza e sossego, garantido pela pequena trilha de acesso, que acaba afastando a bagunça. A caminhada tem dois pontos de partida: a praia da Fortaleza ou da Lagoinha. Pela Lagoinha, a entrada se dá na altura do Km 77 da Rio-Santos; já pela Fortaleza, no Km 73. O Cedro tem mar de tombo, calmo e cristalino, com costão rochoso nas duas extremidades e lajes submersas que formam piscinas naturais convidativas ao mergulho com snorkel – visitas de tartarugas e golfi nhos são comuns, assim como ouriços, estrelas e outros animais marinhos. É uma praia boa também para stand-up paddle e caiaque, que podem ser alugados por lá mesmo. Pequena, conta com algumas árvores que garantem uma sombrinha e um quiosque para um petisco ou uma bebida gelada.
GALINHOS, Rio Grande do Norte
Boa para: Curtir a natureza e praticar kitesurf.
O RIO GRANDE DO NORTE é generoso com quem gosta de kitesurf e windsurf. Entre as muitas praias onde esses esportes podem ser praticados, vale a pena olhar para Galinhos, a 170 km de Natal. Com paisagens encantadas e simplicidade sedutora, a praia fica em uma península rodeada por dunas, salinas, manguezais e rios. Galinhos e o distrito vizinho, Galos, viram ilha quando a maré enche e cobre as bordas da estreita península, de 500 metros de largura. O acesso é feito por uma barca: os carros só vão até a cidade de Pratagil. Do outro lado, fica uma vilinha tranquila e tradicional, onde o tom é a simplicidade. A praia de Galinhos não possui uma superestrutura turística, o que a torna um lugar pacato, para se reconectar com a natureza e desacelerar. A pedida é descobrir a natureza fazendo os passeios de barco que adentram pelo braço de mar interno da península. As embarcações saem da vila e seguem pelo manguezal, passando pelas salinas. O Rio Grande do Norte é o maior produtor de sal do Brasil e grande parte dele tem sua produção ali. Os barcos param também nas dunas, onde vale dar um mergulho nas lagunas de água salgada que ganharam apelido de “Mar Morto brasileiro” – você não afunda por causa da densidade da água. O segundo semestre é mais “ventoso”, o que ajuda a amenizar a sensação de calor e favorece os esportes de vela. Das dunas, os barcos partem para almoço na cidade de Galos, do outro lado da península, e depois retornam à praia de Galinhos.
CASSINO, Rio Grande do Sul
Boa para: Caminhar, pedalar longas distâncias e praticar kitesurf.
A MAIOR PARTE DOS mais de 200 km de extensão da praia do Cassino, no extremo sul do Brasil, costuma estar completamente deserta. O isolamento e a vastidão atraem viajantes para uma travessia única. Afinal, essa é a maior praia do mundo, com medições que variam de 220 a 250 km contínuos. O ambiente é mesmo incrível para testar o corpo e a mente (e ainda se desconectar um pouco), mas é preciso ficar bem atento com as condições de clima, principalmente vento e maré. Por sinal, o vento tem favorecido o crescimento do kitesurf nesse pedaço, fazendo o esporte despontar no Cassino.
Começando em Rio Grande, ponto de partida para acessar um dos extremos da faixa de areia no lado brasileiro, em direção ao arroio do Chuí, na divisa com o Uruguai, os ventos que irão te empurrar adiante vêm de norte e nordeste. Outra dica certeira é começar as jornadas diárias bem cedo. Bônus: em manhãs de horizonte aberto, o sol nasce bem na linha do mar. Como a expedição traz todo esse contato intenso com elementos variáveis da natureza, considere metas mais folgadas levando em conta sua experiência e seu preparo.
É possível encontrar locais adequados para acampamento selvagem no percurso e, com sorte, areia plana e firme na maior parte do caminho. No início da segunda metade do trajeto, há um desafio extra a se considerar na logística, o chamado “concheiro”. Esse mix de areia com conchas varia de tamanho (muitas vezes ultrapassando os 15 km) e exige esforço e cuidado redobrado. Caso você viaje de bike, opte sempre por um esquema mais leve e prático, com o mínimo necessário.
Partindo dos molhes na barra da lagoa dos Patos rumo ao sul, alguns pontos à beira-mar são verdadeiros “clássicos” locais, além de boas referências visuais: o navio encalhado Altair e os faróis de Sarita, Albardão e Chuí (este último já no fim do trajeto). Com o Oceano Atlântico sempre acompanhando a travessia, de um lado, e o território da estação ecológica do Taim, do outro, é do tipo de passeio recompensador e inesquecível.