Um novo estudo publicado na revista Nature aponta que as ondas estão ganhando força em decorrência das mudanças climáticas. A pesquisa, intitulada “Aumento da Energia das Ondas Oceânicas Observado no Campo de Ondas Sísmicas da Terra Desde o Final do Século XX”, destaca que as mudanças na temperatura global estão provocando tempestades mais intensas, resultando em ondas mais poderosas. A descoberta sugere implicações significativas para surfistas e destaca a urgência de compreender e abordar as consequências do aquecimento global.
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O estudo, conduzido por pesquisadores da Colorado State University e publicado na Nature, investigou a interação entre as ondas oceânicas e o fundo do mar.
“À medida que as ondas oceânicas sobem e descem, elas aplicam forças ao fundo do mar abaixo e geram ondas sísmicas”, escreveu Richard Aster, professor de geofísica e chefe de departamento da Colorado State University. “Essas ondas sísmicas são tão poderosas e difundidas que aparecem como um zumbido constante nos sismógrafos, os mesmos instrumentos usados para monitorar e estudar terremotos. Esse sinal de onda tem se tornado mais intenso nas últimas décadas, refletindo mares cada vez mais tempestuosos e ondas oceânicas mais altas”.
Contrariando a expectativa de apenas aumento no tamanho das ondas, a pesquisa concentrou-se na intensificação registrada nos sismógrafos. A partir de dados globais, incluindo estudos oceânicos, via satélite e sísmicos regionais, os pesquisadores identificaram um aumento de décadas na energia das ondas que coincide com o aumento da tempestade atribuído ao aumento das temperaturas globais.
Os sismógrafos, instrumentos sensíveis que detectam movimentos como erupções vulcânicas, explosões nucleares e atividades meteorológicas, revelam que, durante o lockdown global na pandemia, houve uma notável diminuição no ruído constante, com exceção do zumbido incessante causado pelas ondas oceânicas impulsionadas por tempestades, que se tornou mais intenso.
Os pesquisadores analisaram dados de 52 locais de sismógrafos ao redor do mundo desde os anos 1980, revelando que 79% deles demonstraram aumentos significativos e progressivos na energia das ondas ao longo das décadas. A média global da energia das ondas aumentou 0,27% ao ano desde o final do século XX, mas após 2000, esse número saltou para 0,35% ao ano.
A pesquisa destacou a região do Oceano Antártico, próxima à península da Antártida, como a de maior energia microsísmica. No entanto, as ondas do Atlântico Norte intensificaram-se mais rapidamente, alinhando-se a estudos recentes que indicam aumento na intensidade de tempestades e riscos costeiros.
O estudo reforça a crescente urgência de enfrentar as mudanças climáticas, evidenciando não apenas os impactos na temperatura global, mas também nas características das ondas oceânicas. Surfistas e comunidades costeiras devem estar cientes das mudanças em curso e se preparar para um ambiente oceânico potencialmente mais desafiador. À medida que o clima aquece, a intensificação das tempestades e das ondas serve como um lembrete claro da necessidade de ações coletivas para mitigar os efeitos prejudiciais do aquecimento global.