“Quanto mais investimentos, mais ciclistas aparecem”. A frase é de Filipe Simões, subsecretário e coordenador do Niterói de Bicicleta, e reflete bem a política de incentivo à mobilidade por bicicleta desenvolvida na cidade fluminense e os avanços alcançados.
O município, na região metropolitana do Rio de Janeiro, conta hoje com uma estrutura de 50 km entre ciclovias e ciclofaixas e o número de viagens diárias de bicicleta está entre 4% a 6%, de um total de mais de 1 milhão e 200 mil deslocamentos.
+ Uso de bikes compartilhadas é alternativa para desafogar o trânsito em SP, aponta estudo
+ ONG oferece curso gratuito para quem quer empreender de bike em Macaé
+ Rocky Mountain Games terá MTB com trilhas desafiadoras em Campos do Jordão
Filipe explica que Niterói é uma cidade que sempre teve potencial para ser pedalável: é plana e cerca de 65% da população vive a menos de 5 km do centro da cidade. Inclusive, tem um passado histórico de alto uso da bicicleta, mas que acabou sendo trocada por meios motorizados.
“Me lembro de ter lido uma reportagem em 2011 mostrando que a cidade possuía meio quilômetro de ciclovia”, lembra ele. “A justificativa, na época, era que a cidade não tinha condições de implantar estrutura para bicicletas, pois as vias eram estreitas!”
Atualmente, além do crescimento da malha cicloviária – a meta é chegar em 2024 com 120 km -, a cidade possui o maior bicicletário do Brasil gratuito – com capacidade para 446 bicicletas e em via de expandir para mil vagas -, além de centenas de paraciclos espalhados pela cidade.
“Fazemos pesquisa de acompanhamento com os usuários a cada dois anos, os números indicam que 50% dos ciclistas que usam o equipamento, passaram a utilizar a bicicleta como meio de transporte porque tinham um lugar seguro para deixá-la”, conta Filipe. “Não é só a ciclovia que estimula o uso da bicicleta. É preciso criar toda a estrutura.”
A movimentação para o estímulo do uso da bicicleta começou em 2013 com a criação de um grupo de trabalho chamado Niterói de Bicicleta que tinha como objetivo criar um plano cicloviário para a cidade.
“Envolvemos cicloativistas e a sociedade civil em todas as discussões para criar a base deste primeiro plano cicloviário. A discussão e os trabalhos cresceram e acabou virando o plano de mobilidade da cidade”, lembra ele. “Em 2019, o grupo de trabalho virou uma coordenadoria que agrega todos os temas ligados à bicicleta em um só lugar.”
A coordenadoria atua fortemente em outras áreas, como educação, cultura da bicicleta e comunicação. Niterói organiza quatro campanhas de segurança no trânsito ao ano, ações de estímulo ao cicloturismo e suporte ao ciclista. Este ano a cidade lançou o selo Amigo da Bicicleta, oferecido a empresas que oferecem facilidades para bicicletas. A novidade, ainda a ser lançada, é o “Bicicleta nas Escolas”, um programa que vai incluir a bicicleta no currículo escolar da rede municipal. “Queremos que os professores falem de bicicleta e de cidades com os alunos.”
Segundo Filipe, ampliar a malha cicloviária não significa que todos devem adotar a bicicleta. “Queremos dar a opção segura, confortável e atraente para quem quer usar”, diz ele. A coordenadoria planeja chegar em 2030 com a bicicleta respondendo por 14% de todos os deslocamentos. “É um caminho sem volta! Cidades que pedalam são mais democráticas, seguras, saudáveis e muito mais alegres!”, conclui.
Com informações de Aliança Bike