O que a ciência diz sobre o medo de cobras

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Sempre lançadas como vilãs, as cobras são uma das criaturas mais temidas em uma aventura ao ar livre. Ninguém quer encontrá-las deslizando ao longo de uma trilha ou ao lado do toco de árvore em que se está sentado. Mas afinal, por que temos tanto medo delas?

“Existem biólogos evolucionistas que dizem que isso está embutido em nossa psique”, diz William K. Hayes, professor de biologia na Loma Linda University. O medo de cobras é tão antigo quanto a própria humanidade e foi desenvolvido em uma época em que a sobrevivência do mais apto significava evitar tudo e qualquer coisa que pudesse causar danos potenciais. Esse medo evolutivo foi passado de geração em geração.

Estudos mostraram que o cérebro humano reconhece e reage a formas semelhantes as de cobras mais rapidamente do que de outras criaturas de tamanhos ou cores semelhantes – mesmo em fotos. Resumindo, os humanos avistam uma cobra na grama muito mais rápido do que um sapo ou lagarta.

Também é provável que seja um medo aprendido. Isso porque, desde a infância, as reações negativas dos adultos ao nosso redor a ameaças como aranhas e cobras inconscientemente nos ensinam a ter medo. A mídia também desempenha um papel: os relatos que lemos sobre picadas de cobra e experiências de morte ou quase morte tendem a ser sensacionalistas e superdivulgados, o que nos faz acreditar que os encontros com cobras não são apenas uma ocorrência séria, mas muito comum. Mas este não é realmente o caso.

O Brasil é a casa de mais de 400 espécies de cobras, mas 90% delas não são venenosas. Além disso, existe uma cultura de matá-las sem nem saber se trata-se de uma peçonhenta – e isso, na verdade, pode aumentar a chance de um acidente.

Por outro lado, nossos medos de cobras não são totalmente infundados. A picada de uma cobra venenosa pode ser extremamente grave, especialmente se você estiver sozinho em uma trilha sem acesso a assistência de emergência. Os sintomas e efeitos colaterais resultantes da picada de espécies venenosas podem causar danos desagradáveis ​​e permanentes às articulações, rins e até desfiguração física.

Felizmente, dos 31.395 acidentes com serpentes em 2020, apenas 121 levaram as vítimas ao óbito. É tão raro, na verdade, que é muito mais provável que você chute o balde devido a uma picada de aranha ou abelha do que a uma picada de cobra.

Como lidar com a possível presença de cobras?

As cobras não merecem ser temidas (afinal, a maioria só se defende nas raras ocasiões em que atacam), mas devem ser respeitadas. Portanto, quando você estiver caminhando ou mochilando no território de cobras venenosas, aprenda quais espécies são perigosas e seja cauteloso.

Não se sente em uma pedra sem verificar primeiro os arredores, mantenha distância quando encontrar uma no seu raio de visão (a maioria só tem uma distância de ataque igual à metade do comprimento do corpo) e, em áreas onde espécies venenosas são conhecidas por serem comuns, use botas e calças de cano alto para ajudar a proteger os tornozelos e as pernas.

E em caso de mordida?

Se você for mordido, não perca tempo tentando nenhum dos remédios caseiros para parar o veneno. Chupar, cortar a ferida ou qualquer outra tentativa não aliviará sua dor, nem retardará a propagação do veneno. A única cura para uma picada de cobra venenosa é ir a um hospital e obter soro. Então, peça ajuda, envie um amigo para o início da trilha mais próximo e faça o que puder para obter atendimento médico o mais rápido possível.

Ponto bônus: Se você conseguir – com segurança – tirar uma foto da cobra agressora para ajudar os médicos a identificar a espécie, será melhor ainda.

Não deixe que o medo de cobras o impeça de se aventurar ao ar livre. Em vez disso, aprenda sobre os répteis, aprenda a identificar as espécies mais perigosas e tenha cuidado ao caminhar durante os meses mais quentes. Lembre-se, o ar livre é a casa deles; você está apenas visitando.







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