Você já se perguntou o que te faz levantar da cama todos os dias? Talvez você nunca tenha parado pra pensar nisso. E isso seria completamente compreensível, já que atualmente é difícil termos um tempo longo de respiro no meio de tanta correria. Mas talvez o ikigai possa mudar isso, te ajudando a ter uma vida mais leve e cheia de propósito.
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O que é ikigai?
O termo é japonês e não possui uma tradução literal para o português, mas seu significado é como “razão de viver”.
Sua origem ainda é instável, mas a teoria mais aceita pelos adeptos do conceito é de que ele surgiu no sul do Japão, em Okinawa. Ironicamente, surgiu no território que abriga maior concentração de centenários, e esse feito é creditado na boa alimentação e senso de comunidade da população que habita o local.
Existem diversas teorias sobre essa etimologia, mas de acordo com os japoneses, todos possuem um ikigai e descobrir qual é o seu requer uma profunda e, muitas vezes, longa busca de si mesmo. Mas ainda assim, essa procura é fundamental porque é através dela que conseguiremos trazer satisfação e significado para nossa vida.
Então basicamente, ikigai nada mais é do que um estilo de vida, que visa trazer harmonia, longevidade e satisfação plena em diferentes áreas da vida.
As pesquisas explicam…
Um estudo publicado no The Lancet em 2014, analisou 9.050 questionários respondidos por ingleses na faixa etária dos 65 anos, durante um período de oito anos e meio, e constatou que, aproximadamente 30% das pessoas que se enquadravam na categoria ‘bem-estar mais alto’, viveram dois anos a mais do que os demais que se enquadravam no grupo de bem-estar mais baixo.
“Descobrimos anteriormente que a felicidade está associada a um menor risco de morte”, analisou o professor Andrew Steptoe, diretor do Instituto de Epidemiologia e Saúde da UCL, que liderou o estudo.
“Essas análises mostram que a significância e o senso de propósito que os idosos têm em suas vidas também estão relacionados à sobrevivência. Não podemos ter certeza de que um bem-estar maior necessariamente causa menor risco de morte, uma vez que a relação pode não ser causal. Mas as descobertas aumentam a possibilidade intrigante de que aumentar o bem-estar pode ajudar a melhorar a saúde física. Existem vários mecanismos biológicos que podem vincular o bem-estar à melhoria da saúde, por exemplo, por meio de alterações hormonais ou redução da pressão arterial.”
A jornada em busca do ikigai
Hoje em dia o assunto ‘autoconhecimento’ vem sendo bastante discutido, seja nas redes sociais ou em uma sessão de terapia, as pessoas tem cada vez mais compartilhado suas experiências e descobertas sobre esse processo.
E a busca pelo ikigai não está muito distante dessa proposta do autoconhecimento. Descobrir qual sua razão de viver e propósito pode te levar a uma grande jornada interna, que para alguns pode parecer óbvio, mas para outros, ele pode estar muito escondido ou afetado por pressões externas.
Os 5 passos para encontrar o seu ikigai
O neurocientista japonês e autor do livro “Ikigai: Os cinco passos para encontrar seu propósito de vida e ser mais feliz”, Ken Mogi, conta que a procura pelo ikigai não deve ser focada apenas na longevidade, mas sim para a busca de sentido para todos os anos que você ganhou. E no livro, ele explica quais são os cinco passos para que você consiga encontrar o seu propósito de vida. Confira:
01. Começar pequeno
Esse primeiro passo foca em você encontrar propósitos menores no seu dia a dia e se livrar da “mania de grandeza”, que é algo que tem acometido muitas pessoas nos dias de hoje.
Nem tudo precisa ser grandioso, e aproveitar os pequenos prazeres do cotidiano é o grande diferencial desse conceito, “ser fácil” é o que torna o ikigai tão atraente e possível de se encontrar. Então desde comer o que você gosta no café da manhã ou separar um momento do seu dia para fazer o que gosta, independente do que seja, comece pequeno.
02. Liberte-se
O segundo passo é parar e olhar para si mesmo. Que ideia do passado ou que vontades antigas você tinha, que hoje em dia não conversam mais com quem você é e sua realidade? As pessoas mudam constantemente e talvez abrir mão daquele sonho de infância pode acabar sendo um processo revelador — e até libertador.
É importante refletir com cuidado as escolhas e entender se aquelas ideias pré-concebidas são algo que você genuinamente quer ou é uma ideia que foi imposta a você ao longo do tempo por terceiros.
03. Procure harmonia e sustentabilidade
Na procura para saber o que quer, pontuar e excluir aquilo que você não quer pode ser uma forma prática para chegar mais perto do seu propósito. Então o primeiro passo é procurar entender se a atividade que você deseja realizar, por exemplo, será sustentável a longo prazo, ou seja, se ela vai te trazer sustento a longo prazo e ao mesmo tempo te trazer felicidade. Uma forma de analisar isso é colocar no papel:
- Suas paixões;
- Suas necessidades;
- O que você é bom;
- E o que vai te dar dinheiro suficiente para o seu sustento.
A ideia é encontrar o equilíbrio perfeito entre os quatro pontos citados.
04. Encontre alegria nas pequenas coisas
Ao longo da vida, nós acabamos condicionando nossa felicidade somente em conquistas grandes, ou seja, traçamos um plano cheio de grandes conquistas e achamos que a felicidade só surgirá quando aqueles grandes objetivos forem alcançados. Mas o ikigai te convida a aproveitar toda a jornada, sendo feliz com as pequenas coisas que acontecem durante todo o processo.
05. Estar no aqui e agora
O título do quinto e último ponto dessa jornada fala por si só. Além de encontrar seu propósito de vida e de colocar em prática todos os outros passos, viver no aqui e no agora é essencial para que o conceito seja colocado em prática no dia a dia, sem pensar muito que ele trará benefícios somente a longo prazo.
Além disso, como falamos anteriormente, o ser humano está em mudança constante, então é importante não colocar um peso ou pressão demais nas coisas que você decidir agora.
Seiiti Arata, fundador da Arata Academy, conta que o motivo pelo qual nós sofremos é justamente ficar sempre focando nas coisas que queremos ou nas coisas que não queremos, esquecendo de viver o presente.
“Quando nosso foco está naquilo que desejamos ou naquilo que não queremos, nós deixamos de viver o agora, e aí nós abrimos as portas para o sofrimento”, pontua ele. “A razão pela qual nós sofremos, é o desejo fora de hora, o hábito de sempre querer antecipar o futuro ou ficar lembrando do passado, sem nunca aproveitar do momento presente”.
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